Escola sem partido

Câmara de Porto Alegre aprova texto de "escola sem partido" na rede pública

Projeto agora irá para sanção do prefeito Sebastião Melo (MDB)

Isabela Stanga
postado em 13/12/2024 12:35
A votação foi tensa, com as galerias da Câmara tomadas por manifestantes favoráveis e contrários à iniciativa -  (crédito:  Fernando Antunes/CMPA)
A votação foi tensa, com as galerias da Câmara tomadas por manifestantes favoráveis e contrários à iniciativa - (crédito: Fernando Antunes/CMPA)

Foi aprovado nessa quarta-feira (13/12) na Câmara de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, um projeto de lei que institui a escola sem partido na rede pública municipal de ensino. Foram 17 votos a favor, 10 contra e 9 abstenções. A votação foi tensa, com as galerias da Câmara tomadas por manifestantes favoráveis e contrários à iniciativa.

O texto da lei diz que os educadores não devem emitir opiniões de cunho pessoal que possam "induzir ou angariar simpatia a determinada corrente político-partidária-ideológica".

"Estamos falando da 1ª à 5ª série, de crianças da rede pública municipal que merecem ter uma educação de alta qualidade, aprendendo a ler, escrever, interpretar texto, fazer operações matemáticas, e que tem a vida inteira para ter uma posição política e ideológica formada", disse à Folha de S.Paulo a vereadora Fernanda Barth (PL), que levou a proposta à discussão.

O projeto segue para sanção do prefeito Sebastião Melo (MDB). Ele só deve se manifestar após o texto passar por uma análise técnica e jurídica.

Vereadores e sindicatos municipais informaram que vão pedir a derrubada do projeto na Justiça. O Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa) emitiu um comunicado no qual chama o projeto de "lei da mordaça". "A proposta é flagrantemente inconstitucional, cerceia a liberdade de cátedra, instaura a censura nos educadores e impede o livre debate dentro das salas de aulas", escreveu.

Histórico do projeto

O projeto foi apresentado pela primeira vez em 2016 pelo vereador Valter Nagelstein (na época MDB, hoje Republicanos) e foi aprovado em 2019. Porém, uma decisão judicial interrompeu a tramitação porque o tema não havia sido debatido em audiência pública.

Neste ano, a proposta foi desarquivada a pedido de Fernanda Bath. Desta vez, a Câmara promoveu uma audiência pública virtual para discutir o projeto.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação