No primeiro dia de aplicação do Enem, em 17 de janeiro, serão cobradas questões sobre Ciências Humanas, Linguagens, Códigos e suas Tecnologias. Geralmente, os conteúdos das matérias de exatas causam mais medo nos candidatos,por isso, também merecem atenção. Elas exigem bastante concentração e boa interpretação de texto, pois qualquer deslize pode acarretar na escolha da resposta errada. Além disso, abrangem conteúdos extensos e caem no mesmo dia da redação, que requer muita dedicação.
Para o professor de sociologia e filosofia do Centro Educacional Sigma Edivaldo Monte dos Santos, a maior dificuldade dos candidatos nessa parte da prova é a interpretação de texto. Devido à quantidade de questões e ao pouco tempo para responder, é preciso fazer leituras rápidas e eficientes para que o estudante tenha um bom desempenho. “O aluno sem hábito de leitura não se sai bem. Em filosofia e sociologia, por exemplo, os textos clássicos têm vocabulário difícil. Um é contemporâneo, outro, medieval, e outro, moderno. É uma construção de ideias que quem não entende o conceito não consegue decodificar. Precisa dominar a leitura e saber contextualizar historicamente”, afirma.
Candidatos com dificuldades nessas disciplinas devem priorizar questões que já caíram nas provas anteriores para ter um embasamento do que a banca exige, orienta o docente. Como a prova é na próxima semana, não dá mais tempo de se apegar a textos maiores. “Este ano foi muito difícil e desafiador para todos nós da educação. Alguns obstáculos se agravam. Devido à falta de acompanhamento mais ostensivo e articulado, os alunos ficaram muito na condição de autodidata, por mais que as escolas tenham se empenhado para acompanhá-los”, destaca Edivaldo.
Embora não acredite em fórmulas para conseguir um bom resultado na prova, o professor destaca que o momento é de cuidar das emoções. Quem não se preparou ao longo, pode fazer revisões, resgatar conceitos chaves e exemplos estudados ao longo do ano.
Em filosofia, o professor aposta que ética será um dos temas mais discutidos, tendo em vista debates recentes sobre cidadania e direitos humanos. “A última prova foi mais teórica, não estava inserida numa discussão. Deve-se manter a mesma linha”, opina. Em sociologia, ele acredita que a tendência é seguir a edição passada do Enem, recorrendo aos clássicos. “A prova surpreendeu com a inserção de pensadores como Michel Foucault, é algo novo. Acho que vai manter esse nível, em cima dos clássicos, temas recorrentes, que não escapam da matriz e são vistos no ensino médio”, avalia.
A professora de geografia Cristiane Batista Salgado, do Instituto Federal de Brasília (IFB), explica que a prova de humanas pode relacionar diversos assuntos atuais, como as questões ambientais, sociais, raciais, violência doméstica e, claro, a pandemia. “Uma das linhas principais do Enem é relacionar o conhecimento com a dinâmica que a sociedade vive naquele momento. A pandemia trouxe mudanças significativas para o mundo, e tem, sim, grandes chances de aparecer neste exame”, destaca.
Por isso, para se dar bem na prova, a professora destaca a importância de se manter bem informado. “Nesta reta final, é necessário respirar fundo e ter tranquilidade. As leituras devem ser voltadas para as notícias, temas de interesse, no sentido de aliviar a tensão da véspera da prova. Se as dúvidas estiverem incomodando, é sempre válida uma conversa tranquila com os professores”, auxilia. “A curiosidade é um bom caminho para o aprendizado. É importante se interessar pelos assuntos e buscar o caminho que mais se adéqua ao aprendizado, o que o torna mais leve e interessante, como vídeos, leituras, podcasts e estudos em grupo”, completa.
Já no caso da prova de história, o professor Erik de Surjan, do Sigma, elenca alguns assuntos que sempre costumam cair na avaliação. “Em História do Brasil, que ocupa maior parte da prova, sempre cai o período da escravidão e o colonial, principalmente, o ciclo do ouro e do café. No Brasil República, eles gostam de cobrar a República Velha. Era Vargas é praticamente certo. A República Populista tem caído bastante também e o Regime Militar também creio que terá várias questões”, afirma.
Apesar do foco no Brasil, o professor destaca que vários temas da história mundial também devem estar presentes na prova, principalmente, relacionados com a geografia. “Eles gostam de manter uma comunicação com a história contemporânea e com a geografia. Primeira e Segunda Guerra, nazifacismo, holocausto e Guerra Fria devem estar presentes. O que deve cair de história pura é Idade Média e Idade Moderna, que é quase certo”, destaca.
Quanto à preparação nesta reta final, o professor Erik afirma que é importante os candidatos relaxarem para não chegarem ao dia da prova muito nervosos. “A ansiedade está sendo um dos principais obstáculos para esses estudantes. É importante manter o foco”, ressalta. No dia da prova, ele aconselha os alunos a não esquecerem de controlar o tempo. “No mesmo dia tem a redação. Então, antes de começar já dê uma olhada em toda a prova, olhe o tema da redação para já ir pensando. Aquela dica de praxe para responder as questões mais fáceis primeiro, deixar as que têm dúvida para o fim. Mas não perder o tempo da redação. E, acima de tudo, é a autoconfiança. Não pode deixar de confiar no que estudou”, afirma.
Linguagens
O professor de inglês Vitor Osumi, do cursinho gratuito Galt Vestibulares, destaca que a prova de linguagens é extremamente focada na capacidade de interpretação de texto do estudante. “É muito provável caírem textos jornalísticos ou tirinhas que contenham assuntos relevantes e atuais”, afirma.
“Para os que já têm maior facilidade com a língua inglesa, entrar em sites de notícias em inglês, ler e realizar um exercício de interpretação, analisar os pontos importantes e a ideia daquela notícia. Para quem tem um pouco mais de dificuldade com textos mais complexos, tentar focar no Enem anteriores, ver as questões e resoluções, para já ficar bem ligado com a linguagem usada na prova”, ensina.
Na hora da prova, a dica é buscar os textos mais simples primeiro. “Não comece nos textos mais longos logo de cara, o cérebro precisa de um tempo para ‘aquecer’ durante a prova. Pegue para ler questões longas quando já estiver aquecido, mas ainda não tão cansado. E preste atenção nas questões da prova de linguagens, elas podem ajudar como repertório ao elaborar a redação”, destaca Vitor.
Em língua portuguesa, a professora Thalita Brito das Chagas, da Rede de Ensino Certo, destaca que o Enem exige mais interpretação de texto. Por isso, é preciso muita atenção para evitar focar nos elementos distratores da prova e acabar perdendo muito tempo. “Não vai estar perguntando se a oração é subordinada objetiva direta, mas o que aquele texto oferece de conteúdo. São mais questões de interação”, ressalta. Como uma das principais dicas para se sair bem na disciplina, Thalita diz que sublinhar as informações pertinentes às questões ajuda o candidato a identificar o que realmente é importante no texto.
Conteúdo
Morador de Águas Claras, o estudante Raphael Rocha, 18 anos, fará a prova do Enem pela segunda vez. Em 2019, fez como treineiro e, segundo ele, as questões cobravam conteúdo ou interpretação. De acordo com o edital da prova deste ano, serão exigidas as duas coisas. “Quando comecei a estudar, tinha dificuldade, vinha estudando para vestibulares mais conhecimento, como morfologia, sintaxe. Para o Enem, estudei mais interpretação. Agora, estou tendo mais progresso. Linguagens exigem mais prática, exercícios”, diz.
Quando fez a prova, em 2019, estava no cursinho preparatório. Desta vez, estudou por conta própria, em casa. “Linguagens era a parte mais difícil e dei uma reforçada. Fiz provas antigas do Enem, para entender a interpretação. Achei melhor fazer questões da própria banca. Estou dando o meu melhor, fazendo o meu máximo. Espero me sair bem. Se não, vou seguir a vida”, completa.
Principais conteúdos
Língua portuguesa
Interpretação de texto
Gramática
Semântica
Compreensão de texto
Domínio da norma culta
Análise de discurso
Gêneros textuais
Variação Linguística
Literatura e artes
Filosofia e sociologia
Ética
Cidadania
Direitos Humanos
Educação
Política
Cultura
Sociedade
Geografia
Questões ambientais
Globalização
Urbanização
Indústria
Demografia
Relações internacionais
Energia
Espaço geográfico
História
Ditadura militar
Era Vargas
República Oligárquica
Brasil colônia
Revoluções industriais
Segunda Guerra Mundial
Grécia antiga
Artes
Expressionismo
Fauvismo
Cubismo
Futurismo
Dadaísmo
Surrealismo
Língua inglesa
Tempos verbais
Voz passiva
Pronomes
Leitura e interpretação de textos
Matriz de Referência
Confira as competências cobradas em cada uma das provas objetivas do primeiro dia do Enem:
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Competência de área 1
» Aplicar as tecnologias da comunicação e da informação na escola, no trabalho e em outros contextos relevantes para sua vida.
Competência de área 2
» Conhecer e usar língua(s) estrangeira(s) moderna(s) como instrumento de acesso a informações e a outras culturas e grupos sociais.
Competência de área 3
» Compreender e usar a linguagem corporal como relevante para a própria vida, integradora social e formadora da identidade.
Competência de área 4
» Compreender a arte como saber cultural e estético gerador de significação e integrador da organização do mundo e da própria identidade.
Competência de área 5
» Analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus contextos, mediante a natureza, função, organização, estrutura das manifestações, de acordo com as condições de produção e recepção.
Competência de área 6
» Compreender e usar os sistemas simbólicos das diferentes linguagens como meios de organização cognitiva da realidade pela constituição de significados, expressão, comunicação e informação.
Competência de área 7
» Confrontar opiniões e pontos de vista sobre as diferentes linguagens e suas manifestações específicas.
Competência de área 8
» Compreender e usar a língua portuguesa como língua materna, geradora de significação e integradora da organização do mundo e da própria identidade.
Competência de área 9
» Entender os princípios, a natureza, a função e o impacto das tecnologias da comunicação e da informação na sua vida pessoal e social, no desenvolvimento do conhecimento, associando-o aos conhecimentos científicos, às linguagens que lhes dão suporte, às demais tecnologias, aos processos de produção e aos problemas que se propõem solucionar.
Ciências Humanas
e suas Tecnologias
Competência de área 1
» Compreender os elementos culturais que constituem as identidades.
Competência de área 2
» Compreender as transformações dos espaços geográficos como produto das relações socioeconômicas e culturais de poder.
Competência de área 3
» Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes grupos, conflitos e movimentos sociais.
Competência de área 4
» Entender as transformações técnicas e tecnológicas e seu impacto nos processos de produção, no desenvolvimento do conhecimento e na vida social.
Competência de área 5
» Utilizar os conhecimentos históricos para compreender e valorizar os fundamentos da cidadania e da democracia, favorecendo uma atuação consciente do indivíduo na sociedade.
Competência de área 6
» Compreender a sociedade e a natureza, reconhecendo suas interações no espaço em diferentes contextos históricos e geográficos.
Fonte: Inep