Após o Ministério da Educação divulgar nova portaria estabelecendo o retorno das aulas presenciais em instituições federais de ensino superior, a Universidade de Brasília (UnB) avalia que medida adotará. A instituição afirma que tem um plano de retomada, que prevê retorno gradual, escalonado e seguro diante da pandemia da covid-19. No início do mês, o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) decidiu manter as atividades em modo remoto no próximo semestre letivo.
“Os conselheiros farão nova avaliação do cenário epidemiológico na semana de 10 a 16 de janeiro, para verificar a possibilidade de realização de algumas atividades em modo presencial”, diz em nota. A UnB tem cerca de 46 mil alunos, 2,6 mil professores e 2,6 mil servidores técnico-administrativos.
O Instituto Federal de Brasília (IFB) manifestou, por meio de nota, que o “compromisso prioritário nesta pandemia é com a proteção à saúde de seus servidores, estudantes e colaboradores, sem deixar de ofertar educação profissional e tecnológica em seus dez câmpus”. Para o instituto, a portaria segue “desconectada com o grave momento sanitário que o mundo e o Brasil vivenciam”.
Na atualização da Portaria nº 1.030, de 1º de dezembro, assinada esta semana pelo ministro Milton Ribeiro, o MEC ressalta que as aulas poderão ser feitas integralmente com recursos tecnológicos caso exista suspensão das atividades letivas presenciais por determinação das autoridades locais ou no caso de as condições sanitárias locais trazerem riscos. A orientação, agora, é para que o retorno presencial ocorra em 1º de março. Antes, a pasta estabelecia que a volta deveria ocorrer em 4 de fevereiro.
O presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Iago Montalvão, por sua vez, lembra que o fato de adiar o retorno para março não muda o cenário de incertezas nem traz segurança para os estudantes, professores e funcionários. “Falta a apresentação de um plano de investimentos e de retomada para a volta às aulas presenciais”, disse. “Cobraremos diálogo do MEC com os estudantes para formular propostas e medidas para o retorno seguro às aulas e também medidas para reparar as desigualdades e os impactos causados pela pandemia”, completa.
A diretora da Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (ADUnB), Eliene Novaes, destaca que a posição da entidade é contrária a qualquer retorno das atividades presenciais sem que haja vacina ou imunidade dos estudantes, professores e técnicos. “Não há condição de retorno sem as condições de proteção à vida.”
Já o presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Edward Madureira, afirma que a portaria traz flexibilidade. “O retorno às atividades presenciais será definido a partir das condições epidemiológicas de cada localidade. Dessa forma, como a Portaria nº 1.038 não obriga esse retorno presencial, cada universidade ajustará o seu calendário de acordo com essas condições.”
Rivânia Moura, presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), destaca a defesa da entidade pela preservação da vida. “Decidimos, nas nossas instâncias deliberativas, que o retorno presencial será somente com segurança”, ressalta.
O coordenador geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UnB, Victor Carvalho, ressalta que a entidade considera necessário existirem condições de segurança para que se debata o retorno. Portanto, enxergam com preocupação a atualização na portaria. “Infelizmente a realidade hoje é bastante imprevisível”, reflete o estudante do 5° semestre de direito.
A estudante do 10° semestre de psicologia da UnB, Tanize Viçosa, discorda da definição do MEC em face da situação da pandemia. “Não há diálogo com esse governo, o interesse da população é completamente descartado e anulado”, rechaça. Ela ressalta que ainda não estaria segura para uma volta presencial, somente após a vacinação.
*Estagiário sob a supervisão de Ana Sá