Faltam 50 dias para a aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), prova de admissão em diversas instituições de ensino superior públicas e privadas de todo o país. Para boa parte dos candidatos, o exame é o momento decisivo que pode garantir a tão sonhada vaga em um curso de graduação em alguma das principais universidades do Brasil. Com a proximidade da prova, escolas, educadores e estudantes intensificam os esforços nas preparações para o grande dia.
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Juliana Gaspar Alan e Silva, professora de química do Colégio Sigma, acompanha de perto a rotina de estudos dos alunos. A principal dica da educadora nesses últimos dias antes da prova é o foco nos exercícios, além da revisão dos conteúdos mais relevantes e dos cuidados com as saúdes física e mental. "O emocional afeta muito, e vários alunos vão fazer a prova pela primeira vez. Mesmo com o apoio dos pais, eles acabam se cobrando bastante, também", observa a professora.
O exame será aplicado nos dias 5 e 12 de novembro. No primeiro dia, o candidato tem 5 horas e 30 minutos para resolver 90 questões nas áreas de linguagens e ciências humanas e elaborar uma redação dissertativo-argumentativa. No dia 12, tem mais 90 questões, nas áreas de matemática e ciências da natureza, dentro de 5 horas. "É uma prova extensa e exaustiva e tem muitos distratores, as chamadas pegadinhas", alerta Juliana.
A prova avalia o conhecimento de conteúdos dos candidatos, mas o emocional é outro fator de importância na preparação. É preciso controlar o nervosismo. "A forma que tenho de acalmar o aluno é mostrar o potencial que ele possui. Mostrar o tanto que já evoluiu, que precisa acreditar nele e ver de maneira positiva as conquistas que teve", revela a educadora. Juliana também faz o trabalho de mentoria para os alunos do terceiro ano do ensino médio. "Ajudo na elaboração de cronogramas de estudos e propostas de aumento de performances na resolução das questões. Converso com eles, ainda, sobre carreiras e notas", explica. Ela é coordenadora do cursinho preparatório para o Enem oferecido aos alunos da instituição.
Preparação
João Victor Milhomem de Araújo, 17 anos, diz ter uma rotina rígida de estudos durante a semana, mas conta que não se priva de descansar aos finais de semana. Às segundas, terças e quintas, ele frequenta o cursinho preparatório que o Sigma oferece no contraturno para os estudantes do 3º ano. A biblioteca da escola é o destino das quartas-feiras, momento em que aproveita para revisar conteúdos.
As maiores dificuldades do estudante, que ainda está decidindo se vai fazer engenharia ou audiovisual, ambos na Universidade de Brasília (UnB), são literatura e biologia, disciplinas às quais tem se dedicado com maior enfoque. "Estou confiante. Minhas notas de redação têm melhorado muito. Já conheço a prova, fiz ano passado como treineiro, e fui bem", conta o jovem.
A medicina veterinária é um sonho de infância de Maria Clara da Silva Vieira, 17, que também não descarta a possibilidade de cursar biologia. Diferentemente de João Victor, ela não poupa os finais de semana, tempo que aproveita para revisar conteúdos. A rotina ao longo da semana inclui as aulas do cursinho, treinamento com provas do Enem de anos anteriores e a elaboração de uma a três redações por semana.
"Estou nervosa porque agora a banca é do Cebraspe. Acredito que serão cobrados conteúdos que não caíram em provas passadas. A redação também deve ter uma pegada mais subjetiva este ano", conjectura a adolescente. As maiores dificuldades de Maria Clara são matemática e física. E não tem outra solução além de treinar, resolvendo questões de provas passadas.
O interesse de Lucas Mello Matos, 17 anos, é pela química. "Todo mundo usa a química para viver, seja cozinhando ou dirigindo para o trabalho", constata o jovem. Veterinária também é uma opção, na UnB, Universidade de São Paulo (USP) ou na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). "Fazemos muitos simulados e para minha surpresa, meu desempenho tem melhorado muito, inclusive em áreas que tenho tanto domínio, como línguas", confessa.
Pelo menos uma vez por semana o aluno elabora uma redação, que entrega para os monitores avaliarem e indicarem onde ele tem que melhorar. "Frequento as aulas normais, vou ao cursinho e quando chego em casa, dou uma revisada no que vi no dia", detalha.
"Bem maior"
O objetivo de Giovana Mara Fonseca Valente, 17 anos, é mais difícil. Ela quer fazer medicina na Universidade Federal do Tocantins (UFT). "Levo uma rotina muito corrida e pesada. A gente chega aqui na escola às 7h da manhã e saímos só às 19h. Cansativo, mas é para um bem maior", avalia Giovana, que diz que sempre teve vontade de cuidar de pessoas. "Saber o que fazer quando alguém está precisando é muito gratificante", reflete a estudante.
A maior dificuldade da futura médica é a matemática, que acaba recebendo um foco maior da adolescente a fim de superar essa fraqueza. Ela costuma estudar de segunda a sábado e reserva o domingo para o descanso.
No caso de Ana Clara Lopes Bandeira, aluna de 17 anos, a escolha pelo direito é justificada pelo fato de gostar de falar e lidar com pessoas. "A rotina está puxada, porque eu também cuido do meu irmãozinho de 1 ano. Venho para o cursinho e estudo em casa, além das aulas normais pela manhã", conta. A dificuldade com matemática é enfrentada com o cursinho preparatório e com os plantões com os professores, que ajudam a tirar dúvidas e corrigir questões. Ana Clara pretende fazer a graduação na UnB ou no IDP.
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