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MUNDO GAMER

Estudante do IFB organiza evento on-line de jogos eletrônicos

Play Estudantil acompanha a crescente do cenário gamer no Brasil e ocorrerá entre 5 e 11 de outubro com palestras e competições de LOL

O público gamer no Brasil já ultrapassa os 67 milhões de usuários, segundo pesquisa encomendada pela Brasil Game Show (BGS) ao Instituto Datafolha. BGS, BIG Festival e Campus Party são alguns dos festivais que ocorrem no país todos os anos e reúnem milhares de pessoas. Mas, devido à pandemia, o setor de games teve que se adaptar à nova realidade do isolamento social. Muitos eventos foram adiados ou reinventados para um modelo virtual, realidade já existente para muitas competições do mundo gamer. Por isso, entre 5 e 11 de outubro, Brasília ganhará uma programação totalmente on-line voltada para esse público organizada por um estudante do Instituto Federal de Brasília (IFB).


Gabriel Herédia, 21 anos, começou a organizar eventos em 2012, com festas juninas de família até formaturas internas do próprio instituto. Planejar um evento virtual foi um novo desafio para ele, pois teve que aprender a lidar com situações atípicas. “Acho que a maior dificuldade de produzir um evento durante a pandemia é saber a quantidade de público do evento. Mesmo com inscrições, é difícil prever quantos estarão ou não presentes na hora ‘H’, e isso dificulta para conseguir patrocinadores”, comenta o estudante do quarto semestre do curso técnico em eventos do IFB.


Além disso, um evento virtual traz muitos benefícios como o baixo custo, a possibilidade de economizar com o deslocamento e até mesmo a gratuidade, como é o caso do Play Estudantil. Portanto, as pessoas de qualquer lugar do país podem participar e só precisam de uma conexão à internet. “Poder fazer as coisas de casa poupa dinheiro, não precisamos pagar passagem, hospedagem e transporte de convidados. Também não precisamos nos preocupar com como o público chegará ao nosso evento, pois todos ficarão em casa”, explica Gabriel. “A tendência para os eventos on-line e híbridos é de crescer cada vez mais, e a pandemia nos mostrou a força que eles têm.”

Aperte o Play

O Play Estudantil tem como público-alvo jovens universitários fanáticos por jogos eletrônicos. Mas, não é voltado só para aqueles que jogam como também os que enxergam nos games uma oportunidade de crescer no mercado. Gabriel Herédia explica que o propósito do evento é trazer novas possibilidades para as pessoas. “A ideia do Play surgiu do fato de vermos que o mercado de games e-Sports (esportes eletrônicos) no mundo é um dos que mais cresce e, mesmo assim, muitas pessoas só viam uma oportunidade nele: ser jogador. Então quisemos juntar uma equipe de grandes nomes do mercado de e-Sports para mostrar para o público que existem inúmeras outras oportunidades”, conta o estudante.


Entre as possibilidades para a área estão as carreiras de produtor, narrador, treinador, dono de um time ou até psicólogo focado, por exemplo. O Play Estudantil contará com palestras e competições de games. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas no site do evento. Contudo, para participação no campeonato de League of Legends (LOL), que ocorrerá entre 3 e 11 de outubro aos fins de semana, é preciso pagar uma taxa de R$ 50 por equipe destinada à premiação e aos custos do Play Estudantil.


As transmissões das palestras e dos jogos serão, respectivamente, pelo canal do YouTube da instituição parceira, o UniCeub, e pela Twitch, com a cobertura da competição de LOL. Dentre os convidados, estão Moacyr Alves, diretor de parcerias da Arcadia Group, Marina Leite, CEO da PRG e-Sports, e Leo de Biase, co-fundador da BBL.


Jovem prodígio da produção

A oportunidade de organizar o Play Estudantil surgiu para Gabriel por meio da Labric, uma holding de economia criativa voltada para entretenimento geek, na qual ele é diretor de eventos. Ele recebeu o convite para integrar a equipe da empresa em junho deste ano por meio da indicação de uma amiga que estudou no IFB. “Ela estava sozinha e precisando de ajuda. Topei na hora, pois eu sempre adorei eventos geek e nunca tinha tido a oportunidade de executá-los”, conta Gabriel.


Durante o planejamento do projeto com a equipe, o diretor da Labric teve outro desafio: tirar do papel a ideia de um evento totalmente presencial e transformar em virtual. “Esse evento veio para mim, e eu me apaixonei pela ideia na primeira apresentação dele. Mas eles ainda não tinham ideia de como iriam fazer, pois o projeto original era para ser um evento presencial”, relata o diretor de eventos da Labric. “O home office dificultou um pouco, mas pegamos o jeito.”


Mercado pouco valorizado

Para Gabriel Herédia, um dos principais fatores que possibilitou que ele organizasse o evento foi o curso do IFB. Ele já tira aprendizados dessa experiência, principalmente na falta de valorização do produtor de eventos, função ainda mais agravada devido à pandemia. “Infelizmente, o mercado de eventos ainda conta muito com amadores e pouco com pessoas que estudaram realmente. Acho que os Institutos Federais em geral estão finalmente trazendo essa profissionalização, não só em eventos, mas em outras áreas ‘desvalorizadas’”, explica o estudante. “O mercado ainda tem muito para aprender e crescer.”

Arquivo pessoal - Anderson de Souza é fanático por games e já participou da organização de alguns eventos

E os fanáticos por games comemoram, pois Brasília não é palco frequente de eventos desse nicho. Anderson de Souza, 21, ex-aluno do curso técnico de eventos do IFB, afirma que eventos como o Play Estudantil reforçam e dão mais visibilidade ao mundo gamer. “Esses eventos exploram a cultura nerd e a importância deles em si seria espalhar mais essa cultura, unir e divertir a todos”, ressalta o ex-estudante que teve que interromper os estudos para se dedicar ao trabalho. “Não é um tipo de evento comum em Brasília, e gostaria que tivesse muitos outros como esse aqui.”


Tudo começa com um videogame

João Campello - Gabriel Herédia é estudante do quarto semestre do curso técnico em eventos do IFB

O organizador Gabriel Herédia sempre gostou de videogames desde pequeno, por influência do irmão, mas nunca cogitou levar os games como profissão. “Eu sempre ouvi discursos de que aquilo não me daria futuro. Então, eu mesmo só tive um videogame na vida, que meu irmão me deu”, explica o estudante do IFB.


Por isso, a maioria dos amantes levam a questão como hobby. Seja para se divertir sozinho ou até mesmo com amigos. Anderson de Souza, por exemplo, nunca gostou de esportes e se encontrou nos jogos. Na vida real, os amigos o chamam pelo apelido “Andy”, mas no mundo virtual, ele é conhecido por Tumnus, nome de um dos personagens da série de livros As Crônicas de Nárnia de CS Lewis. Para ele, o mais importante que esse mundo oferece é a possibilidade “encontrar alguém que nos entenda, encontrar amigos e pessoas com que nós possamos nos relacionar”.


*Estagiária sob supervisão de Ana Sá