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Artigo: O papel da tecnologia na educação dos seus filhos

A tecnologia está presente na rotina de cada estudante, e prever quando ela pode se encaixar melhor em contextos de aprendizagem é sempre um ganho

Opinião
postado em 15/09/2024 06:00
O uso da tecnologia com objetivos pedagógicos claros é o ideal -  (crédito: Maurenilson Freire)
O uso da tecnologia com objetivos pedagógicos claros é o ideal - (crédito: Maurenilson Freire)

Por Vinícius de Oliveira e Ruam Oliveira* — Famílias em fase de decisão sobre a escola ideal para matricular seus filhos devem ampliar seu olhar sobre o papel da tecnologia na educação. A proibição de celulares em sala de aula tem sido motivo de debates, por vezes acalorados, tanto no presencial quanto em ambientes on-line. As redes sociais — que também são vistas como vilãs nesse contexto — ampliam ainda mais a temperatura, afinal de contas, são elas as responsáveis por roubar a atenção dos estudantes. 

Estados Unidos, Argentina e alguns países da Europa já ensaiam uma proibição total dos aparelhos dentro das salas de aula. Contudo, é importante reconhecer que essa medida, por si só, não encerra o debate sobre o papel da tecnologia na educação. Professores, escolas e famílias precisam estar atentos a questões que vão além das regras de uso desses dispositivos.

A tecnologia está presente na rotina de cada estudante, e prever quando ela pode se encaixar melhor em contextos de aprendizagem é sempre um ganho. É válido ressaltar também que, em muitos casos, e considerando as dimensões continentais do Brasil, um aparelho celular talvez seja o único dispositivo que alguns estudantes possuem para realizar pesquisas on-line e desenvolver determinadas tarefas. A pesquisa TIC Kids Online 2022 mostrou que 96% dos jovens têm o celular como dispositivo mais acessado para conexão. Dentre eles, 82% dos jovens das classes D e E têm o aparelho como única opção de acesso. 

O uso da tecnologia com objetivos pedagógicos claros é o ideal. Ela já faz parte da vida dos estudantes, e cabe à escola desenvolver as habilidades necessárias para aproveitar seu potencial. Entretanto, nem todas as escolas estão preparadas para essa tarefa. Uma ferramenta do Centro de Inovação para a Educação (Cieb) identificou que muitos professores ainda estão em fase de familiarização com a tecnologia. Portanto, oferecer formação contínua, e não apenas episódica, é um grande diferencial.

Mesmo que a escola proíba o uso da tecnologia, os estudantes continuarão acessando-a em outros ambientes, e a instituição precisará enfrentar essa realidade. Estudantes estão constantemente imersos no mundo digital, o que nem sempre traz benefícios, e, para navegar nesse ambiente, eles precisam de ferramentas adequadas. A escola tem um papel fundamental na preparação, no desenvolvimento da criticidade e da cidadania digital. Como os estudantes podem enfrentar a desinformação na internet se a escola não dedica tempo para discutir o tema? É possível ter esse debate sem o uso da tecnologia? É pouco provável que esse debate ocorra sem o uso da tecnologia.

Além da cidadania digital, o uso da tecnologia com objetivos claros permite novas formas de interação, distanciando os dispositivos da mera reprodução de vídeos. Eles podem ser utilizados para muito mais.

A escola oferece atividades colaborativas de forma regular? Ou são eventos pontuais? Atividades colaborativas, com professores de diferentes áreas trabalhando juntos, são uma maneira eficaz de desenvolver habilidades sociais essenciais para o estudante. 

Compreender as possibilidades da tecnologia na educação também envolve a formação docente. Professores capacitados sabem quando e como introduzir a tecnologia nas aulas. Entender as possibilidades de uso da tecnologia na educação também envolve reconhecer a necessidade de formação docente. Professores capacitados para integrar a tecnologia nas aulas saberão o momento exato de utilizá-la em sala de aula.

Reduzir o debate sobre o uso de tecnologia na escola à questão do celular é precipitado. Dentre as muitas demandas que recaem sobre a escola, a tecnologia é uma das mais relevantes. E não será o tempo de aula sem celular que desconectará o estudante de um mundo cada vez mais mediado pela tecnologia.

*Vinícius de Oliveira, editor do Porvir, e Ruam Oliveira, repórter do Porvir

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