Nesta terça-feira (23/2), 276 mil estudantes participaram do 1º dia da reaplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020. As provas de linguagens e suas tecnologias, humanas e a redação foram aplicadas em 1.481 municípios brasileiros.
Os inscritos do Amazonas (163.444) e dos municípios de Espigão D’Oeste (969) e Rolim de Moura (2.863) também fizeram o Enem 2020 pela primeira vez. Eles não participaram do exame regular devido à alta taxa de contaminação por covid-19 no estado em janeiro.
Além disso, 41.864 pessoas fizeram o Enem PPL, para adultos privados de liberdade e jovens sob medida socioeducativa que inclua privação de liberdade. No total, serão 3.859 salas de aplicação, em 1.212 locais de prova, distribuídos por 630 municípios dos 26 estados brasileiros, além do Distrito Federal.
Candidato no DF fez reaplicação por erros no sistema do Enem Digital
Rafael Sousa, 19 anos, fez a reaplicação do Enem no Centro Universitário de Brasília (Ceub) e acredita que se saiu bem. Ele impedido de fazer o 1º dia do Enem Digital na Universidade Católica de Brasília (UCB) devido a erros no sistema. Por ter tido essa experiência, ele pondera que não voltaria a escolher a opção do exame pelo computador.
"O Inep teve tempo, muito além do previsto, então não deveria existir nenhum problema logístico ou na rede do digital. Eu gostei de realizar a prova no novo modelo, é interessante, mas o ocorrido me deixou completamente desestabilizado emocionalmente", desabafa. "Foram muitos meses de estudo, me senti muito mal e desrespeitado."
O jovem estudou no Centro de Ensino Médio (CEM) 417 de Santa Maria e deseja cursar medicina em alguma universidade federal ou no exterior manteve uma rotina pesada de estudos. “Minha rotina de estudos foram 12 meses de estudos contínuos, de segunda a sábado, quase 10 horas por dia”, conta.
No primeiro dia, os inscritos fizeram as provas de linguagens, códigos e suas tecnologias; ciências humanas e suas tecnologias; e a redação. Na quarta-feira (24/3), é a vez das provas de ciências da natureza e suas tecnologias, bem como de matemática e suas tecnologias.
Divulgação de local de prova com atraso
Segundo o Inep, os locais de reaplicação do Enem 2020 seriam divulgados na última sexta-feira (19/2), mas não foi o que ocorreu para alguns estudantes. Tainara Lima e Leite, 18 anos, conseguiu visualizar o local de prova na manhã desta terça (23/2).
A jovem curitibana trabalha em um consultório odontológico e teve contato com um paciente com covid-19 e, por precaução, teve que fazer quarentena. Pediu atestado e fez a solicitação para fazer o Enem na reaplicação.
“Mandei foto dos exames e dos papéis de que eu deveria ficar isolada e eles confirmaram que eu deveria ir na reaplicação. Fiquei na espera do local da prova, que seria em outro da aplicação regular”, explica. Quando viu que o local tinha saído no dia da prova, achou um “absurdo”.
“Fiquei indignada, mas graças a Deus consegui fazer a prova”, conta. “Mas achei péssima a organização do Inep em relação a isso, me senti prejudicada.”
Quanto à sala em que fez a prova, segundo Tainara, o distanciamento foi mantido e tinham seis pessoas. Ela acredita que foi bem quanto às questões e à redação e está com expectativas positivas de manter o desempenho nesta quarta-feira (24/2) para as provas de ciências da natureza e matemática.
Para ela, o Enem é uma oportunidade de realizar um sonho e cursar odontologia em uma faculdade pública. “Eu dependo do Enem e faço desde o 1º ano do ensino médio como treineira. Não consigo pagar uma faculdade particular e aqui é muito caro”, conta a jovem que estudou no Colégio Estadual Roberto Languer Júnior, em Curitiba (PR).
Tema da redação trouxe a empatia como foco
O tema da redação da reaplicação do Enem 2020 foi “A falta de empatia nas relações sociais no Brasil”. Para professores de redação, o tema foi uma surpresa positiva e mais uma vez o Enem mostrou que foge de polêmicas.
Caio Castro, assessor de língua portuguesa e literatura do Sistema Positivo de Ensino, acredita que o candidato que acompanha as notícias se deu bem na redação. “O estudante que está acompanhando minimamente as notícias teria muitos elementos para desenvolver uma boa argumentação”, explica. “Achei um tema muito confortável para um estudante do ensino médio demonstrar a sua visão de mundo.”
O doutorando em linguística comenta também que a pandemia por si só também escancarou a falta de empatia nas relações sociais. “A forma que a sociedade brasileira tem encarado a pandemia mostra a falta de empatia. Essas mortes tornam-se apenas números e as pessoas esquecem de que esses números correspondem a sujeitos com histórias”, completa.
E Caio ainda completa que, para exercitar e amenizar essa falta de empatia, um dos caminhos é a literatura. “A literatura é esse universo que a gente pode exercitar a alteridade, uma vez que a gente se transporta para um outro universo. Essa seria uma proposta de intervenção possível de se pensar para aplicação nas escolas”, opina.
Para o professor de redação do Colégio Sigma Eli Guimarães, é interessante que o Enem tenha colocado como tema algo que esteja conectado ao que a sociedade vive e ainda fuja de polêmicas. "São temas que permitem uma reflexão que indiquem alguma ação cujo objetivo seja resolver ou atenuar o problema. É bem coerente com o que a gente tem visto”, avalia.
Como repertório para auxiliar na argumentação, Eli observa que os estudantes têm vasta bagagem de referenciais contemporâneos: manifestações raciais e contra a homofobia, não só no Brasil mas pelo mundo. “Para um jovem que está discutindo sobre empatia, os referenciais são contemporâneos”, pondera.
Prepare-se para o segundo dia
O assessor do Sistema Positivo de Ensino Caio Castro acredita que os estudantes devem procurar descansar, fazer uma boa alimentação, dormir bem e se organizarem para chegar com antecedência e segurança para o local de prova.
“É preciso procurar ficar calmo dentro do possível, porque é uma maratona não só mental, mas física”, observa. Na hora da prova, mesmo que seja de exatas, ele dá a dica: “Leia com atenção os comandos e textos base das questões e lembre-se que questão facil não pode errar”.
O professor Eli Guimarães aconselha uma leitura calma e tranquila das provas anteriores do Enem com o intuito de relaxar o estudante e não o deixar mais ansioso. “Eu defendo que ninguém deve estudar. Mas o aluno pode fazer uma leitura da questões para acalmar o aluno que está ansioso. É uma forma de reconhecimento do formato das questões que traz certa tranquilidade”, afirma.
Para o 2º dia de provas, fique atento aos horários:
11h30 - abertura dos portões;
13h - fechamento dos portões;
13h30 - início da prova;
18h30 - fim da prova;
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*Estagiária sob a supervisão da editora Ana Sá