O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) se aproxima e milhões de estudantes de todo o país intensificam os estudos para conseguirem a oportunidade de ingressar em um curso superior. É preciso estar afinado com os conteúdos exigidos na prova, mas a saúde mental também é fundamental para obter bons resultados. Segundo a psicóloga Natália Reis Morandi, da rede de hospitais São Camilo, de São Paulo, momentos de descanso, boa alimentação, prática de hobbies, exercícios físicos e bons momentos com amigos e familiares também fazem parte da preparação para o Enem.
- Enem 2023: assista ao aulão preparatório na íntegra
- Receita para uma redação nota 1.000 no Enem
- O que comer no dia da prova do Enem? Nutricionista dá dicas
"Todas essas ações auxiliam o candidato a manter-se disposto, motivado de forma mais equilibrada, além de recarregar as energias para se concentrar nos estudos de maneira produtiva, favorecer um bom desempenho na prova e melhorar a qualidade de vida de modo geral", explica. Lembrar-se de todo o esforço já feito ao longo do processo de preparação pode fazer o candidato se sentir empoderado para enfrentar o desafio. Em alguns casos, começar acompanhamento com profissionais especializados em saúde mental, como psicólogos e psiquiatras, pode contribuir para o bem-estar do estudante.
O nervosismo e a ansiedade costumam ser os maiores inimigos na hora de responder às questões. O candidato precisa aprender a reconhecer que pode estar se sentido mais ansioso ou estressado, atentando-se a sintomas como sudorese, boca seca, taquicardia e pensamento acelerado, o que desencadeia angústias e ansiedades. "Nessas situações, procure respirar profundamente e pausadamente (faça a respiração diafragmática), acalme-se e reforce que cada um tem um tempo e uma forma de performar ao realizar a prova, não devemos tentar deduzir como os outros candidatos estão se saindo", aconselha. "Começar pelas questões mais fáceis pode ser uma boa saída", aponta a especialista.
A terapeuta também sugere manter um bom relacionamento e diálogos francos e constantes com a família. "Expresse suas preocupações, angústias, sentimentos, desejos e expectativas pessoais de forma respeitosa e calma. Invista no seu autoconhecimento, procure acompanhamento psicológico, compreenda e diferencie o que é seu do que é do outro, ao nos fortalecermos emocionalmente, desenvolvemos recursos emocionais que auxiliam no manejo de tais pressões e damos relevância às questões pessoais e individuais em detrimento às projeções de terceiros", aconselha.
Suporte
Paula Cavalcante é coordenadora de Convivência Ética e Projeto de Vida do Colégio Sigma. Ela conta que a instituição tenta conscientizar os estudantes de que precisam estar bem emocionalmente para obter bons resultados nas provas. "A saúde mental começa em casa, nas relações familiares, com sono regular, boa alimentação. O segundo contato mais importante já é na escola", analisa a especialista em relações interpessoais.
A coordenadora conta que os professores da escola recebem capacitação para agirem quando percebem que o aluno precisa de ajuda. "Ajudamos também no momento de elaborar os horários de estudos, nas escolhas e nas demais orientações. Além disso, proporcionamos espaço de fala e escuta sem julgamentos, para que eles possam se expressar, e de atividades físicas", detalha.
Paula alerta que se o estudante passa a sentir algo que atrapalha na rotina de sono, alimentação, estudos, é hora de pedir ajuda. Ela conta que a meditação é um método que tem feito sucesso entre os alunos. "Começou a ser feita antes das provas finais, mas muitos aderiram à prática no dia a dia."
Cuidado
A estudante do terceiro ano do ensino médio no Sigma Anna Júlia Cabral Morais, 17, quer uma vaga em ciência política ou em direito, na Universidade de Brasília (UnB). "Direito é concorrido e a nota de corte é alta. Querendo ou não, isso deixa a gente nervosa", diz a adolescente.
Apesar de reconhecer que está ansiosa, ela conta que o problema não a tem debilitado para tocar as atividades de rotina. A escola na qual estuda foi a primeira colocada nos vestibulares em 2022, o que deixa os familiares com as expectativas altíssimas e causa um certo medo de não correspondê-las. "Tenho valorizado o descanso tanto quanto o estudo. Se você deixar de fazer as coisas que gosta totalmente, você explode. Tenho deixado pelo menos um dia livre da semana para abstrair dos estudos", confessa a estudante.
Beatriz Carneiro, 17, garante que a pressão dos familiares não a preocupa muito, mas a autocobrança tem tirado o sono da jovem. Para superar os problemas, Beatriz tem frequentado terapia e praticado muay thai "para liberar a ansiedade". Como no caso dos demais colegas, a pandemia atingiu em cheio o início do ciclo do ensino médio, quando as aulas ainda eram a distância.
"Depois da pandemia, desenvolvi uma ansiedade social muito forte. Foi um problema vir para a escola. Na época, eu tinha medo de gente. Qualquer ambiente com mais de três pessoas já me deixava paranoica. Ter que lidar diretamente com as pessoas era difícil", relata.
A autocobrança também é um desafio para Gisele Boari, 17, que quer uma vaga em medicina. Além de cuidar da alimentação, ela costuma relaxar com um dos seus hobbies preferidos: tocar guitarra. "Tanto a passagem para o ensino médio quanto a mudança da unidade onde eu estudava antes me deixaram uma pessoa mais retraída, muito embora me considere sociável. Isso acabou afetando meu aprendizado, à época do primeiro ano", relembra. Por algum tempo, a adolescente também recorreu a uma psicóloga para lidar com a situação. Hoje, afirma que nunca deixa de fazer o que gosta.
Provas
1º domingo (5/11)
Linguagens, códigos e suas tecnologias; redação, ciências humanas e suas tecnologias, língua estrangeira
2º domingo (12/11)
Ciências da natureza e matemática