Eu, Estudante

Jovens Embaixadores

Morador de Ceilândia é selecionado para Jovens Embaixadores 2021

Leonardo Neto, 17 anos, está entre os 33 brasileiros que vão participar este ano, de forma remota, do programa da Embaixada dos Estados Unidos. O jovem é engajado em projetos de empreendedorismo

Leonardo Pereira da Silva Neto, 17 anos, foi um dos 33 brasileiros relacionados para participar da edição deste ano do Jovens Embaixadores, programa promovido pela Embaixada dos Estados Unidos. Ele é morador de Ceilândia Sul e, atualmente, concilia os estudos do último ano do ensino médio e o curso de inglês com a participação em três projetos de empreendedorismo social que buscam viabilizar o ensino de línguas estrangeiras.

Programa Jovens Embaixadores

O projeto, organizado pela Embaixada dos Estados Unidos, foi criado em 2002 e conta com a parceria do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), das secretarias estaduais de educação, da rede de Centros Binacionais Brasil-Estados Unidos, PLT4Way Inglês e Inclusão Social, da Associação de ex-Bolsistas de Programas do Governo Americano (USBEA), das empresas FedEx, MDS e IBM. A primeira edição ocorreu em 2003 e, desde então, 667 jovens participaram do programa.

A iniciativa é voltada para estudantes brasileiros do ensino médio da rede pública que se destacam pela atitude positiva, bom desempenho escolar, conhecimento da língua inglesa, capacidade de liderança e espírito empreendedor. Jovens de todo o país se candidatam todos os anos para o intercâmbio que, normalmente, ocorre em janeiro e leva os jovens selecionados para os Estados Unidos.

Em decorrência da pandemia de covid-19, a edição de 2021 vai ocorrer entre 14 de junho e 13 de agosto, de forma virtual. Vão participar do intercâmbio on-line os jovens brasileiros e americanos em que farão, juntos, atividades e oficinas que trabalham os temas: liderança; cultura e comunicação; cidadania digital; mudança social a nível local e global.

Leonardo Neto foi um dos 33 brasileiros selecionados para participar do programa e vai representar o Distrito Federal. A lista foi divulgada pela Embaixada Americana na última sexta-feira (7/5). Ele e a família receberam com felicidade o resultado. “Todo mundo estava torcendo muito por mim, porque eles sabem que é uma coisa muito importante para o meu futuro e para o presente, pois se relaciona muito com as coisas que eu tô fazendo e é um programa incrível”, celebra.

Esta foi a segunda tentativa do jovem para participar do programa. Em 2020, ele também se inscreveu, mas foi desclassificado na prova oral. Quando a seletiva para edição de 2021 foi aberta, ele decidiu tentar novamente e atribui o êxito obtido ao fato de ter participado da seleção anterior, pois teve o entendimento de como funcionava o processo de uma maneira melhor.

No entanto, Leonardo afirma que não fez uma preparação específica para ser aprovado no programa, mas todas as oportunidades que viveu eram para se autoconhecer e, também, para estar apto a chances que pudessem surgir. A primeira foi o inglês. Em 2016, ele ingressou no Centro Interescolar de Línguas (CIL) de Ceilândia, pois gostava de línguas estrangeiras. Também buscou aprender, no CIL 01 de Brasília, francês e alemão. O jovem chegou a ser monitor de dois idiomas na instituição, mas teve que sair por causa das demandas dos projetos que participa e também da escola.

Leonardo destaca uma experiência que acredita ter sido essencial para que se tornasse um jovem embaixador: uma viagem ao México que fez em 2019, onde participou de treinamentos sobre liderança, vulnerabilidade, ativismo social e autoconhecimento. “Eu acredito que autoconhecimento é um pilar muito importante para quem quer ser um jovem embaixador, eu tinha uma base de autoconhecimento grande antes do processo, mas, quando eu soube que eu ia passar no processo novamente, eu quis firmar ainda mais isso”, conta.

Segundo ele, esse quesito é importante pelas perguntas que serão feitas durante o processo seletivo para o programa. “Você também tem que ter o autoconhecimento”, avalia. Ele baseia seu pensamento nas iniciativas que desenvolve atualmente e na certeza de querer, futuramente, trabalhar com educação alinhada a relações internacionais.

Por todos esses motivos, decidiu se inscrever no programa e destacou a abordagem que o intercâmbio virtual vai dar nas relações internacionais. 

“Na universidade, eu pretendo estudar relações internacionais e business (negócios), porque são duas coisas que eu gosto muito. E tem também o empreendedorismo social”, relata. “Dentro do programa, isso vai ser muito abordado e vai ser uma oportunidade, também, de desenvolver as iniciativas que eu tô trabalhando agora, por exemplo, a Wanderlust”.

Leonardo está bem ansioso para o início do programa, não somente pelo fato de poder desenvolver os seus objetivos, mas também para vivenciar a experiência que a Embaixada vai promover, que, para ele, vai ser diferente das edições anteriores por ocorrer no formato virtual e em um período diferente do usual. Além disso, ele destaca o contato que vai ter com pessoas de outros estados e com participantes estadunidenses. “Ânimo, ansiedade e felicidade são as minhas as palavras que estão me descrevendo nos momentos”, pontua.

O jovem está no último ano do ensino médio e pretende fazer a graduação fora do Brasil focada na área desejada. Além disso, ele afirma que quer estudar, durante a faculdade, sobre educação e empreendedorismo. Para ele, durante o programa Jovens Embaixadores, vai conseguir compreender cada um desses tópicos que são do seu interesse.

“Eu estava muito animado para que tudo isso acontecesse, para que eu conseguisse fortalecer as minhas iniciativas, para conhecer mais sobre os Estados Unidos e também para inspirar a minha comunidade. Até porque, é muito difícil encontrar jovens da Ceilândia e que vêm de lugares mais desprivilegiados e conseguem chegar tão longe”, afirma.

O envolvimento de Leonardo com iniciativas educacionais começou em 2019, quando ele tinha 15 anos. À época, ele foi selecionado para participar do programa de embaixadores do projeto InspiraSonho, em que fez divulgação de oportunidades acadêmicas no local onde mora.

 “Quando o programa acabou, eu queria continuar fazendo algo para ajudar outras pessoas, mas não podia ser qualquer coisa, tinha que ser algo que eu realmente gostasse”, relata. Foi então que ele se uniu a outras três colegas para fundar o projeto Globalizando.

Projetos de empreendedorismo social para educação

O Globalizando foi o primeiro projeto de que Leonardo participou da criação, e tem como iniciativa principal o programa de aprendizado de idiomas. Por meio desse, os estudantes são conectados a professores voluntários para trabalharem em conjunto um idioma com base nos 17 objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) estipulados pela Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU).

O projeto iniciou as suas atividades em maio de 2019 e, neste primeiro semestre de 2021, conta com 232 mentores que dão assistência a 686 estudantes. Leonardo atua como secretário administrativo e, segundo ele, ao todo, mais de 900 pessoas se engajaram com o programa. “O Globalizando foi muito importante para mim, na verdade, ainda é. O projeto ganhou várias premiações, também é reconhecido pela Embaixada dos Estados Unidos”, conta.

O cargo que Leonardo desempenha dentro da iniciativa atualmente está ligado ao “Modelo das Nações Unidas” que o Globalizando oferece com o intuito de democratizar a participação de alunos do ensino médio às simulações diplomáticas. Com isso, ele é o responsável por organizar o acesso desses estudantes a essas atividades.

Leonardo também participa do Latin American Community of Young Leaders, de que foi o cofundador. A organização atua em toda a América Latina e tem o objetivo de desenvolver lideranças e empoderamento juvenil para os participantes impactarem os locais onde vivem. De acordo com ele, o idioma usado na comunicação interna e externa do projeto é o espanhol.

Até o momento, esse programa teve a envolvimento de 27 jovens de 11 países diferentes em que participaram de workshops sobre autoconhecimento, como impactar comunidades e superar os desafios locais. A organização é nova, então, Leonardo destaca que ela está em desenvolvimento. Ele atua como diretor de operações e salienta que não tem tanta autonomia para tomada de decisões, pois isso está sob a responsabilidade da diretora executiva, a peruana Yasmín Victoria Campos Fernández, que também encabeçou a fundação do projeto.

A terceira iniciativa que Leonardo criou, junto com mais três mulheres, foi o Wanderlust Brazilian Educational Initiative. O intuito do jovem é desenvolver o projeto durante o programa Jovens Embaixadores, ele tem o objetivo de torná-la um negócio social com a finalidade de democratizar o ensino de idiomas no Brasil por meio de mentorias em que serão selecionados professores voluntários para auxiliarem os estudantes participantes do programa.

Nesse projeto, atualmente, são trabalhados cinco idiomas (inglês, francês, espanhol, alemão e japonês) com 118 alunos – dos 26 estados do Brasil e o Distrito Federal – que têm contato com, pelo menos, uma dessas línguas estrangeiras. Esse ciclo de aprendizagem vai ser encerrado em dezembro e, para o segundo, é previsto que sejam feitos workshops sobre habilidades emocionais. “Reformulamos a mentoria, para que ela acompanhe o ensino de idiomas, a oficina de habilidades socioemocionais e oportunidades acadêmicas, para que, com toda essa bagagem, os alunos consigam ter educação de qualidade”, aponta. Todos os três projetos são desenvolvidos de maneira virtual.

* Estagiária sob a supervisão da editora Ana Sá