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Prazo de inscrição para o Enem 2023 se encerra nesta sexta-feira (16)

Especialista avalia que, na última década, desinteresse pela inscrição no exame foi mais acentuada entre os grupos de egressos do ensino médio dos anos anteriores e nos treineiros

Eu Estudante
postado em 16/06/2023 14:43
. -  (crédito: Nguyen Dang Hoang Nhu/Unsplash)
. - (crédito: Nguyen Dang Hoang Nhu/Unsplash)

 

Termina nesta sexta-feira (16) o prazo de inscrição para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2023. O certame será aplicado nos dias 5 e 12 de novembro. Interessados em participar podem fazer o cadastro na Página do Participante. A taxa de inscrição é R$ 85 e deve ser paga até 21 de junho. O edital com o cronograma e as regras para a edição 2023 foi publicado no início do mês. Além de apresentar as datas e os horários do exame, o texto detalha os documentos necessários e as obrigações do participante, incluindo situações em que o candidato pode ser eliminado.   

A publicação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira (Inep) traz também critérios para correção das provas e procedimentos para pessoas que precisam de cuidados especiais durante o concurso. Os gabaritos das provas objetivas serão publicados no dia 24 de novembro no portal do Inep. Já os resultados individuais serão divulgados no dia 16 de janeiro de 2024 no mesmo site.

Desigualdades

O Enem é um modelo de seleção unificada para o ensino superior muito importante no Brasil, por diversos aspectos, principalmente para a redução das desigualdades no acesso ao ensino superior, uma vez que os múltiplos vestibulares foram substituídos por um exame único. A população mais pobre e aquela que mora em localidades mais distantes pode reduzir os custos para realização de diversos exames, quer seja do ponto de vista do transporte, da alimentação e da isenção das taxas de pagamentos.

Apesar desta característica importante do Enem, a desigualdade no acesso ao ensino superior vem aumentando no país e os números de inscritos ajudam a explicar esta situação. Para entender este fenômeno, é importante perceber que a queda de estudantes inscritos na última década possui duas origens diferentes e impactam a população de maneira distinta: a redução do número de inscritos que não são concluintes do ensino médio e a redução dos inscritos que efetivamente concluem o ensino médio no ano do exame.

Desinteresse

Na última década a redução de interesse pela inscrição no Enem foi muito mais acentuada entre os grupos de egressos do ensino médio dos anos anteriores e nos treineiros. Em números absolutos, em 2022, foram mais de 3 milhões de inscritos a menos nesta categoria do que na edição de 10 anos atrás (2013).

Avaliador do Inep e sócio-diretor da Brand U Consultoria Educacional e da Young, Rodrigo Bouyer ressalta que “um fenômeno deste porte não tem, evidentemente, apenas um ou dois fatores que o determinam. Porém, o que observamos por meio do nosso atendimento personalizado na Young, ao conversar com muitas destas pessoas, é que existem dois motivos que são mais proeminentes para explicar esta queda: a redução da disponibilidade de novos contratos no Fies e a desesperança de ingresso nas universidades públicas” explica.

Acesso

O Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) realizado pelo Governo Federal, que sempre selecionou os seus classificados por meio das notas do Enem, foi crescendo no país sobretudo a partir de 2010 e teve seu auge em 2014, quando chegou a ter cerca de 732 mil novos contratos assinados no Brasil, de acordo com dados do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

Bouyer destaca que foi neste período que a população mais humilde passou a ter maior acesso ao ensino superior presencial privado, na medida que as mensalidades dos cursos eram financiadas com subsídios do Governo Federal. "De igual forma, não apenas o acesso ao ensino superior para as classes sociais historicamente excluídas passou a ser possível, mas também o acesso às universidades particulares de maior prestígio; às universidades privadas de maior investimento em qualidade e o acesso aos cursos com mensalidades tradicionalmente mais elevadas, com destaque para Medicina, Medicina Veterinária e Odontologia", enfatiza o avaliador.

Porém, prossegue Bouyer, a oferta de novos contratos do Fies foi sendo reduzida desde 2015 até culminar com apenas 45 mil contratos em 2021, ainda de acordo com dados do FNDE, o que representa uma queda de oferta real de quase 94% do que era ofertado em 2014. "Diante do exposto, fica claro um dos principais motivos para a queda muito acentuada deste perfil de inscritos no Enem", considera.

“O segundo motivo que percebemos ao conversar com os interessados em ensino superior aqui na Young é a desesperança de acesso ao ensino superior público de uma fatia importante da população, egressa de escola pública. Com condições precárias de estudo durante o ensino médio, uma parcela importante desta população, simplesmente sequer cogita a possibilidade de fazer o Enem, haja vista que o Fies se tornou um sonho inatingível e que ser aprovado em grande concorrência nas universidades públicas nunca foi uma meta realizável”, finaliza Bouyer.

 

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