Além de ser um momento de muitas emoções, os Jogos Olímpicos também podem proporcionar uma série de incentivos para pessoas de todas as idades. Ter acesso aos esportes, mesmo que os assistindo de longe, pode influenciar na prática esportiva. Para crianças e adolescentes em fase escolar e que devem ter acesso a essas práticas como parte do currículo, as Olimpíadas podem incentivar não só a praticar as mesmas atividades, como também de tê-las como carreira no futuro.
De acordo com a professora Regina Lúcia Sucupira Pedroza, do Departamento de Psicologia Escolar e do Desenvolvimento da Universidade de Brasília (UnB), ocorre em algumas escolas uma desvalorização da prática de atividades físicas e um momento como os Jogos Olímpicos pode representar o ponto de partida para despertar o interesse dos estudantes. "O esporte é muito importante no desenvolvimento como um todo do indivíduo. Então, esse momento das Olimpíadas é muito interessante para os pais levarem a demanda também nas escolas", frisa a especialista.
Para a professora Bernadete Cordeiro, coordenadora do curso de pedagogia do Centro Universitário do Distrito Federal (UDF), o esporte desempenha um papel crucial na formação integral das crianças. "Pode contribuir para o seu desenvolvimento físico, social, emocional, cognitivo, e para a aquisição de hábitos saudáveis. Além disso, a prática esportiva é uma ferramenta poderosa para a inclusão social, permitindo que crianças de diferentes origens, habilidades e condições se integrem e se valorizem mutuamente", destaca.
Além disso, os Jogos Olímpicos de Paris 2024 trouxeram um lado novo com a divulgação em massa dos esportes e resultados pelas redes sociais. Chegando para cada vez mais pessoas, os especialistas veem que eles podem, sim, ser um incentivador para introduzir a atividade física na rotina dos filhos.
Segundo a professora Fernanda Oliveira, coordenadora do curso de educação física do UDF, a procura por modalidades esportivas, especialmente as olímpicas, aumentou após os Jogos. "Um exemplo foi o que aconteceu com o projeto que revelou Rebeca Andrade, que recebeu inúmeras inscrições após os resultados alcançados por ela", pontua.
Oferta
No DF, várias escolas oferecem uma série de modalidades esportivas para alunos, seja no período integral ou até mesmo na grade curricular. Na Maple Bear, a oferta de modalidades chama atenção pela quantidade: 22 ao todo. Dessa lista, seis são de esportes olímpicos: judô; ginástica rítmica; skate; natação; tênis de mesa e ginástica artística.
Um dos diferenciais é que a escola fez parcerias para ensinar os alunos que querem praticar tênis de mesa e judô com influência de dois grandes atletas brasileiros: Hugo Calderano e Tiago Camilo.
Jorge Vieira é professor de tênis de mesa e gestor da metodologia Hugo Calderano na unidade Sudoeste da Maple Bear em Brasília. Ele conta que o atleta tem quatro pilares muito fortes dentro do dia a dia dele — criatividade, liberdade, disciplina e diversão — e que eles levam isso para as aulas de tênis de mesa na instituição.
"São aulas em que a gente foca muito em trazer um protagonismo para o aluno. Criamos alguns desafios e provocações para eles pensarem um pouco mais sobre o jogo, e eles acabam levando essa qualidade da mesa para fora da mesa, para os estudos, para a organização em casa, com a disciplina de cuidado do próprio material, de lutar por cada ponto", salienta o professor.
José Carlos da Gama Campos tem 12 anos e, entre as quatro modalidades que pratica na escola (tênis de mesa, karatê, futebol e parkour), o tênis de mesa é a que ele mais gosta. Ele conta que antes de se mudar para Brasília, quando vivia em Salvador, ele e o pai costumavam jogar muito juntos e que esse desejo de seguir praticando o esporte só cresceu. Sobre a metodologia Hugo Calderano ele afirma: "É muito divertido e tem um bocado de coisas que eu nunca tinha visto e aprendi com ela".
De acordo com Natália Rocha, diretora da unidade Sudoeste da Maple Bear, o exercício físico libera importantes hormônios que atuam no bem-estar da criança e também podem ajudar crianças e adolescentes que sofrem com depressão e crises de ansiedade. "Observamos o aumento da autoestima, o aumento do pertencimento, o estímulo ao trabalho colaborativo, o trabalho da superação e da frustração de formas saudáveis", avalia.
Inspiração
Entre as principais modalidades oferecidas na escola Maple Bear, uma que tem bastante procura é a ginástica artística. Mirtes Vidica, 46 anos, é mãe de Giovanna Vidica de Paiva, 10. Ela conta que a filha teve o interesse em praticar a modalidade desde pequena. Nos Jogos Olímpicos, Giovanna acompanhou o que pôde das competições, já que estava na escola durante algumas transmissões e o interesse pela modalidade da ginástica falou mais alto. “Ela tem muito interesse pela ginástica, já assistiu a filmes de ginástica e sabe tudo sobre a vida da Rebeca Andrade”, destacou a mãe.
Raisa Arakawa Pamplona é professora de ginástica artística da Maple Bear desde o começo do ano, e afirma que a procura pela modalidade se tornou maior desde o fim dos Jogos, uma vez que a modalidade levou várias medalhas em Paris 2024. “Foi uma conquista muito grande, motivando cada vez mais as crianças a quererem praticar e, nas aulas, a gente também usa isso como incentivo”, revela.
A professora, que foi ginasta, conta que as aulas podem também ajudar a estimular os estudantes. “A gente trabalha a questão de coordenação motora, de consciência corporal e flexibilidade junto aos conteúdos educativos, para depois passarmos à parte dos acrobáticos e trazermos isso de forma lúdica na escola, para que as crianças se envolvam e se divirtam. A ginástica também ensina disciplina, resiliência e superação para levar para a vida adulta”, acentua.
Outra modalidade oferecida no colégio é o judô, praticado pelo pequeno Luiz Antônio Siston, 4, que foi cativado desde novinho, segundo conta a mãe dele, Roberta Siston, 42. Ela diz que o filho descobriu o esporte por meio de um panfleto distribuído em um parquinho que falava sobre uma academia de judô, e que Luiz Antônio ficou dias com o papelzinho falando que queria praticar a modalidade. Com 2 anos à época, a mãe conta que precisou procurar alguma academia que o aceitasse tão novo. “A escola ainda não aceitava por conta da idade. Só esse ano que ele foi para a turminha que já podia fazer judô e o tiramos da academia e deixamos aqui”, conta a mãe.
Roberta revela que ela e o marido são muito ligados ao esporte, ela, especialmente ao triatlo. O sonho era competir nos Jogos Olímpicos de Sydney 2000, mas não conseguiu, contudo realizou parcialmente o sonho ao carregar a tocha olímpica dos Jogos do Rio 2016 e foi selecionada para trabalhar como voluntária na mesma edição. Ela atribui o amor do filho pelo judô à vivência dele vendo os pais praticando esportes. “Inclusive vai ter a corrida da escola agora e ele já está super empolgado, até me fez comprar um tênis de corrida”, brinca
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