Eu, Estudante

Gramática

Enem 2022: Prova de português exige foco na interpretação dos textos

O candidato deve atentar-se, ainda, ao estudo das funções da linguagem, dos gêneros e tipologias textuais e da variabilidade linguística, conteúdos recorrentes no exame

Há quem, mesmo depois do ensino médio, se assuste ao precisar colocar em prática os ensinamentos das aulas de gramática. "São tantas regras e exceções", queixam-se. Se o assunto toca em questões de sintaxe, então, não são poucos os que simplesmente desistem de aprender.

Evidentemente, para além desse conteúdo, é importantíssimo considerar a relevância dos aprendizados em língua portuguesa, afinal, uma vírgula fora do lugar pode ser motivo para muita confusão na compreensão dos textos.

Para Jota Nery, professor de gramática do colégio Sigma, o primeiro aspecto a ser observado é que a prova do Enem não é um exame de gramática nem de literatura, como outras. Trata-se de um teste de leitura, ou seja, envolve a compreensão e a interpretação de textos com base em competências e habilidades.

Em segundo lugar, o candidato precisa saber os assuntos que estão praticamente em todas as versões do Enem desde 2010. São eles: funções da linguagem, gêneros e tipologias textuais, variabilidade linguística, estratégias argumentativas, papel das novas tecnologias da informação e seu impacto social.

Dois dos desafios do candidato são o tempo e o cansaço. Aliado a isso, há o aspecto de as questões serem técnicas, isto é, baseiam-se em habilidades. Por isso, vai uma dica preciosa: o candidato deve ler, inicialmente, o enunciado e o comando da questão e, em seguida, perguntar-se: por quê? Assim, já lerá o texto sabendo o que deve procurar.

"Por exemplo, se, no enunciado, há menção ao uso informal da língua, o candidato deve procurar no texto marcas de oralidade durante o processo de leitura", ensina Jota Nery. Outra dica importante: caso o estudante identifique, por meio da leitura, que são cobradas estratégias argumentativas, é preciso ler o texto identificando o tema dele e, por se tratar de argumentação, o ponto de vista do redator e o que justifica esse posicionamento. Com essas estratégias, ganha-se tempo e enfrenta-se as questões com uma abordagem técnica.

Paixão pelas letras

De fato, trata-se de uma matéria que exige dos professores muito jogo de cintura para conquistar os estudantes mais alheios às letras. Isabela Dumont, 18 anos, por exemplo, teve muita dificuldade com a disciplina até o sexto ano, quando, diante de uma docente dedicada, não apenas conseguiu aprender os conteúdos como também se apaixonou pelo português. Hoje, veja só, pretende tornar-se professora de gramática.

Inicialmente, a ideia não agradou muito aos pais, que apontaram a desvalorização da profissão como algo negativo. "Se gosta tanto de ler e escrever, por que não optar pelo curso de direito?", sugeriram.

A estudante, entretanto, manteve-se firme na decisão, já colocada em prática nas aulas de reforço que oferece aos alunos da escola no período da tarde. Tal experiência lhe fez ter mais certeza do ofício que deseja seguir, confiança que cativou o apoio da família.

Sua didática ao ensinar tem rendido, inclusive, elogios de outros estudantes, além de ser, para ela, o melhor método de estudo e revisão para o Enem. "Ministrar aulas dos conteúdos de gramática me ajuda, também, a memorizá-los e a criar artifícios para compreender tópicos mais difíceis", conta.

Para o exame do próximo dia 13, Isabela diz sentir-se tranquila, mesmo sendo a primeira vez que realizará a prova. A ansiedade está apenas nas disciplinas de exatas, seu "ponto fraco", que têm exigido aulas particulares e esforço constante.

Por fim, considera que o Enem tem uma boa abordagem, ao valorizar mais questões de interpretação. "Gosto desse tipo de seleção, pois nos faz pensar para além da sala de aula, oferecendo ferramentas que estão presentes nos próprios textos da prova", explica. Para os resultados, a jovem mostra confiança. "Acredito que passarei de primeira para o curso de letras, também por não ser tão concorrido quanto os demais."

*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte