Apenas 22 estudantes de todo o país alcançaram a nota máxima na redação da última edição do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), nenhum de Brasília. De acordo com Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) 2.267.350 alunos fizeram a prova.
Segundo o professor de redação do cursinho Reciclagem Educacional, Pedro Henrique Lima Cardoso, entre as possíveis causas para a redução drástica de nota mil no Enem está a rigidez. Em 2018, as redações do exame começaram a ser corrigidas por integrantes da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que seriam bem mais exigentes, na visão dele.
Além disso, ainda segundo Cardoso,os temas da redação passaram a ser mais difíceis, como o de 2021: "Invisibilidade e registro civil: garantia de acesso à cidadania no Brasil". "Foi um tema pouco conhecido pelos alunos. O Enem está seguindo outra linha, de estratégia e não de conhecimentos", diz.
O hábito da leitura, cada vez menos praticado, é outro fator preponderante para o mau desempenho dos candidatos na prova de redação. A pandemia também foi um ponto crucial para o resultado da pesquisa do Inep, uma vez que o ensino remoto desmotivou os alunos a terem um objetivo escolar, assim como os estudos gramaticais, outro ponto de insegurança entre os estudantes.
"Escrever gera muita insegurança. O preconceito linguístico e o estudo da gramática normativa criam paralelos entre os alunos, verdadeiras barreiras para dissertar um modelo estabelecido pela prova. As competências do Enem são cobradas rigorosamente. Por isso, os requisitos para a prova devem ser claros, conhecidos por todos", diz o professor, que aconselha aos participantes estudar estrutura de texto e jamais deixar de se aprofundar na gramática.