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Professor de história, Paulo Cardoso deixa legado no Colégio Galois

O docente faleceu na segunda-feira (12/8), aos 73 anos, e recebeu homenagens de centenas de estudantes e colegas nas redes sociais

Marina Rodrigues
postado em 14/08/2024 22:27 / atualizado em 14/08/2024 23:38
Professor de história e antropólogo, Paulo Alves divertia os alunos ao contar suas aventuras e vivências no Xingu, na década de 70 -  (crédito: Arquivo pessoal)
Professor de história e antropólogo, Paulo Alves divertia os alunos ao contar suas aventuras e vivências no Xingu, na década de 70 - (crédito: Arquivo pessoal)

O professor de história Paulo Alves Cardoso, que marcou o ensino do Colégio Galois, faleceu na última segunda-feira (12/8), aos 73 anos. A notícia foi dada pela instituição nas redes sociais. “Aos familiares, amigos e ex-alunos, manifestamos nossa solidariedade e carinho neste momento difícil. Paulo Alves Cardoso sempre será lembrado por sua paixão pelo conhecimento, pelos incríveis desenhos no quadro, pelos seus enormes mapas e, claro, pelo respeito às culturas e pelo impacto transformador que causou em todos que o conheceram. Descanse em paz, professor. Seu legado viverá para sempre em nossos corações”, publicou o Galois no Instagram.

A postagem contou com centenas de homenagens de estudantes, ex-alunos e colegas de profissão. “Algo que muitos não sabem ou não se recordam foi que o Paulo, numa Reunião Pedagógica que tivemos por volta de 2012, trouxe-nos as palavras ‘Dai-nos, Senhor, a serenidade para aceitar as coisas que não podemos modificar, coragem para modificar as que podemos, e sabedoria para distinguir umas das outras’. Essas palavras, então, foram adicionadas à oração diária que alunos e professores faziam todos os dias. Paulo foi um exemplo de professor e um ser humano ímpar. Descanse em paz, grande mestre”, diz um dos comentários.

Trajetória

Além do Galois, Paulo deixou sua marca ao ministrar aulas nos colégios Compacto e Objetivo entre os anos 80 e 90. Formou-se em ciências sociais e ciência política na Universidade de Brasília (UnB) e, antes de se tornar professor de história, atuou como antropólogo, chegando a trabalhar na Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e viver no território indígena do Xingu em 1975. “Os alunos dele no Galois adoravam as histórias que ele contava do seu convívio com os indígenas do Xingu. Paulo era famoso pela sua aversão às novas tecnologias, como celular e computador, que nunca possuiu”, revela ao Correio Cássio Tunes, 61 anos, que acompanhou de perto a jornada profissional e a vida do educador. 

Coordenador de Paulo Alves por muitos anos, Cássio sente profundamente a perda do amigo de longa data, do qual fala com carinho e admiração. “Conhecia o Paulo há mais de 20 anos, mas trabalhamos juntos no Galois entre 2004 e 2021. [...] Ele era também tradutor. Dominava o inglês, francês, alemão e espanhol, além do latim. Complementava seu salário com traduções. Era um bibliófilo. Sempre lendo livros. Comentávamos muito sobre novos títulos e obras de história. Estava sempre atualizado”, conta. 

Paulo nasceu em Silvânia, Goiás, em 12 de outubro de 1950, e foi para Brasília com a família em 1964. O pai era médico e assumiu um cargo de chefia no Hospital de Base do DF. “Ele e os irmãos cresceram acompanhando o pai no Hospital de Base. Não tinha plano de saúde porque, sempre que precisava, ia para esse hospital, que, aliás, sempre elogiou”, relata Cássio. “O destino o levou a falecer lá, na UTI, 60 anos após chegar em Brasília”, completa.

Ao detalhar o jeito de ser de Paulo, Cássio traz detalhes de quem teve a honra de conviver durante boa parte da vida. “Uma pessoa muito tranquila. Nunca o vi levantando a voz. Era famoso pela calma, e sempre a manteve. Nos últimos anos, expressou pessimismo quanto ao futuro da educação no Brasil e ao futuro do país de uma maneira geral. Era muito querido pelos alunos e colegas”. "E adorava bolos, principalmente do Bolos do Flávio”, brinca, em tom de nostalgia e afeto.

 

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