A estudante Marina Monteiro, de 17 anos, natural de Jaicós, no Piauí, acertou todas as questões de matemática do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e tirou nota máxima: 958,6. Apesar de ter gabaritado a área do conhecimento, a jovem não tirou 1.000 porque a pontuação da prova é calculada com base nos resultados de todos os candidatos, por meio do sistema de Teoria de Resposta ao Item (TRI).
Ao Correio, Marina contou que se preparou para o Enem resolvendo provas anteriores do exame e de outros vestibulares. "Eu fico muito feliz de ter acertado todas as questões de matemática do Enem. Essa prova foi difícil e cansativa, mas o meu desempenho conseguiu recompensar os sacrifícios que tive. Eu espero que consiga motivar mais garotas a explorarem novas áreas de conhecimento e que consiga desmistificar preconceitos quanto à nossa capacidade", afirma.
A jovem sonha em cursar medicina na Universidade de São Paulo (USP) ou na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). "Já fui aprovada em 2º lugar na Universidade Estadual do Ceará com 16 anos, mas não tinha concluído o ensino médio ainda. Agora, espero que as minhas notas consigam me fazer adentrar no ensino superior público", relata a estudante.
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Marina concluiu o ensino médio ano passado, aos 17 anos, no Colégio CEV, em Teresina. Durante o ensino fundamental, a estudante lembra que percorria 100 quilômetros por dia, porque os pais moram no município de Jaicós e ela foi estudar em Picos, no interior do Piauí. "Esse processo foi muito exaustivo. Eu, com 10 e 11 anos, precisava acordar bem cedo (5h) e chegava tarde (14h), pois ia de van. Eu perdia tempo de estudos nesse transporte. Meus pais notaram que isso não era o ideal e não mediram esforços para tentar me mudar para Teresina. Lá, com 12 anos, comecei a morar sozinha, mas tive acesso a uma educação melhor e não precisava mais gastar tanto tempo no transporte", diz.
Para ela, os pais foram essenciais na jornada em busca de uma vaga no ensino superior. "Eles me incentivaram a estudar e fazer vestibulares. Eles me encorajaram, sempre acreditando no meu potencial. Meu pai procurava os vestibulares, fazia as inscrições para mim e imprimia as provas anteriores. A minha mãe ia comigo nas viagens e buscava com antecedência as passagens", destacou a estudante.
Constância é a chave
Marina ressalta que o Enem é como uma prova de resistência, e como tal exige que o estudante tenha constância. "A prova foi cansativa por conta da quantidade de questões, dos textos longos. Além disso, o Enem requer muita atenção, porque pequenos detalhes podem te fazer errar uma questão. Fora isso, a prova tem uma matriz de habilidades e competências abrangente, então diversos conteúdos podem der cobrados, do mais básico ao mais complexo", cita.
"Tente dominar o básico de todos os conteúdos. O Enem é uma prova bem abrangente e exaustiva. Então, você tem que saber de tudo um pouco. Saiba ter a cabeça fria, pois você terá dificuldade em algumas matérias e isso é normal, mas você tem que continuar se esforçando", emenda a estudante.
Marina também obteve bom desempenho nas outras áreas cobradas no Enem. Na redação, a jovem tirou 980 pontos. Somando a nota das cinco áreas e dividindo por cinco, a estudante conquistou uma média simples de 823,9.
Segundo Marina, a carga de estudos dela aumentou no terceiro ano do ensino médio, mas sempre estudou todos os dias da semana. "Durante o terceiro ano, estudava na escola das 7h até 13h30. Depois, às 15 horas, resolvia questões até às 19 horas. De noite, eu lia obras de vestibulares, como as da Unicamp", conta.
Os resultados do Enem foram divulgados na terça-feira (16/1). Portanto, as notas do exame já estão disponíveis para consulta na Página do Participante.
Outros alunos também tiraram nota máxima em matemática no Enem, nos estados do Piauí, Pernambuco, Ceará, São Paulo, Minas Gerais e no Distrito Federal. O Correio tenta contato com o Inep para saber o número exato de estudantes que gabaritaram a área do conhecimento.