A 21ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) chega a Brasília com atividades gratuitas e abertas à comunidade até 10 de novembro, na área externa do Museu Nacional da República, próximo à Rodoviária do Plano Piloto. O tema deste ano é Biomas do Brasil: diversidade, saberes e tecnologias sociais, alertando para a urgência de valorizar e proteger a rica biodiversidade dos biomas brasileiros — Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa, Pantanal e Sistema Costeiro-Marinho.
Realizado por ministérios e autarquias nacionais, o evento tem como objetivo divulgar conhecimentos tradicionais das comunidades que habitam nesses biomas. O secretário de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social do Ministério de Ciência e Inovação (MCI), Inácio Arruda, mostrou-se empolgado diante do alcance que o evento tem apresentado. “Vejo esse ânimo, porque aqui eu vi desde crianças interagindo com algumas mostras de forma curiosa, até cientistas com carreira acadêmica renomada apresentando os trabalhos”, observa.
- Leia também: MapBiomas: Fogo consumiu 88 milhões de hectares de Cerrado entre 1985 e 2023
- Leia também: Brasil registra maior queda em emissões de gases de efeito estufa em 15 anos
Diante disso, o secretário aposta na importância da SNCT para o cenário científico do país. “Isso mostra que o Brasil tem condições de ter produção científica não só em publicações, que nós estamos bem situados, mas também em transformar o conhecimento em produtos que melhorem a vida das pessoas”, defende Inácio.
Outro ponto citado pelo dirigente foi a importância de se abordar o tema como forma de visibilidade para biomas desconhecidos. “Nós temos uma diversidade natural extraordinária que precisa ser discutida e popularizada com o mundo, que tem que saber que não há só a Floresta Amazônica, temos uma fauna fantástica que também precisam ser preservada”, pontua.
Conservação
O evento conta com diversas atrações, como palestras, seminários, visitas guiadas, oficinas e também é palco para a apresentação de pesquisas de jovens do ensino médio da região. Foi o que ocorreu com os estudantes do Centro de Ensino Médio (CEM) 304 de Samambaia Sul, que apresentaram uma proposta de energia elétrica mais sustentável e financeiramente favorável: um sistema de iluminação composto por um conjunto de sensores de movimento, sendo um infravermelho.
- Leia também: Florestas do Brasil têm papel fundamental para o equilíbrio do planeta
- Leia também: "Pandemia de queimadas" avança no Cerrado, na Amazônia e na Mata Atlântica
"Dessa forma, geramos a economia de energia e, possivelmente, poderíamos gerar recursos financeiros para investir em áreas de preservação e monitoramento do cerrado brasileiro, conservando a vida e a biodiversidade”, descreve Maria Clara Mamédia, uma das alunas responsáveis pela pesquisa.
Leticia Lopes, 17 anos, que também desenvolveu o projeto, descreve o sentimento de estar no evento como de gratidão. “É nesse momento que eu vejo que os esforços valem muito a pena, porque passamos pela primeira fase com a maior nota de todas as escolas, é uma gratificação muito grande, as pessoas demonstraram carinho sobre o nosso projeto, dentre tantos que poderiam estar aqui."
Cerrado
Outro grupo do Centro de Ensino Médio (CEM) 01 de Sobradinho apresentou uma pesquisa sobre calagem, etapa do preparo do solo para o cultivo agrícola que tem como objetivo aumentar a fertilidade e a produtividade. Para isso, os estudantes falaram sobre as transformações e a composição química do Cerrado, realizando experimentos que podem corrigir o solo do bioma e apresentando-os como proposta de solução.
Giovana Louise Rodrigues, 18, faz parte do projeto e se vê feliz em poder explicar questões sobre o bioma em um evento de grande repercussão. "É muito importante estarmos aqui, porque muitos não sabem sobre a composição química do nosso solo e que existem plantas nativas que são muito importantes, e também porque pessoas como nós, de escola pública, ainda conseguirmos chegar aqui e explicar sobre química. Então, é gratificante", compartilha.
- Leia também: Cerrado e Amazônia registram queda no desmatamento
- Leia também: Salvem o Cerrado: em carta, movimentos pedem socorro pela região em chamas
O professor de química Thaylan Lima, 24 anos, foi o orientador do projeto dos estudantes e contou que a pesquisa surgiu do ensino dos alunos sobre a tabela perídoca, motivando-os a desenvolver os experimentos. Sobre a experiência, o professor se sente feliz e orgulhoso: "Espero ter marcado a vida deles na escola e tê-los incetivado nesse sentido."
Audiovisual
Além de palestras tradicionais, a SNCT contou com mostras lúdicas, como um espaço de cinema. O Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) levou o Cine CGEE para a mostra, sob coordenação de Jean Campos, doutorando da Universidade de Brasília (UnB) e líder do projeto Produção e Disseminação de Informação em Ciência e Tecnologia do CGEE. Na ocasião, foi exibida uma animação educativa sobre desinformação para estudantes do ensino fundamental.
Sobre a iniciativa, Jean Campos acredita no impacto e relevância da linguagem audiovisual, porque pode despertar o interesse e levar as crianças a compreenderem mais sobre ciência e outras temáticas, como a desinformação. "Abordar temas complexos de maneira leve e cativante contribui para formar cidadãos críticos e conscientes, capazes de tomar decisões informadas e de participar na construção de um futuro mais sustentável", compartilha. "Tivemos filas o dia todo. Isso reforça a importância de investir na ciência e em estratégias inovadoras para a divulgação científica, especialmente, entre as crianças, que são o nosso futuro”, completa Jean.
Visitantes
O cientista político Iago Torres, 23 anos, ficou sabendo da SNCT pelo Instagram do MCI dois dias antes do início do evento, e aproveitou a oportunidade para fazer uma visita e conhecer as propostas. “Eu me interessei pelo tema voltado para a biologia, trouxe assuntos bem interessantes e diferentes, como uma pesquisa sobre o mapeamento da saúde de ecossistemas a partir da acústica, e como as espécies são afetadas por esses conceitos”, descreve.
Com a rotina corrida, Iago não poderá prestigiar todos os dias do evento, mas avalia que o programa valeu a pena. “Mesmo que eu não possa vir, acredito que tenha sido uma experiência interessante por causa dos temas e por causa do ambiente que é acessível”, relata.
Essa também foi a primeira vez da técnica Maria das Graças de Souza, 47, na SNCT. Ela fez questão de levar o filho, Pedro, de 12 anos, para acompanhá-la na aventura e descobrir o que ocorria no interior da estrutura. “Nós passamos por aqui todas as quartas-feiras e, no caminho, eu vi que estava ocorrendo esse evento, e fiquei curiosa para conhecê-lo”, disse.
A 21ª SNCT conta com a parceria do Ministério da Educação (MEC), a Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), o Ministério da Saúde (MS), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o Ministério das Comunicações, a Secretaria-Geral da Presidência da República e outras. Para saber mais sobre o evento, veja a programação completa no site da Semana Nacional: https://semanact.mcti.gov.br.
Serviço
21ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia
Local: Área externa do Museu Nacional da República
Data: 5 a 10 de novembro
Horário: a partir das 9h
Entrada gratuita
*Estagiária sob supervisão de Marina Rodrigues
Saiba Mais
-
Ensino superior Reitora da UnB celebra pagamento da URP dos técnico-administrativos
-
Enem Professores orientam sobre como encarar o segundo dia de Enem
-
Estágio 10% dos estagiários são os únicos responsáveis pelo sustento da família, aponta Ciee
-
Ensino superior Enem 2024: Inep divulga dados do primeiro dia por UF
-
Ensino superior UnB sedia Congresso Nacional de Botânica, do próximo domingo (10/11) até sexta (15/11)
-
Cultura Estudantes de Taguatinga participam de júri simulado sobre racismo