Com a proximidade da aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a ansiedade e a preocupação passam a ter mais peso na vida dos estudantes. Como forma de sentir mais confiança e preparados, há quem prefira intensificar os estudos e revisar conteúdos novos. No entanto, o efeito pode ser o contrário. A recomendação dos professores é que o foco seja na resolução de questões e simulados, além de manter uma rotina saudável e o equilíbrio emocional para se sair bem no exame.
Para o professor de física do Centro Educacional Sigma Paulo Ferrari, 33, o ideal é que o estudante foque no que já conhece e também na resolução de questões, evitando, assim, introduzir novos conteúdos no cronograma. “É melhor trabalhar questões de provas anteriores e, eventualmente, revisar tópicos em que encontre dificuldade dentro das questões. Só vale a pena entrar em novos tópicos se forem tema muito recorrente de prova e que não necessitem grande profundidade”, afirma.
O professor recomenda, ainda, que o tempo de estudo deve se basear na resolução de questões, mas com reserva intercalada com um tempo equivalente para rever a teoria necessária. “É melhor gastar ‘tiros’ de 20 minutos com concentração total, intercalados com cinco minutos de descontração, do que tentar sentar por horas contínuas. A desatenção cresce muito rapidamente”, explica Ferrari. Ele orienta, ainda, que o estudante se afaste totalmente do celular e procure utilizar o aparelho apenas nos momentos de intervalo. “Redes sociais são ralos silenciosos de tempo e atenção. Afaste-se dessa tentação”, aconselha.
No dia da prova, ainda segundo o professor de física do Sigma, o importante é não ter pressa, mas, sim, consciência de tempo. “Para ganhar tempo, é útil ler o comando da questão antes do texto. Isso pode facilitar a análise e evitar a necessidade de releitura. É essencial garantir a chance de fazer todas as questões simples antes de mergulhar nos desafios. Por isso, não se prenda em questões longas ou muito difíceis”, assegura.
Na reta final, Paulo destaca que é crucial para os estudantes garantir uma rotina de sono regular. “Manter um ciclo de sono saudável e uma dose de sol diária, preferencialmente pela manhã, facilita muito a fixação de conteúdos e ajuda a conservar o equilíbrio emocional. Evite ‘estirões’ madrugada adentro. Tratese bem e com compaixão e lembre que a aprovação serve a você, e não o contrário”, pondera.
A professora de língua portuguesa do Centro de Ensino Médio Setor Oeste (Cemso) Elisangela Jorge, 40, afirma que tanto a revisão quanto a resolução de questões são importantes, mas aconselha que o estudante dispense maior foco nas questões e simulados. “Não adianta tentar estudar tudo na reta final. agora em responder provas anteriores e nas suas anotações, revisando mapas mentais, por exemplo, pois a escrita estimula a memória fotográfica e contribui para a memorização”, aconselha.
Elisangela também reforça que tentar incluir conteúdos novos a poucos dias da aplicação da prova pode resultar em aumento de ansiedade e de dúvidas. Por isso, ela sugere que o candidato estude com a autoaceitação. “Aceite que você fez o melhor e não se compare com outros estudantes. Converse com seus professores, alimente-se bem, pratique atividade física, estude no seu tempo e procure não se cansar mentalmente, pois não conseguimos armazenar nada quando nossa mente está exausta”, pontua, analisando a necessidade de respeitar os próprios limites.
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O aluno do Sigma Enzo Renz, 17, conta que o foco na reta final é a resolução de exercícios e de provas anteriores do Enem. Ele entende que, com organização, ainda há tempo de revisar conteúdos não vistos. “Depois de resolver as questões, faço um balanço geral dos assuntos que tenho mais dificuldade, verificando a possibilidade de revisar esses pontos”, diz Enzo, que pretende fazer ciência da computação na Universidade de Brasília (UnB). Faltando uma semana para a prova, ele pretende prosseguir fazendo exercícios, mas com menor intensidade para nãose sobrecarregar. “É melhor chegar relaxado para a prova do que estressado”, afirma.
Já para Antônio Gonçalves Barreto Neto, 17, que almeja cursar psicologia na UnB, não vale a pena tentar dominar conteúdos novos. “Para o Enem, é preciso entender quais são os que, estatisticamente, mais caem e são mais difíceis e estudar ao longo do ano. Nessa reta final acredito ser mais produtivo fazer exercícios e simulados”, defende. Ele aconselha aproveitar os momentos de maior produtividade para estudar. Embora diga que o ideal seja pegar mais leve na semana anterior ao exame, ele ressalta que seguirá reforçando os estudos. Como momento de lazer, Antônio sugere lançar mão de reunião com amigos e ouvir música boa.
Estudante do Cemso, Pedro Henrique, 17, segue um cronograma planejado de estudo para se preparar para o exame. “Durante a manhã, adianto as matérias na escola. De tarde, sigo estudando até as 19h. Já na semana, faço prova dia sim, dia não e, quando não faço, reviso o conteúdo das questões que errei com auxílio do livro didático e dos professores. Os sábados, por sua vez, são reservados ao devido descanso”, conta. Pedro pretende cursar engenharia mecatrônica na UnB e, para se destacar, prioriza o fator psicológico. “As pessoas só conseguem ganhar quando aproveitam a trajetória. Por isso, é preciso saber a hora de estudar e o momento de descansar. Gosto de praticar atividade física, principalmente vôlei. Também curto sair com os amigos e com a minha namorada”, diz
*Estagiário sob a supervisão de Jader Rezende