A startup Redação Nota 1000, plataforma de prática e correção on-line de redações, divulgou um levantamento que mostra os principais deslizes gramaticais, os autores mais citados e os temas mais abordados por estudantes em redações de preparação para vestibular.
O ensaio resultou da avaliação de 770 mil redações de simulado, elaboradas entre janeiro e outubro de 2020. O erro mais comum dos alunos, segundo o estudo, é o uso equivocado de vírgulas ou a ausência delas nas frases — falhas vistas em 38,5% das provas. Faltas ortográficas também são frequentes e aparecem em 26% das redações. Um exemplo disso é o uso inadequado da crase em 6,9% dos textos.
Esses deslizes são responsáveis por reduzir consideravelmente a nota dos vestibulandos ao término da avaliação. Além de ser uma amostra sobre o que esperar das redações do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o levantamento revela tendências do texto de estudantes que participam de outros vestibulares.
Autores mais lembrados
O filósofo e sociólogo polonês Zygmunt Bauman é mencionado em 29% das redações. A frase mais citada do pensador é "Nenhuma sociedade que esquece a arte de questionar pode esperar encontrar respostas para os problemas que a afligem".
Outras menções vinculadas ao autor se referem à "modernidade líquida", termo usado para definir as relações interpessoais da atualidade.
Além do polonês, o matemático Thomas Hobbes é o segundo pensador que mais aparece nos textos. Frases como "O homem é o lobo do homem" e "É dever do Estado garantir o bem-estar da população" estavam em 22% dos textos analisados.
O educador brasileiro Paulo Freire ficou em terceiro lugar entre os mais lembrados, mencionado em 18,3% das provas, de acordo com o levantamento. As frases "Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tão pouco a sociedade muda" e "Não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão" são as favoritas dos estudantes.
Realidade pandêmica
Entre as provas analisadas, três temas figuraram entre os mais abordados nas narrativas e no desenvolvimento do texto: o culto à aparência no mundo contemporâneo, o suicídio entre jovens brasileiros e os desafios da educação a distância no Brasil.
A pandemia do novo coronavírus também apareceu de forma contumaz nas produções. Em grande parte, os participantes dos exames falaram sobre as consequências dela para a educação brasileira, além dos impactos do isolamento social à saúde mental.
A abordagem do tema para debater o combate à covid-19 no país e as dificuldades para promoção de um Enem igualitário em meio a esse cenário também se sobressaíram.
* Estagiário sob supervisão de Jéssica Eufrásio