Gabrielle de Oliveira Rodrigues, 19 anos, recebeu 11 prêmios nacionais e internacionais por ter desenvolvido um conservante natural. O produto é de revestimento comestível à base de dois produtos de espécies nativas da região: o mandacaru e a cera de carnaúba. Ela criou o produto em 2023, quando estava no terceiro ano do ensino médio na escola Luiz Girão, localizada na cidade de Maranguape, município do Ceará.
A jovem foi condecorada em algumas feiras de ciências e engenharia, como a Mostra Científica do Cariri (Mocica) em 2023, a Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace) e a Regeneron International Science and Engineering Fair (Isef), nos Estados Unidos, ambas em 2024. Dentre essas premiações, ela ficou em primeiro lugar na categoria ciências agrárias na Mocica e na Febrace, e em segundo lugar na categoria plant sciences na Isef.
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Danos dos conservantes
Os conservantes auxiliam na longevidade de vida de prateleira dos alimentos, ou seja, o prazo que o alimento apresenta boas condições de consumo, o que, consequentemente, pode diminuir as perdas ao longo da cadeia produtiva devido à deterioração precoce. Nesse contexto, a jovem criou o conservante natural para aumentar a longevidade dos alimentos e diminuir o desperdício alimentar, em especial, com frutos, frutas e hortaliças.
Na pesquisa, Gabrielle descobriu que muitos alimentos são descartados por não possuírem as características organolépticas — que podem ser percebidas pelos sentidos humanos — desejáveis para o consumidor final por alguns fatores, como a aparência, sabor ou textura. “Nos testes que realizei, pude ver uma grande vantagem na utilização do conservante em relação a essas propriedades, assim, podendo auxiliar na diminuição do descarte nesse quesito”, descreve.
Além disso, o desperdício e as perdas de alimentos impactam diretamente o trabalho dos agricultores, que sofrem prejuízos econômicos. Essa também é uma realidade próxima da vida de Gabrielle, “já que a agricultura é um setor proeminente na minha região e que sofre com essa problemática”.
Atualmente, o projeto está em fase de patente, para que o produto seja incorporado no setor agrário, com um foco principal nas cooperativas de agricultura familiar da região, mas o processo ainda está em andamento e não tem informações disponíveis. Diante disso, a jovem tem expectativas altas, e acredita que o produto pode auxiliar na geração de emprego e renda para os profissionais do setor.
Influência para a carreira
Essa pesquisa fez Gabrielle se interessar e engajar mais a divulgação científica, e também dá crédito ao papel da escola, que incentiva os alunos a fazerem pesquisas de ciências. “Esses projetos, assim como como o meu também possuem um apelo social e são de grande relevância tanto para a formação acadêmica dos alunos quanto para a construção e desenvolvimentos de ideias inovadoras”, comemora.
Além disso, a experiência influenciou a jovem a querer seguir na carreira de pesquisadora. “Na iniciação científica, pude me descobrir como pesquisadora a partir de uma abordagem única, que abrange o conhecimento e aplicação do método científico, o que foi essencial para que eu compreendesse meus interesses e desenvolver a minha vontade de trabalhar com isso”.
Mesmo sendo aprovada na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) para o curso de engenharia de alimentos, a Gabrielle optou por concorrer por outros processos seletivos em outras instituições de ensino para poder seguir na carreira de pesquisadora, especificamente nas áreas da biologia e ciências agrárias.
*Estagiária sob supervisão de Marina Rodrigues