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ENEM 2022

Professores comentam tema da redação do Enem 2022: 'necessário'

Segundo especialistas, o tema é amplo e a falta de repertório sociocultural pode prejudicar o estudante

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano começou a ser aplicado neste domingo (13/11), às 13h30 (horário de Brasília). Neste momento, estudantes de todo o Brasil fazem provas de linguagens e ciências humanas e de redação, que pode ser um grande diferencial na nota final, cujo tema é 'Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil'.

A professora de redação do Colégio Sigma, Angêla Miranda de Souza, afirma que o tema é atual e de extrema importância.  Ela garante que os alunos da instituição em que atua estavam preparados pois o assunto "suscitou inúmeras discussões em sala de aula. Além de discutir a realidade do país, faz parte do cotidiano dos alunos, uma vez que as disciplinas abordam a temática constantemente".

"O tema é fundamental para colocar em evidencia a discussão sobre os importância dos povos originários, a valorização da cultura e do povo quilombola e de muitos outros que vivem à margem da própria história", aponta Angêla.

No colégio Sigma, segundo a professora, o assunto foi abordado amplamente em sala de aula, inclusive com o direcionamento para o meio ambiente, já que os povos originários atuam fortemente na preservação do meio e promovem o desenvolvimento sustentável, pois "retiram da terra aquilo que é necessário para a sua subsistência".

Para o professor de redação do colégio Marista João Paulo II Gabriel Remignton, embora fosse sabido que o Enem evitaria temas polêmicos, de ordem política e que envolvessem questões sociais existentes no Brasil, esse tema em questão não era tão esperado. “Especialmente pelo fato de que se parece, em algum nível, com o do Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (ENCCEJA) de Ensino Médio deste ano, o qual abordava a importância da tradição oral para a valorização da cultura no Brasil”, diz o professor.

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Para Remignton, o tema é amplo, uma vez que não se trata apenas de uma análises sobre comunidades indígenas, visto que quilombolas, comunidades de matriz africana, pescadores artesanais, pomerano e outros também fazem fazem parte dos chamados povos tradicionais do Brasil.

A professora Angêla concorda que questionar quem são os "povos tradicionais" pode ser o "dilema" dos estudantes. "Eles não podem e não devem se restringirem aos povos indígenas. Entre eles estão quilombolas, extrativistas, pescadores artesanais, rebeirinhos, entre tantos outros. O porquê do dilema para o aluno é abordagem incompleta, ou seja, o tangenciamento", explica Souza. 

"E se o estudante esteve atento aos noticiários, saberá discutir plenamente a proposta, pois há uma mistura da questão ambiental cultural para além de indígenas e quilombolas", reitara a profissional do colégio Sigma.

Além da gramática, o professor Gabriel aponta que o domínio do tema, do gênero textual e uso de repertório sociocultural também serão avaliados, pois representam a competência II da cartilha de redaçãodo Exame, que explica os critérios de correção do texto (confira abaixo).

“ Desses três pontos, com certeza o mais desafiador é o uso de repertório. O candidato precisa solidificar seus argumentos usando informações que outras áreas do conhecimento, como história, literatura, filmes, séries, citações e etc, que possam evidenciar a validade do que se argumentou”, explica Gabriel.

Já na competência argumentativa também serão avaliados aspectos como projeto de texto e a capacidade de selecionar os melhores argumentos. “Geralmente o estudante inicia um ponto de vista, mas não consegue concluir aquele raciocínio, deixando uma lacuna argumentativa. Quando ele faz isso de maneira plena, o avaliador entende que houve autoria”, explica.

Segundo a cartilha do avaliador, tira a nota máxima na competência III - que é justamente aquela que se refere a argumentação - o candidato que demonstra autoria. “Para que essa autoria seja notória é necessário que ele faça todo um desdobramento de tudo que pretende defender ao longo do texto sem deixar lacunas nesse processo”.

Baixo repertório

O professor Gabriel Remignton avalia que, no geral, o desempenho dos alunos pode não ser bom se ele não tiver um rico repertório sociocultural. ”Receio que muitos candidatos pensarão que apenas indígenas se enquadram nesses grupos. E, se escreverem textos baseados apenas nisso, cometerão uma falha chamada de tangenciamento do tema, que implica uma quase fuga ao tema, ou seja, ocorre quando o candidato faz um recorte na temática proposta”, analisa.

Os estudantes terão 5 horas e meia para responder a todas as questões e redigir a redação. A correção do texto, conforme adiantou o professor, é dividida em 5 competências. Cada uma vale 200, totalizando os 1.000 pontos para esta matéria.

Confira os critérios de correção previstos na cartilha do Enem 2022:

Competência 1
Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa.

Competência 2
Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa.

Competência 3
Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.

Competência 4
Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação.

Competência 5
Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos

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