O exercício da cidadania e o incentivo à prática de boas ações dentro e fora das escolas são o instrumento de trabalho do Programa NaMoral, uma parceria entre o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e a Secretaria de Educação (SEE-DF). Nesta quarta-feira (27/11), autoridades, estudantes, professores e voluntários se reuniram no Hípica Hall para uma cerimônia de premiação dessas iniciativas realizadas ao longo de 2024.
"É uma experiência prática, que envolve as rodas de conversas e as missões, que são vivências que tocam a mente e o coração dos alunos. Os alunos também podem se ver como agentes de transformação", comenta a promotora de Justiça Luciana Asper y Valdes.
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Os alunos foram organizados em grupos e puderam elaborar os projetos. Cinquenta e oito escolas disputaram os troféus. Escolas, estudantes e professores foram premiados conforme a soma de pontos que alcançaram em todas as etapas da Gincana da Integridade.
Com início em fevereiro, a edição 2024 contou com 94 escolas públicas e 1.500 alunos nas missões promovidas. Peterson Araújo, 32 anos, professor da Escola Parque da Cidade (Proem), relata que seus alunos apresentaram melhoras significativas de comportamento. "Por ser uma escola de natureza especial, ela já tem um vínculo bem diferente das demais, então é, de fato, um desafio. No começo, foi difícil para apresentar e contextualizar o programa para os alunos, mas, no final, deu certo", comentou.
"Quando falamos em educação, sempre pensamos na formação geral básica com as disciplinas de matemática, história, geografia, português. O projeto veio para trabalhar valores como a ética, cidadania e a honestidade. Valores que formam um cidadão de bem", festejou a secretária de Educação, Hélvia Paranaguá. Ela afirmou que foi elaborado um projeto de lei para ser encaminhado à Câmara Legislativa (CLDF) para transformar o NaMoral em uma política de estado.
Além disso, Hélvia também comentou sobre o impacto do programa fora do Distrito Federal. “Ele nasceu aqui no Distrito Federal, mas queremos expandir ele para outros estados, porque é uma mudança de mentalidade, mudança de comportamento e permite que a criança exerça sua cidadania. No Rio de Janeiro, já existem algumas escolas que aderiram ao programa, assim como em alguns municípios de São Paulo também”, completou a secretária.
Mudanças internas
O estudante da Escola Parque da Cidade, Romério Santos, 16 anos, foi um dos alunos premiados na cerimônia. Para ele, que participa do programa há dois anos, o NaMoral trouxe muitas mudanças para sua vida. ”É muito gratificante participar. Acabei desenvolvendo coisas que eu não sabia que existiam dentro de mim, depois desse projeto, senti que eu posso ajudar mais pessoas”, comenta.
Romério ainda destaca uma passagem emocionante na sua experiência no programa. ”O Lar dos Idosos foi muito impactante. Nunca pensei que ia cuidar de idosos. Antes eu era muito egoísta, pensando que cada um que cuide da sua vida. Quando eu cheguei lá, percebi que eles estavam em situação crítica, precisavam muito da nossa ajuda. E assim, eu pude perceber que lá na frente eu posso ser igual eles e, um dia ,eu vou precisar de ajuda, isso que me marcou” relata Romério.
Sandro Avelar, secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, também comentou sobre a importância do projeto para o Distrito Federal. “Eu vim aqui para reafirmar como se faz segurança pública. Afirmo com convicção que a segurança pública começa com a cidadania. Precisamos continuar nesta linha, através da educação que teremos um país melhor e o Distrito Federal faz muito bem em dar o exemplo”, comentou.
Maria Clara Coutinho, 14, aluna da escola CEF 404 de Samambaia, participou das ações culturais da Amazônia. “Foi uma experiência única, eu achei muito legal. Dancei o carimbó, conheci a cultura da região amazônica, as comidas típicas e participei de palestras sobre o desmatamento da Amazônia”, explicou.
Também estudante do CEF 404, Maria Luiza Sena, 13, participou do projeto com outras temáticas. “A gente também fez maquetes, apresentações de trabalho e pesquisas. No projeto “Pegue e pague” organizamos uma venda e também tivemos vários lanches. Foi uma experiência incrível”, relatou.
"O intuito de promover esse programa com os jovens é fazer que eles percebam que eles são os agentes de transformação. É uma mudança de mentalidade, percebem que eles são as pessoas que constroem o mundo que querem" comenta Luciana Asper.
*Estagiário sob a supervisão de Patrick Selvatti