Historicamente, o Enem não tem como tendência a cobrança de questões sobre as estéticas e os gêneros literários. "Quando ocorre, algo que é raro, trata-se de uma ou outra questão", afirma o professor de literatura da rede Sigma em Brasília Marcelo Freire.
Ele ressalta que, quando surgir um tema de literatura, o aluno precisa ficar atento à exigência de competência leitora, prevista na matriz o exame. Assim, espera-se que o candidato, com toda a bagagem adquirida no ensino médio, saiba extrair do texto o que houver de mais expressivo e representativo.
No que tange a obras literárias específicas, também não é necessário preocupar-se. "Evidentemente, estar com a leitura de certos livros, comumente cobrados em outros vestibulares, em dia ajuda muito, mas não é aí que está o foco do Enem", pondera.
O professor faz dois alertas: primeiro, que os estudantes não deixem para estudar e revisar os conteúdos na última hora, visto que é um teste ocorrido apenas uma vez ao ano, daí a necessidade de programação nos estudos; e segundo, que, nesta reta final, o aluno não busque aprender conteúdos novos ou que não tenha compreendido ao longo do ano.
Neste último caso, o melhor é focar nos assuntos que mais cairão na prova e naqueles em que há maior domínio. Por fim, Marcelo deixa o recado: "Não se excedam nos estudos na semana de véspera ao exame, pois chegar esgotado para este momento, já tão cansativo, é bastante prejudicial".
Sonho de ser atriz
Relaxar. Esse é, justamente, o objetivo da estudante Clara Braga, 17 anos, para a semana anterior ao Enem, a fim de manter a cabeça fria e afastar qualquer pico de ansiedade. Para a seleção, seu método de estudos com maior rendimento é, certamente, fazer exercícios — atividade a que tem se dedicado bastante nos últimos meses, especialmente em exatas, sua grande dificuldade.
Sente-se tranquila, porém, ao lembrar que tais disciplinas não possuem tanto peso para a aprovação no curso que almeja: artes cênicas. O desejo de tornar-se atriz lhe acompanha desde criança, quando estava junto à mãe, professora de artes cênicas na Universidade de Brasília (UnB), nos ensaios para espetáculos.
"Assistir aos ensaios dos alunos me divertia demais. Todos pareciam muito satisfeitos com o que estavam fazendo. Pensei 'quero seguir essa profissão também'", recorda-se. Começou, então, a fazer aulas de teatro e, este ano, ao atuar em uma peça da escola, apaixonou-se de vez pelo ofício — antes, até chegou a cogitar o curso de relações internacionais, para o qual se inscreveu em outro vestibular.
Atleta, acredita que os esportes relacionam-se muito com essa escolha, já que ambos exigem disciplina e são cercados de adrenalina. Em casa, tem apoio incondicional da família, apesar de reconhecer, em conversas com a mãe, que não se trata de um trabalho fácil e valorizado no país.
Entre os passatempos que contribuem para o sonho de ser atriz estão a leitura e a escrita, incentivadas desde a infância, quando lia, com prazer, edições originais das obras de William Shakespeare. "Gosto muito de literatura porque é algo que me transporta para contextos muito diferentes do meu. Pergunto-me sempre o que se passava na cabeça do escritor no momento em que produziu determinada história. É encantador", conta.
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte