Pesadelo dos pais de bebês e de crianças, as viroses que circulam por escolas preocupam e exigem medidas de prevenção. O clima seco, com umidade do ar em níveis de alerta, contribui para o agravamento do cenário. Em várias cidades do país os registros de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), Doença Diarreica Aguda (DDA) - causada pelo rotavírus -, e até mesmo de dengue colocam a população e as autoridades de saúde em alerta. No ambiente escolar, os cuidados também devem ser observados.
A pediatra Fabiana Fonseca esclarece que existem dois grupos de virose: um deles gera sintomas respiratórios (como tosse, coriza e febre) e o outro, sintomas gastrointestinais (como diarreia, vômito, dor na barriga e febre). Há ainda pacientes que apresentam os dois tipos de sintomas juntos.
Normalmente, o contágio das viroses respiratórias é feito pela proximidade com a pessoa infectada — a gotícula acaba transmitindo a virose por meio do ar, facilitando o contágio. Já a virose gastrointestinal é passada por meio do contato com alimentos contaminados e problemas com higiene — que podem ser facilitados devido ao calor.
A doutora ressalta que, uma vez avisados pela escola sobre os sintomas do estudande, é importante que os responsáveis mantenham a criança em repouso, hidratada e que ofereçam alimentos mais leves. Se a criança apresentar diarreia ou vômito, é recomendado que seja dada uma medicação segura para esses sintomas, com orientação médica. Ao sinal de desidratação, é importante a reidratação oral com soro ou que a criança seja levada para uma consulta com pediatra.
Fique de olho
A Secretaria de Saúde faz algumas recomendações para a prevenção do aparecimento de viroses respiratórias em crianças:
- Lavagem frequente de mãos
- Utilização de álcool em gel
- Evitar o contato com pessoas que apresentam sintomas de coriza, tosse e gripe
- Ter cuidado com a higiene dos alimentos
- Evitar ambientes fechados
Já para a prevenção do rotavírus, o Ministério da Saúde recomenda a vacinação em crianças menores de 6 meses para o rotavírus humano G1P1[8]. Outras atitudes também ajudam:
- Lavar as mãos com frequência
- Proteger os alimentos de insetos e animais
- Lavar e desinfectar superfícies, utensílios e equipamentos utilizados para a preparação de alimentos
- Ensacar e manter sempre fechada a tampa do lixo
- Guardar a água tratada em vasilhas limpas
Existem vacinas também para diversas viroses respiratórias. O ministério disponibiliza uma página na internet com todas as vacinas necessárias, desde a primeira infância até a fase adulta: www.gov.br/saude/pt-br/vacinacao/calendario.
Na prática
Eliana Perdigão, diretora da escola Galois Le Petit, conta quais cuidados a instituição optou para a precaução das viroses respiratórias entre os alunos. “As atividades foram transferidas para espaços mais amplos e as brincadeiras escolhidas evitam que as crianças fiquem muito próximas, prevenindo o contato e transmissão de vírus”. Antes das refeições, as crianças são conduzidas a lavar as mãos, outro cuidado para evitar contaminação.
A escola também orienta os pais sobre alguns cuidados com as crianças, como utilização de umidificadores, lágrimas artificiais — indicada por um oftalmologista para evitar ressecamento nos olhos —, evitar atividades físicas ao sol e espaços aglomerados, além do cuidado com a hidratação.
A diretora explica, ainda, que a escola conta com uma nutricionista para ajudar no monitoramento e prevenção de alimentos contaminados. A profissional cuida do balanceamento das refeições, evitando produtos industrializados e frituras. Ela também verifica a qualidade dos alimentos e confere se a temperatura dos balcões refrigerados está de acordo com as condições do acondicionamento. A escola pede para que, aqueles que preferem trazer comida de casa, tragam frutas e alimentos leves.
Para manter uma comunidade saudável, a orientação aos professores é de que, ao observar sinais de virose em um estudante, a criança seja encaminhada para a equipe de primeiros socorros e que a família seja notificada. Se confirmada a doença, é pedido para que o aluno fique em casa e apenas retorne após alta médica, com a apresentação de atestado.
Em alta
No Boletim InfoGripe, divulgado no dia na última semana, foi informado que o rinovírus apresentou aumento em vários estados do país, sendo a principal causa da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) entre crianças e adolescentes de 2 a 14 anos.
Em Goiânia, um surto de Doença Diarreica Aguda (DDA), causada pelo rotavírus, atingiu 74 municípios, gerando 12.205 notificações de casos da doença — que apresenta sintomas de diarreia e febre alta, podendo provocar desidratação e até a morte.
Em 2024, entre os surtos de virose, houve um aumento do número de casos da dengue. Entre janeiro e agosto, o Brasil apresentou cerca de 6.500.835 casos, de acordo com os dados divulgados pelo Painel de Monitoramento de Arboviroses do Ministério da Saúde.
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*Texto por João Ribeiro, estagiário sob supervisão de Mariana Niederauer
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