Enem

Inep pode usar questões antigas do Enem para edição de 2022

Gestores encaminharam a sugestão para o presidente do Inep, Danilo Dupas, alegando escassez no Banco Nacional de Itens

EuEstudante
postado em 30/03/2022 16:39 / atualizado em 30/03/2022 17:15
 (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
(crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)

As provas do próximo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) poderão ser realizadas com perguntas velhas, elaboradas para provas de edições anteriores. Membros do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) encaminharam ao presidente do órgão, Danilo Dupas, a sugestão de reutilizar questões de edições passadas do exame nas provas deste ano. Segundo os gestores, a proposta foi feita por conta da "escassez de questões" no Banco Nacional de Itens (BNI), e a reciclagem de questões anteriores mostrou-se uma solução viável para o problema.

No ano passado, o Inep alegou que o banco estava "obsoleto" , chegando a cogitar a terceirizar do processo de formulação e revisão das questões da prova. Em nota, o Inep diz que "o estoque de itens apresenta-se muito aquém das necessidades existentes, principalmente para realização do Enem, que exige um volume elevado de itens, os quais devem ser pré-testados". 

Todos os signatários da proposta são membros da nova gestão do Inep, que vieram após a exoneração em massa de servidores do órgão no ano passado. A debandada dos servidores, 37 ao todo, ocorreu às vésperas da aplicação do exame e também do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), em novembro. Os servidores justificaram a saída pela "fragilidade técnica e administrativa da atual gestão máxima" do órgão e mencionaram também episódios de assédio moral.

Os novos técnicos que propõem a reutilização de perguntas para o próximo Enem são Robério Alves Teixeira, coordenador-geral de Instrumentos e Medidas (tenente do Exército e assumiu o posto no início deste mês), Michele Cristina Silva Melo, diretora de Avaliação da Educação Básica (braço direito do presidente do Inep, no cargo desde janeiro de 2022), Ricardo Freitas da Silva, coordenador-geral de Desenvolvimento da Aplicação (nomeado em fevereiro) e Jôfran Lima Roseno, diretor de Gestão e Planejamento (auditor de Finanças e Controle da Controladoria-Geral da União, assumiu também em fevereiro).

Segundo o documento, eles consideram a possibilidade de reavaliar 4.680 itens para ver quais podem ser aplicados nas edições de 2022 e 2023, para que, dessa forma, o processo de pré-testes não seria necessário para viabilizar as edições de 2022 e 2023. Para os antigos servidores do Inep, a nova diretoria não tem experiência prévia com a montagem e aplicação do Enem, além de não apresentar perfil técnico para tomar decisões.

Para a União Nacional dos Estudantes (UNE) e União Brasiliera de Estudantes Secundaristas (Ubes), a possibilidade de repetição de perguntas no próximo Enem reafirmam falta de estruturação e a negligência do governo com a educação no país. "O Enem precisa de estruturação. Propor a repetição questões antigas é só a ponta do Iceberg do que está na verdade acontecendo, que é uma crise institucional no Inep e no Ministério da Educação. É necessário, urgentemente, que esses órgãos tenham projeto, investimentos e direção", disse a presidente da Ubes, Rozana Barroso.

"É inaceitável a negligência do governo com o Enem. Não ter reposição do Banco Nacional de Itens ao longo desses anos demonstra uma total falta de preparo e de conhecimento da importância e magnitude do exame. Vejo que a repetição das questão é mais uma das ações de desmonte da ideia e objetivos da prova", completa a presidente da UNE, Bruna Brelaz.

 

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