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Responsabilidade social da educação superior particular na pandemia

Por Celso Niskier*
A responsabilidade social faz parte do cerne da constituição das instituições de ensino superior (IES). Propósito que passa pela formação integral dos futuros profissionais e pela construção de conhecimentos que promovam um mundo melhor e o bem-estar da sociedade. No contexto pandêmico que vivemos, o papel social das IES se tornou ainda mais relevante.


Enquanto muitas salas de aula ainda estão fechadas em razão da pandemia do novo coronavírus, as faculdades, centros universitários e universidades particulares têm tido participação ativa – fisicamente e on-line – no apoio e na promoção de soluções em prol das comunidades locais. Na área da saúde, mantêm a população informada sobre a prevenção e os cuidados sanitários, auxilia nas pesquisas, no diagnóstico e no monitoramento de casos da Covid-19.

Também oferecem atendimentos psicológicos, rodas de conversa e palestras relacionadas à saúde mental. Ainda no início da pandemia, uniram esforços para arrecadar e distribuir cestas de alimentos, identificaram os alunos mais necessitados, ofertaram chips de acesso à internet (ou planos subsidiados), doaram equipamentos para que eles continuassem assistindo às aulas remotas e tantas outras ações foram realizadas.


No mundo pós-pandemia, a colaboração e o suporte oferecidos pelas ações cidadãs promovidas continuarão sendo representativas para a reconstrução econômica, criando soluções viáveis e inovadoras, em especial, nas comunidades com menores condições socioeconômicas. Por isso, centenas de cursos online de capacitação tiveram acesso liberado gratuitamente. Afinal, é função do setor educacional promover a inclusão social, a transformação de vidas e apoiar o poder público onde ele é mais carente.


Atualmente, o setor privado de educação superior mobiliza mais de 6 milhões de estudantes e, com eles, um grande potencial de colaboração e transformação social. Trata-se de um compromisso que ressalta às IES a preocupação com as pessoas que compõem a comunidade acadêmica, as sociedades local e global, o meio ambiente e o mercado de trabalho, sob as perspectivas ética, econômica, cultural e política. As IES são responsáveis pela formação de cerca de 70% dos professores em todos os cantos do Brasil, profissionais que se tornaram verdadeiros heróis, garantindo com que as aulas continuassem a partir de suas casas enquanto as escolas permaneceram fechadas.


Esse envolvimento se tornará ainda mais intenso a curto prazo. Se hoje as ações voltadas para a responsabilidade social fazem parte do rol de dimensões de avaliação institucional do Ministério da Educação, a partir do final do próximo ano passa a vigorar a resolução que determina às IES direcionar 10% da carga horária total de cada curso aos projetos de extensão. Cientes da responsabilidade social intrínseca à missão de educar e motivadas pela possibilidade de formar não apenas profissionais, mas cidadãos conscientes do seu papel na construção de uma nação menos desigual, as instituições de todo o Brasil empenham cada vez mais esforços para fazer a diferença.


Setembro é tradicionalmente o mês da Responsabilidade Social para a Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES). A entidade promove, desde 2005, uma campanha incentivando as faculdades, centros universitários e universidades – associados ou não – a intensificarem e darem ainda mais visibilidade aos projetos sociais que promovem ao longo do ano em todo o território nacional. A partir da comprovação de suas ações, as IES recebem da ABMES o “Selo de Responsabilidade Social” atestando o compromisso com o bem-estar social da comunidade e com seu desenvolvimento sustentável.


Ao longo dos 15 anos de história, a Campanha de Responsabilidade Social do Ensino Superior Particular soma mais de 16 milhões de atendimentos em diversas áreas, como atividades esportivas, de conscientização ambiental, consultoria jurídica, orientação profissional, assistência à saúde, serviços de estética, atividades culturais, oficinas pedagógicas, de informática, entre tantas outras. A cada ano, em média, 800 IES participam do chamado da ABMES e fazem com que a campanha seja consolidada como a principal atividade do setor de educação superior voltada para as comunidades nas quais as instituições estão integradas.


*Celso Niskier é secretário executivo do Fórum das Entidades Representativas do Ensino Superior Particular e diretor presidente da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES).