Subiu de 46 para 52 o número de instituições de ensino superior brasileiras incluídas no ranking mundial de universidades de 2021 do Times Higher Education (THE). A mais bem colocada nacionalmente foi a Universidade de São Paulo (USP), classificada entre as 201 e as 250 melhores do mundo. Em seguida, está a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no intervalo entre o 401º e o 500º lugar. Ambas melhoraram entre uma edição e outra do ranking.
Na de 2020, a USP estava 50 posições abaixo, entre as 251 e 300 melhores; enquanto a Unicamp estava na faixa entre a 501ª e a 600ª colocação. Seis universidades brasileiras ficaram empatadas no terceiro lugar nacional (entre a 601ª e a 800ª classifica global): as federais de Minas Gerais (UFMG), do Rio Grande do Sul (UFRGS), de Santa Catarina (UFSC), de São Paulo (Unifesp) e de Sergipe (UFS) e a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).
A Universidade de Brasília (UnB) é a próxima da lista, dividindo o nono lugar nacional (e o intervalo entre a 801ª e a 1.000ª posição global) com outras quatro instituições: a Universidade Federal de Pelotas (UFPel), a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e a Universidade Estadual Paulista (Unesp). Todas as instituições brasileiras que aparecem depois disso estão abaixo da 1.001ª posição global.
Evolução da UnB
Na comparação nacional, a UnB caiu uma posição entre os rankings de 2020 e 2021, já que ano passado tinha ficado empatada com outras instituições na 8ª colocação. No entanto, a Universidade de Brasília melhorou em todos os indicadores avaliados pelo ranking mundial, que incluem ensino, pesquisa, citações, resultados da indústria e perspectiva internacional. No cenário global, a UnB aparece na mesma faixa que estava nos rankings de 2020, 2019 e 2018: entre a 801ª e a 1.000ª posição. O melhor desempenho da UnB foi em 2016, quando apareceu entre a 601ª e a 800ª colocação.
Denise Imbroisi, decana de Planejamento, Orçamento e Avaliação Institucional da UnB, observa que a queda de uma posição da UnB não configura piora, até porque, no ano passado, havia 46 instituições brasileiras no ranking e, agora, há 52. Ela comemora o resultado. “Eu fico muito feliz, a UnB fez bonito. Estou muito satisfeita com a melhora da Universidade de Brasília”, celebra.
A evolução mais substancial da UnB nos indicadores foi no parâmetro renda com a indústria. Denise observa que a Universidade de Brasília conta com uma comissão própria para rankings, integrada por diversos decanatos, desde 2018. Graças ao trabalho do grupo, foi possível fazer uma coleta de informações mais robusta e melhorar a adequação dos resultados da UnB aos padrões do ranking THE.
“Cada ranking define o que é cada um dos indicadores. Muitas definições são adequadas para o país onde o ranking nasce, mas são um pouco restritivas para universidades públicas brasileiras”, afirma. Após extensa análise, a comissão percebeu que o parâmetro renda com a indústria não era exclusivo ao que diz respeito a fábricas, podendo abarcar parcerias com o setor produtivo em geral.
“Essa interpretação literal era prejudicial. Agora, conseguimos traduzir toda a renda que a UnB tem com projetos relacionados ao setor produtivo nos números”, esclarece. A universidade teve melhoria substancial no quesito citações. Segundo Denise, isso é fruto de uma série de editais feitos para ajudar pesquisadores da instituição a publicarem internacionalmente. A publicação de artigos em revistas científicas internacionais de renome costuma ser paga. “Se a gente não tem financiamento, o docente tem que tirar do próprio salário”, diz a decana.
A universidade também melhorou a participação em congressos nacionais e internacionais por meio de editais. Isso ajuda a entrar em redes e fazer a instituição ser mais citada, contribuindo para os parâmetros citações e reconhecimento internacional. Esse último “tem a ver com quanto o mundo conhece a instituição”, como explica Denise. “Desde 2018, a UnB tem uma política de internacionalização. A gente fortalece o número de contatos e de possibilidade de atuação conjunta com pesquisadores internacionais, trazendo visibilidade para a universidade”, afirma a professora.
A instituição também tem aumentado a quantidade de acordos internacionais, que ajudam a trazer reconhecimento fora do país. “A gente investe, sabendo que os recursos estão muito escassos, em ações que visam a internacionalização e teve melhora em citações, pesquisa e reconhecimento internacional. Fico muito satisfeita”, analisa. O avanço da UnB nos parâmetros pesquisa e ensino, apesar de mais tímidos, também valem muito.
“Isso é muito significativo de um ano para o outro. O aumento é de quase 3,5% em ensino”, aponta Denise. A comissão focada em rankings busca avaliar como cada ação, como o investimento em editais, influenciará o resultado em comparações internacionais. “Se a gente não olhar com lupa cada indicador e acompanhar a evolução, a gente fica para trás. Isso também serve para avaliar nossas políticas institucionais”, diz.
Sobre o ranking
A 17ª edição do ranking mundial THE comparou 1.527 universidades de 93 países - em 2020, 1.397 instituições se qualificaram para entrar na lista. Os indicadores referentes a citações e reconhecimento internacional são os únicos não fornecidos pelas próprias instituições. Os demais (ensino, pesquisa e renda com a indústria) são informados pelas universidades. A classificação deste ano analisou mais de 86 milhões de citações em mais de 13,6 milhões de publicações de pesquisa e incluiu respostas de pesquisas de 22 mil acadêmicos em todo o mundo.
A 17ª edição do ranking tem um recorde de 18 países entre os 100 melhores e 93 representados no geral, demonstrando que a competição geopolítica na economia global do conhecimento está se intensificando.
O topo da pirâmide
A Universidade de Oxford, do Reino Unido, manteve a primeira posição no ranking pelo quinto ano consecutivo. Em segundo lugar, ficou a Universidade Stanford. Em terceiro, aparece a Universidade Harvard. Os ventos no topo do ranking, porém, têm mudado de direção. Apesar do histórico de sucesso de Oxford, no geral, o status do Reino Unido como uma superpotência do ensino superior é colocado em xeque, à medida que as instituições da Ásia se destacam mundialmente. Das 20 instituições mais bem classificadas do Reino Unido no ano passado, apenas cinco conseguiram melhorar sua posição na tabela.
Enquanto os Estados Unidos e o Reino Unido dominam as 10 primeiras colocações, com os EUA emplacando oito universidades no top 10, e outras universidades ocidentais continuam a controlar o topo do ranking, a China Continental entrou no top 20. A Universidade de Tsinghua se tornou a primeira instituição asiática a reivindicar uma posição nessa porção de elite do ranking desde 2011, quando a metodologia atual do estudo foi lançada.
Ventos do leste
“Observamos a ascensão da Ásia no ranking mundial há vários anos, mas este ano é um marco importante, pois a Universidade Tsinghua da China continental interrompe o domínio tradicional das universidades ocidentais no topo da tabela, entrando entre as 20 primeiras colocadas pela primeira vez, ao passo que a China continental duplica sua representação entre os 100 primeiros”, comentou Phil Baty, Diretor de Conhecimento da THE.
A Índia teve número recorde de universidades classificadas (63). Os EUA (59) é o país ou região mais representado entre os 200 principais, seguido pelo Reino Unido (29) e pela Alemanha (21). Em outras regiões ocidentais, a consultoria THE avalia que os sistemas de ensino superior mostram sinais de declínio. A Europa teve um número considerado baixo de universidades entre as 200 melhores do mundo.
Assim como a Inglaterra, o domínio dos EUA está sob a ameaça asiática. As universidades estadunidenses continuam a ter um bom desempenho na extremidade superior do ranking. No entanto, 50% das 20 universidades com melhor desempenho nos EUA na classificação do ano passado não conseguiram manter suas posições. Nos últimos cinco anos, os EUA perderam quatro posições entre os 200 primeiros colocados (passando de 63 em 2016 para 59 em 2021) à medida que aumenta a competição pelos primeiros lugares.
Desde 2016, a China conquistou cinco lugares adicionais entre os 200 primeiros (passando de dois em 2016 para sete em 2021). Também duplicou a representação no top 100 desde o ano passado, com três instituições a mais (seis no total). Das sete universidades que alcançaram um lugar nas 200 melhores em 2020, 85% melhoraram de posição em 2021, enquanto a China continental continua a desafiar os melhores do mundo.
No total, há 16 universidades asiáticas entre as 100 melhores, o maior total da Ásia desde o início da classificação. A Universidade Fudan da China Continental (70º), a Universidade de Zhejiang (94º), a Universidade Shanghai Jiao Tong (100º) e o Instituto Avançado de Ciência e Tecnologia da Coreia do Sul (KAIST) (96º) entram no grupo de elite. Dessas 16 instituições, 13 melhoraram ou mantiveram sua posição desde o ano passado, demonstrando a crescente competição da Ásia para superar os sistemas de ensino superior ocidentais.
As universidades e a pandemia
O impacto da covid-19 deve se mostrar na próxima edição do ranking, e já há receio de que se perca muito em número de estudantes internacionais e no fluxo global de talentos acadêmicos. “Se isso acontecer, poderemos ver o declínio ocidental acelerar à medida que instituições de outras partes do mundo se beneficiam de manter suas mentes mais brilhantes nas universidades locais. Isso poderia marcar o início de um reequilíbrio dramático da economia global do conhecimento”, avalia a consultoria THE.
Confira o ranking completo no link.