Ao som de Peixe vivo e O cravo brigou com a rosa, alunos com idade entre 3 e 5 anos dançaram e se divertiram na creche São José Operário, na Estrutural, com as apresentações do projeto Semeando Histórias e Cantigas para Criança. A iniciativa, idealizada por Mônica Pereira, percorre 12 creches e escolas públicas, ou conveniadas do Governo do Distrito Federal (GDF), desde 6 de setembro, com o intuito de relembrar e valorizar canções populares, por meio de contação de histórias e musicalização para crianças nessa faixa etária.
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É a primeira edição do projeto, que conta com incentivo do Fundo de Apoio à Cultura (FAC) do DF e contempla instituições nas regiões do Guará, Estrutural, Núcleo Bandeirante, Taguatinga, Águas Claras e Candangolândia.
O Correio esteve na São José Operário, para acompanhar as atividades de perto. Entre uma música e outra, os pequenos eram convidados à frente para tocar instrumentos, feitos de materiais recicláveis, e a vestir fantasias, para que interpretassem as histórias narradas por Mônica. A euforia, que dava transparência à empolgação, podia ser notada de longe. “Na educação infantil, nós temos um momento chamado ‘rodinha’, no qual os professores e os alunos cantam. Quando eu atuava em sala de aula, comecei a levar instrumentos para que eles participassem da banda e, também, distribuía máscaras, para que atuassem no teatro. Dessa forma, percebi que o gosto era outro, porque, quando a criança participa diretamente, a experiência tem outro sabor”, explicou. A partir daí é que nasceu a ideia da proposta.
Sala itinerante
Emocionada, a idealizadora avaliou que a iniciativa contribui positivamente em vários aspectos. “Cada criança vê a história de uma forma. Elas chegam em casa contando que foram os personagens e, mesmo aquelas que não tiveram a oportunidade de atuar, percebem que podem fazer aquilo”, detalhou.
“Faço questão de criar todos os instrumentos. A minha tiara é feita de sucata, as ovelhinhas são de tampinhas de garrafa, a janelinha do cenário é toda em papelão. É uma sala de aula ambulante” — enquanto descrevia o próprio trabalho, Mônica chorava. Ela disse que, apesar de levar as mesmas apresentações para as escolas, em cada local a experiência é singular. “Eu me emociono porque, quando a gente termina e eles correm para perguntarem que dia voltaremos, percebemos que valeu a pena, que eles gostaram verdadeiramente”, celebrou.
Leidiane Gaspar, coordenadora pedagógica da creche, destacou que o projeto é uma extensão lúdica do que ocorre diariamente em sala de aula. “A iniciativa contribui para a formação da criança, ajuda a desenvolver habilidades e competências, como a coordenação motora. Além disso, quando elas participam das atividades que estão sendo desenvolvidas, sentem-se muito mais importantes do que quando apenas assistem”, apontou. A gestora ressaltou que os alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) ficaram “vidrados” durante toda a apresentação.
As amigas Larissa Freitas, 4 anos, Mariá Oliveira, 4, e Helena Lupita Lopes, 5, distribuíram risadas o tempo todo. Quando a música tocou, a pequena Mariá garantiu seu instrumento para contribuir com o ritmo. Larissa se imaginou sendo uma princesa e adiantou à reportagem que contaria tudo à mãe, logo que chegasse em casa. Para Helena, tudo foi muito divertido.
Inclusão
Seis pessoas formam a equipe que se desdobra para que a narração e musicalização dê certo. Fora os benefícios para o desenvolvimento da garotada, o cenário ensina sobre inclusão.
Responsável pelo teclado que dá o tom às músicas, Carolina Dias Lima Souza é deficiente visual e afirmou que a experiência é gratificante. “Gosto muito de sonorizar histórias, então, para mim, foi uma ótima oportunidade. Escutar elas tocando os instrumentos e batendo palmas passa uma vibração muito boa”, completou.
Silvânia Farias de Sena é a intérprete de Libras do grupo, indispensável nas apresentações. “Meu papel é agregar acessibilidade. A presença do intérprete é importante em todos os espaços, porque a gente nunca sabe quando há um surdo ou deficiente auditivo presente. Eles têm direito de compreender o que está sendo passado, em qualquer área da sociedade. Eu me sinto extremamente feliz em prestar esse trabalho, que, inclusive, chama muita atenção das crianças, e desperta o interesse em aprender Libras”, assinalou. Elise Milani Martim, a fotógrafa do grupo, é surda e declarou que ama participar e sentir a energia das crianças.
Parceira de Mônica nas apresentações, Maria Zirsa, 76, formada em psicologia, enfatizou que a participação da criança “no mundo de faz de conta” é crucial para o desenvolvimento psicológico. “Faz parte da vida e do crescer da criança. É uma honra ver a inclusão que foi feita e poder participar”, comemorou.
Ao fim da aula, o grupo entrega aos gestores da escola um material impresso com edições em braile.
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