inovação

Jovem de 19 anos recebe 11 prêmios por criação de conservante natural

Produto pretende aumentar o prazo de validade dos alimentos, diminuir o desperdício e ajudar agricultores que podem sofrer prejuízos econômicos

Lara Costa*
postado em 12/09/2024 15:27 / atualizado em 13/09/2024 22:14
Gabrielle representando o Brasil na  International Science and Engineering Fair (ISEF), em Los Angeles, Estados Unidos -  (crédito: Arquivo Pessoal.)
Gabrielle representando o Brasil na International Science and Engineering Fair (ISEF), em Los Angeles, Estados Unidos - (crédito: Arquivo Pessoal.)

Gabrielle de Oliveira Rodrigues, 19 anos, recebeu 11 prêmios nacionais e internacionais por ter desenvolvido um conservante natural. O produto é de revestimento comestível à base de dois produtos de espécies nativas da região: o mandacaru e a cera de carnaúba. Ela criou o produto em 2023, quando estava no terceiro ano do ensino médio na escola Luiz Girão, localizada na cidade de Maranguape, município do Ceará. 

A jovem foi condecorada em algumas feiras de ciências e engenharia, como a Mostra Científica do Cariri (Mocica) em 2023, a Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace) e a Regeneron International Science and Engineering Fair (Isef), nos Estados Unidos, ambas em 2024. Dentre essas premiações, ela ficou em primeiro lugar na categoria ciências agrárias na Mocica e na Febrace, e em segundo lugar na categoria plant sciences na Isef. 

Danos dos conservantes

Os conservantes auxiliam na longevidade de vida de prateleira dos alimentos, ou seja, o prazo que o alimento apresenta boas condições de consumo, o que, consequentemente, pode diminuir as perdas ao longo da cadeia produtiva devido à deterioração precoce. Nesse contexto, a jovem criou o conservante natural para aumentar a longevidade dos alimentos e diminuir o desperdício alimentar, em especial, com frutos, frutas e hortaliças. 

Na pesquisa, Gabrielle descobriu que muitos alimentos são descartados por não possuírem as características organolépticas — que podem ser percebidas pelos sentidos humanos — desejáveis para o consumidor final por alguns fatores, como a aparência, sabor ou textura. “Nos testes que realizei, pude ver uma grande vantagem na utilização do conservante em relação a essas propriedades, assim, podendo auxiliar na diminuição do descarte nesse quesito”, descreve. 

Além disso, o desperdício e as perdas de alimentos impactam diretamente o trabalho dos agricultores, que sofrem prejuízos econômicos. Essa também é uma realidade próxima da vida de Gabrielle, “já que a agricultura é um setor proeminente na minha região e que sofre com essa problemática”. 

Atualmente, o projeto está em fase de patente, para que o produto seja incorporado no setor agrário, com um foco principal nas cooperativas de agricultura familiar da região, mas o processo ainda está em andamento e não tem informações disponíveis. Diante disso, a jovem tem expectativas altas, e acredita que o produto pode auxiliar na geração de emprego e renda para os profissionais do setor.

  • Registro da jovem fazendo o corante
    Registro da jovem fazendo o corante Arquivo Pessoal
  • Produção do revestimento do conservante natural
    Produção do revestimento do conservante natural Arquivo Pessoal

Influência para a carreira

Essa pesquisa fez Gabrielle se interessar e engajar mais a divulgação científica, e também dá crédito ao papel da escola, que incentiva os alunos a fazerem pesquisas de ciências. “Esses projetos, assim como como o meu também possuem um apelo social e são de grande relevância tanto para a formação acadêmica dos alunos quanto para a construção e desenvolvimentos de ideias inovadoras”, comemora.

Além disso, a experiência influenciou a jovem a querer seguir na carreira de pesquisadora. “Na iniciação científica, pude me descobrir como pesquisadora a partir de uma abordagem única, que abrange o conhecimento e aplicação do método científico, o que foi essencial para que eu compreendesse meus interesses e desenvolver a minha vontade de trabalhar com isso”. 

Mesmo sendo aprovada na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) para o curso de engenharia de alimentos, a Gabrielle optou por concorrer por outros processos seletivos em outras instituições de ensino para poder seguir na carreira de pesquisadora, especificamente nas áreas da biologia e ciências agrárias.

*Estagiária sob supervisão de Marina Rodrigues

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