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Faculdade de Direito da UnB é a quarta melhor e tem nota 5 no Enade

Segundo o último Ranking Universitário Folha, o curso de direito além de levar como base avaliações de ensino e mercado também considera as aprovações no exame da OAB

A Faculdade de Direito da Universidade de Brasília (FD-UnB) é considerada a quarta melhor no Brasil e tem nota máxima no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade). A avaliação dos melhores cursos de direito, diferentemente dos demais, leva em consideração o número de aprovados no Exame da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).

Segundo o último Ranking Universitário Folha (RUF), as instituições que figuram o top três do curso de direito são: Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Fundação Getúlio Vargas (FGV). Confira o top 10:

 

 

Entre os fatores que fazem essas instituições de ensino estarem no ranking são a qualidade de ensino, doutorado e mestrado, avaliação dos docentes e reconhecimento do mercado de trabalho. Contudo, cada uma tem a própria fórmula para oferecerem uma formação de excelência.

Há universidades que optam por metodologias próprias para ativar a participação do aluno, têm renome no mercado de trabalho, As federais focam no tripé ensino, pesquisa e extensão, base fundamental para a vivência universitária.


Curso da UnB tem nota máxima no Enade

O curso de direito da UnB conta com a modalidade noturna e diurna. No resultado do Enade de 2018, os dois cursos, diurno e noturno, obtiveram nota máxima no exame em que os alunos são avaliados a cada três anos.

 

Arquivo pessoal - Daniela Marques de Moraes, vice-diretora da FD-UnB, foi coordenadora de graduação entre 2017 e 2020


A Universidade de Brasília, além de cumprir o currículo do Ministério da Educação (MEC), oferta disciplinas optativas para complementar a formação dos estudantes. Segundo a vice-diretora da FD, Daniela Marques de Moraes, 46 anos, o ponto forte da UnB é o corpo discente de excelência, que se envolve com tudo o que a universidade oferece.

“Eles têm o envolvimento completo no que é obrigatório e no extracurricular. E exercem atividades de gestão entre si”, conta a vice-diretora. “O que faz toda a diferença é a integração ensino, pesquisa e extensão.”

 

Arquivo pessoal - Ronaldo Oliveira está no 9º semestre de direito e é natural de Santa Maria da Vitória (BA)


Um dos projetos de extensão da FD, o Habeas Liber, que promove atividades literárias como arrecadação de livros, saraus e eventos on-line, foi coordenado de 2018 a 2019 por Ronaldo Oliveira, 22. Ele acredita que a vivência na prática proposta pelas atividades de extensão favorecem aos alunos conhecer as desigualdades sociais.

"Na extensão eu relembro todos os dias o porquê sirvo e para quem servirei um dia na sociedade enquanto bacharel", destaca o estudante do 9º semestre. "Contribui muito para nossa formação enquanto indivíduo."

Para Ronaldo, o corpo docente da universidade é extremamente qualificado, desde professores com reconhecimento internacional até os defensores da extensão universitária como promotora de mudanças sociais. “As metodologias de ensino dos professores, sempre ativas e instigantes à prática, formam não só estudantes, mas profissionais aptos aos desafios do cotidiano jurídico”, afirma Ronaldo.

Qualidade da USP se justifica em quatro bases

A USP está no primeiro lugar do ranking, embora ocupe o 7º melhor resultado no exame da OAB, e no Enade, está no 59º lugar.

 

Regis Filho - Floriano Neto, diretor da FD da USP, acredita que a qualidade da universidade está pautada em quatro bases

 

O diretor da faculdade, Floriano de Azevedo Marques Neto, 52, explica que os resultados da OAB refletem na preferência dos universitários em outras carreiras além da advocacia. “O fato de nós sermos a melhor faculdade em todos os rankings e não sermos a que mais aprova (no exame) é indicativo também do fato de que muitos dos nossos estudantes se aplicam para concursos em carreiras públicas”, ressalta Floriano.

A primeira colocação geral se justifica na qualidade dos docentes, que são no mínimo doutores de dedicação exclusiva, o quadro discente que tem alta aceitação no mercado de trabalho, o incentivo à iniciação científica e as frequentes inovações implementadas na USP.

“A USP tem uma capacidade muito grande de se adaptar ao ensino jurídico dos novos tempos com novas disciplinas, novas abordagens, novos métodos que nos fazem estar sintonizados com o que há de mais contemporâneo”, destaca o diretor.

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FGV aposta no protagonismo discente

A Escola de Direito da FGV-SP, além de ter o 3º melhor desempenho geral, tem nota máxima quanto aos professores com dedicação integral e parcial. A escola é a melhor faculdade privada do país, de acordo com o RUF.

 

FGV/Divulgação - Roberto Dias, coordenador do curso de direito da FGV-SP, acredita que o principal ativo da Fundação é o protagonismo dos estudantes


Para Roberto Dias, 51, coordenador do curso de direito da FGV, o sucesso da escola também está voltado para a inovação. Na grade curricular, há disciplinas com foco em direito e tecnologia, além da oferta de poucas matérias por semestre para exigir dedicação integral dos alunos.

“Um dos principais fatores para essa classificação é que temos como questão central do nosso curso a metodologia ativa em que os alunos são protagonistas dessa relação ensino-aprendizagem”, explica. O universitário, então, se prepara previamente para a aula, com leituras e estudos individuais, e chega mais preparado.

A Escola de Direito dá a oportunidade, no meio do curso, para os alunos desenvolverem projetos multidisciplinares. Os estudantes, acompanhados por professores de duas áreas de atuação distintas, trabalham em um trabalho prático que pode abordar diversos temas, desde violência policial até biotecnologia.

 

Arquivo pessoal - Stella Ferreira é estudante do 8º semestre na FGV e deseja se trabalhar na área criminal


A estudante do 8º semestre Stella Ferreira, 21, desenvolveu o projeto “Quem policia a polícia” em conjunto com a turma de 20 alunos. O trabalho teve como objetivo mostrar aspectos como a letalidade policial e assuntos do direito penal. Eles puderam visitar a academia de formação dos policiais em São Paulo (SP).

Atualmente, Stella estagia em um escritório de advocacia e, durante a função, entra em contato com áreas do direito que ainda não estudou. Apesar disso, ela se sente confiante em abraçar o desafio graças à faculdade.

“Isso se deve ao perfil que a FGV visa construir nos alunos. A pessoa não precisa saber necessariamente todas as leis, mas entende um raciocínio por trás disso”, explica a estudante.


Quais as perspectivas para o bacharel em direito

Seja no setor público ou privado existem diversos eixos que os bacharéis podem escolher após a formatura. Stella, que é bolsista integral, deseja trabalhar na área de direito criminal e acredita que a profissão é uma ótima ferramenta para combate às injustiças. Ela tem orgulho de se declarar como uma mulher preta e deseja que, no futuro, outras pessoas possam ocupar o lugar que ela está hoje.

"Quando você ocupa esse espaço é positivo para a gente e para esse espaço. A gente tem poder de mudar isso fazendo algo maior para as gerações que estão vindo”, reforça a estudante.

Para o futuro, o estudante da UnB Ronaldo Oliveira tem como objetivo trabalhar na defensoria pública na cidade onde nasceu, Santa Maria da Vitória (BA). “Escolhi o curso de direito por perceber, desde pequeno, a realidade social em que estava envolvido, na certeza de que poderia lutar, de alguma forma, por mudanças que trouxessem o reconhecimento e a efetividade de direitos básicos para o meu povo”, ressalta Ronaldo.

*Estagiária sob supervisão da editora Ana Sá