O segundo dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2022 transcorreu sem grandes surpresas no Distrito Federal. Ao todo, o exame foi realizado em 198 locais. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (Inep) divulgará hoje a quantidade de estudantes presentes no segundo dia de provas. Matemática, física, química e biologia foram as disciplinas que testaram os conhecimentos dos candidatos em 90 questões da prova para serem respondidas em até cinco horas.
Ao todo, 62.902 pessoas se inscreveram para realizar o Enem impresso na capital federal. No primeiro domingo, compareceram para fazer a primeira etapa das provas um total de 45.875 pessoas, isto é, 72,9% dos inscritos. O gabarito oficial e os Cadernos de Questões não foram divulgados. A previsão é que sejam publicados no portal do Inep até quarta-feira.
Boa parte dos candidatos com os quais o Correio conversou ontem apontou a prova de matemática como a mais difícil. O professor do Sigma Paulo Luiz afirma que algumas questões tinham o texto confuso, o que pode ter gerado duplicidade de interpretação. "Foram quatro questões com esse problema, sendo que uma provavelmente será anulada", avalia. Projeções ortogonais de movimento no espaço e análise combinatória foram os temas mais difíceis, segundo o docente. "Algumas questões tinham um grau de dificuldade maior, mas nada que não tenha o costume de cair na prova", conclui. Paulo ressalta que matérias básicas da matemática também caíram no exame, de assuntos como proporcionalidade, média e porcentagem. "Logaritmo é um assunto que sempre cai no Enem, mas, neste ano, não foi cobrado", constata.
A professora de química Juliana Gaspar, também do Sigma, diz que não houve surpresas nos assuntos cobrados, mas que o nível da prova estava mais alto em relação às anteriores. "As questões estavam mais conteudistas. Para acertá-las, não era suficiente apenas interpretar as informações do enunciado. De fato, pesaram a mão na escolha das questões e química talvez seja a parte decisiva da prova", analisa. Ela chama a atenção para a forte presença de itens distratores, que confundem os alunos mais desatentos. "Às vezes, o item tem informações corretas, mas não responde ao comando da questão", alerta. Equilíbrio químico voltado para o cálculo de pH, cinética, separação de misturas e funções inorgânicas foram as matérias mais cobradas entre as questões de química.
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Amigos em busca de vagas
Juntos em todos os momentos importantes. É assim que funciona a amizade entre Samuel Marques, 19, Guilherme Muniz, 18, e Artur Faiad, 18, moradores do Cruzeiro Velho. O mais velho do trio contou que a relação é tão forte que ele decidiu fazer o Enem este ano apenas para compartilhar o momento com os amigos. "É o sonho deles", comentou, com a aprovação de Artur. "É bom, pois dá apoio no caso da ansiedade e também no foco, quando a gente vai pensando que tem que sair junto com os amigos e passar nas universidades desejadas", ressaltou. "A gente estava organizando de estudar juntos e depois fazer um resumo. Só que não deu muito certo, ficou só no planejamento", brincou. Nesta edição, Artur quer ser aprovado em algum curso, mas, somente no ano que vem, focar no que deseja de verdade, a engenharia agrícola. "O lado ruim é que não tem esse curso em Brasília, então, vou ter que sair daqui para conseguir estudar", reclamou o estudante.
Kicyenne Miranda, 20, fez o Enem pela segunda vez em 2022. A estudante, que busca uma vaga no curso de direito, chegou confiante para fazer a prova, já que se identifica mais com as matérias de exatas. Porém, o Correio conversou com a candidata também após o término da prova, que, segundo ela, foi "cansativa, principalmente pelos barulhos externos dos sons automotivos que atrapalhavam a concentração". No entanto, Kicyenne está otimista para ingressar no ensino superior. "Acho que consigo nota para a UnB ou para uma bolsa em uma faculdade particular", revela. Para ela, as questões de ciências da natureza estavam mais fáceis, embora tenha mais facilidade com matemática. Assim como sua amiga, Julia Olivo, 18, que também fez a prova ontem e deseja estudar medicina.
Atualidades
Rafael Araújo, 26, é formado em engenharia naval, mas prestou o Enem novamente, em 2022, para fazer o curso de direito. Morador da Asa Sul, ele também fez prova na Asa Norte e foi de ônibus até o local. "Estou fazendo a prova pela quarta vez", declarou. Araújo saiu do local de prova às 18h15 com o caderno de questões em mãos, dizendo que a formação em engenharia ajudou a tirar de letra a prova de matemática, apesar de, segundo ele, poucas questões terem sido fáceis. O candidato relata que encontrou mais dificuldade em ciências da natureza. "Lembro de muitas coisas da área, que vi no ensino médio, mas o Enem costuma trazer questões mais contextualizadas com o dia a dia, que exigem um conhecimento mais profundo das matérias, o que eu não tenho", confessa.
O conteúdo das provas de ontem trouxe, entre outros temas, a covid-19. A abordagem girou em torno da utilização do teste RT-PCR e da higienização de ambientes para evitar contaminações. Outras questões destacaram uma epidemia em situação fictícia, com menções a órgãos de controle sanitário como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a Organização Mundial de Saúde (OMS). A avaliação também trouxe referência à criação de empregos no Brasil e à composição de um campeonato de futebol.
Ordem mantida
A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) realizou a escolta das equipes da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) que transportaram as provas para os locais de realização nas mais diversas regiões da capital federal. Além disso, a PMDF reforçou o policiamento ostensivo nas imediações dos locais onde os exames foram aplicados, estações de transporte coletivo e estacionamentos. Segundo a corporação, nenhuma ocorrência foi registrada.
A chuva forte que desabou ontem sobre a capital também não representou problemas para a realização das provas. Embora alguns pontos da cidade tenham sofrido queda de energia, de acordo com a Neonergia, nenhum local de aplicação foi afetado ao longo da tarde.
Nos dois domingos, o transporte público do Distrito Federal recebeu modificações para ajudar os candidatos. A Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob) ampliou a circulação dos ônibus que atendem os locais de aplicação de provas, assim como do Metrô. Ao longo do dia de ontem, segundo o órgão, nenhum contratempo realizado aos veículos coletivos impediu o deslocamento.
Foi por pouco
Ainda assim, a estudante brasiliense Emily Damaceno, 17, chegou ao Centro Universitário de Brasília (Uniceub) cinco minutos após o fechamento dos portões, ontem, e perdeu a oportunidade de fazer o segundo dia de provas do Enem 2022. A jovem, moradora de Sobradinho II, percebeu que havia esquecido o documento de identidade em casa quando já estava dentro do ônibus a caminho do local onde faria a prova. Ela retornou em casa, pegou o documento, e foi de ônibus novamente a caminho da instituição de ensino. No fim, desceu na altura da 716 norte e pegou um carro por aplicativo para agilizar o tráfego. Entretanto, não conseguiu chegar a tempo. "O trânsito nos arredores estava lento, com muitos carros desembarcando passageiros", explica a aspirante do curso de medicina, que, infelizmente, precisará aguardar o Enem 2023 para chegar mais perto do seu objetivo.
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