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A covid-19 pode ser tema de questões do Enem? Professores respondem

Uma das premissas do exame é a de ser uma prova atual, com temas relevantes para a sociedade. Professores elencam pontos que podem ser cobrados  

Thays Martins
postado em 10/01/2021 06:00 / atualizado em 10/01/2021 11:54
 (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press          )
(crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press )

Em um ano marcado pela maior pandemia do século, os candidatos que vão fazer o Enem 2020 devem estar bem afinados com o que ela significa. Esta é a orientação do professor de geografia do Centro Educacional Sigma Robson Lucas. Segundo ele, o tema pode permear toda a prova e ser cobrado de várias formas diferentes. “Tem o lado da biologia e da química, mas este é um tipo de tema que se enquadraria na questão da globalização. Tanto como é a disseminação da doença, quanto a corrida por uma vacina. É uma revolução técnica e científica. Tudo isso dentro de um ano atípico. Pode ser o grande tema da prova, temos que estar preparados”, analisa.

O estudante Caio de Carvalho Motta de Souza, 17 anos, acredita que questões específicas sobre a pandemia não devam aparecer, por ser algo muito recente, mas ele espera que os avaliadores possam fazer a correlação do tema com outras questões. Com o objetivo de estar bem preparado para a prova, ele tem reforçado os estudos. “Tenho me preparado respondendo provas antigas e fazendo simulados”, afirma. “Vejo noticiários, converso com pessoas, os professores sempre comentam, além de ler notícias na internet.”

O professor de geopolítica do curso preparatório gratuito Galt Vestibulares Rubenilson Cerqueira também não acredita que a pandemia possa aparecer de forma muito forte na avaliação. “O evento mais marcante de 2020 com certeza foi a covid-19, mas temos que lembrar que atualidades não significa que são eventos de ontem, ou do mês passado, mas atualidades que são frequentemente discutidas no mundo. Então a pandemia vem como cerne das discussões no país, mas pode ser apenas um ponto e não o centro do debate”, avalia.

A professora Fabiana Perpétua Ferreira Fernandes, do Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação da Universidade Federal de Goiás (UFG), elenca as maneiras de a pandemia ser abordada na prova, uma vez que o assunto é interdisciplinar. “Por exemplo, a crise econômica e a globalização. Saber o que os estudantes entendem sobre esses termos. A questão do surgimento de pandemias. Cadê o papel do homem nesse processo? A curva epidêmica que foi tão comentada. A leitura de gráficos. A questão do vírus, o que é o vírus, quais as consequências, sistema respiratório… Pode aparecer a relação com outras vacinas que foram muito importantes para a humanidade, como a do sarampo”, enumera.

Além da pandemia…


O professor de geografia Robson Lucas reforça que atualidades no Enem não se restringe ao que aconteceu ontem. A prova faz correlações entre os temas para saber se o aluno está bem informado. “Quando a gente olha para a prova, temos que nos direcionar para os tópicos que mais aparecem. Se pegarmos só o termo atualidades, o aluno vai para o imediato, mas tem que se olhar para o contexto maior. Um tema que é muito recorrente é a geografia agrária, e o Brasil é um país forte nessa área.”

Segundo a professora Fabiana Fernandes, assuntos recorrentes nos debates públicos têm grande probabilidade de serem cobrados na avaliação, até mesmo como tema de redação. “Uma questão importante tem a ver com a internet de forma geral, teve o crescimento do uso nesse período pandêmico, com isso, podemos fazer uma relação com condutas éticas e morais”, lista a docente, que lembra ainda a possibilidade de as fake news serem abordadas.

O professor Rubenilson Cerqueira aposta ainda em questões sociais e de forma interdisciplinar. “Já vimos atualidades em questões de disciplinas como geografia, geopolítica, história, assim como na própria redação. Por isso, vale lembrar que atualidades permeia todas as áreas de conhecimento do Enem. Aparece sempre como reflexões interpretativas e noticiadas com frequência na mídia”, destaca.

Para se preparar, o professor destaca a importância de se manter bem informado sobre tudo o que está acontecendo no Brasil e no mundo. Isso pode ser feito por meio de sites confiáveis e de jornais. “Este ano trouxe muitos eventos importantes que podem ser comparados com eventos mais antigos da história. Então, o conhecimento para realizar o cruzamento de informações de temas antigos e atuais ajudará muito o estudante”, explica. “Manter-se informado e dominar alguns pontos centrais que mudaram a forma de se relacionar com a sociedade vai ser um grande diferencial”, completa.

 

Fique ligado!

Veja temas que podem cair:

» Ensino a distância e o acesso limitado à internet;
» Questões ambientais, por conta das queimadas no país, e depoimentos de autoridades e organizações internacionais; além de grandes queimadas na Austrália e nos Estados Unidos;
» Fake news e intolerância na internet;
» Inserção de minorias na sociedade e, em especial, no mercado de trabalho;
» Questões econômicas e globalização, que envolvam Estados Unidos e China;
» A presidência de Donald Trump;
» Questões palestinas, o Irã e o programa nuclear;
» A América Latina e a situação da Venezuela
» Racismo e questão indígena

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