Uma nova pesquisa revela que 67% dos brasileiros acreditam que a responsabilidade pela educação ambiental das crianças é, principalmente, das escolas. Realizado pela Descarbonize Soluções e divulgado nesta segunda-feira (7/10), o estudo Educação ambiental para crianças* indica que, embora 78% dos entrevistados tenham recebido educação ambiental durante a formação escolar, apenas 36% afirmam conversar frequentemente sobre o tema com as crianças, pelo menos uma vez por semana. Outros 32% fazem isso ocasionalmente e 19%, raramente, sugerindo que, apesar do conhecimento adquirido, a prática de discutir questões ambientais e sociais dentro de casa precisa ser estimulada.
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"Os dados sugerem que, apesar do aumento na conscientização ambiental, ainda há desafios a serem superados para engajar todos os atores sociais nesse processo. As escolas são amplamente vistas como pilares fundamentais, e a pesquisa indica que pode haver uma parcela significativa de pais trazendo o tema para o ambiente familiar, ainda que de forma esporádica. Além disso, as crianças, cada vez mais expostas a questões ambientais, mostram potencial para se tornarem multiplicadoras de conhecimento”, avalia Tatiane Fischer, diretora de Marketing da Descarbonize.
Nesse contexto, a diretora afirma que, por mais que a maioria das pessoas entenda que as escolas desempenham um papel importante nesse processo, também há uma percepção de que a responsabilidade precisa ser compartilhada entre pais, governos e a sociedade como um todo. “Embora o papel da escola seja central para introduzir esses conceitos, as crianças também aprendem observando o comportamento dos adultos ao seu redor. O diálogo entre pais, professores e empresas é uma forma de mostrar às futuras gerações a importância de adotar práticas sustentáveis no dia a dia, como o uso de energia solar e a preservação dos recursos naturais”, defende.
Os resultados também mostram que 58% dos brasileiros consideram as crianças mais conscientes do que seus pais em relação ao meio ambiente e que 51% defendem que a educação ambiental deve ser introduzida o quanto antes, preferencialmente na educação infantil — até os 5 anos. Por outro lado, 28% acreditam que o tema deve ser abordado a partir do ensino fundamental I — entre 6 e 10 anos —, e 14% defendem a introdução no ensino fundamental II — entre 11 e 14 anos.
Diante dos dados, Tatiane Fischer enxerga avanços: "É possível observar que os brasileiros entrevistados reconhecem a importância da educação ambiental, especialmente quando se trata das crianças, e que, de certa forma, tentam ser engajados no tema", analisa. Ela afirma, ainda, que "quando tratamos de questões como energias limpas e sustentabilidade, estamos preparando as crianças para um futuro em que as decisões sobre o uso de recursos e a preservação do meio ambiente serão fundamentais. Essas crianças serão os cidadãos que transformarão seus entornos, contribuindo para uma sociedade mais sustentável e equilibrada”, conclui.
Garantias e direitos
Desde a primeira infância, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) estabelece que as crianças devem ser incentivadas a observar e explorar o mundo natural, desenvolvendo curiosidade e respeito pela natureza. O objetivo é que elas aprendam a valorizar o meio ambiente e reconheçam seu papel na preservação dos recursos naturais.
De acordo com Hamilton Cavalcante Martins, gerente de Educação Ambiental, Patrimonial, de Línguas Estrangeiras e Arte-Educação da Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF), o BNCC, enquanto normativo que define diretrizes e conhecimentos essenciais a serem ensinados aos estudantes em todas as etapas da educação básica no Brasil, aborda a educação ambiental de forma transversal, integrando-a a diversas áreas do conhecimento ao longo da trajetória escolar.
"O foco é promover uma compreensão crítica sobre questões ambientais e de sustentabilidade, conectando-as ao desenvolvimento de competências socioemocionais, como pensamento crítico, empatia, responsabilidade e cidadania. A educação ambiental, além de ser uma resposta ao direito garantido pela Constituição, que assegura a todos um 'meio ambiente ecologicamente equilibrado, impondo ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações', representa uma esperança para a adaptação das sociedades no enfrentamento dos impactos dos extremos climáticos, que serão vividos com maior frequência pelas gerações atuais e futuras", afirma Hamilton ao Correio.
Diálogo ativo
Para ele, famílias e escolas precisam criar espaços e momentos de diálogo com crianças e jovens sobre a importância do cuidado com o meio ambiente e os impactos positivos e negativos de nossas ações sobre a natureza e o clima. A sociedade também é um pilar fundamental e precisa agir de forma integrada para promover a educação ambiental, incentivando práticas diárias que reflitam respeito ao meio ambiente e preocupação com as mudanças climáticas.
"Considerando que o meio ambiente ecologicamente equilibrado é um direito de todos e que os impactos dos extremos climáticos afetam e afetarão a todos, entendemos que a educação ambiental é imprescindível para todas as idades. Trata-se de uma questão que deve ser amplamente discutida dentro e fora das instituições, inclusive, nos lares", defende. "Não adianta as escolas abordarem continuamente questões de cuidado e preservação ambiental, se em casa ou em outros ambientes sociais esse tema não é levado a sério", pontua o gerente da SEEDF.
Medidas práticas
Em termos de medidas práticas, Hamilton Cavalcante explica que há temas que näo podem ficar de fora, como redução do consumo de energia, economia de água, reciclagem e descarte consciente, consumo sustentável, mobilidade verde, reflorestamento, incêndios florestais, iniciativas comunitárias para limpeza de rios e enfrentamento das mudanças climáticas. "[Esses assuntos] não podem se restringir apenas ao ambiente escolar. Devem, de forma imprescindível, ser pauta de toda a sociedade em todas as ações. Afinal, só entendemos a relevância de determinado conteúdo escolar quando o vemos aplicado na vida cotidiana", ressalta.
Por outro lado, no contexto escolar, ele frisa a necessidade de amadurecer as pautas ambientais como conteúdo transversal e interdisciplinar, além das matérias de ciências, biologia ou geografia, por exemplo. "Essa pauta precisa ser abordado em todos os componentes curriculares, com maior propriedade, conforme preconiza a BNCC. Pensando nisso, estamos trabalhando, enquanto Secretaria de Educação do Distrito Federal, na construção de diretrizes pedagógicas para apoiar e fortalecer os projetos e ações já existentes, bem como aquelas unidades escolares que ainda têm insegurança em relação ao tema", conclui o representante.
*O levantamento foi realizado entre 26 e 30 de setembro deste ano com 500 brasileiros a partir de 16 anos e de todas as classes sociais.
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