A prática de esportes é vital para o desenvolvimento infantil e a inclusão social. Ela melhora habilidades físicas, como coordenação, capacidades cognitivas, concentração, e também promove trabalho em equipe, disciplina e responsabilidade. Socialmente, os esportes quebram barreiras culturais, incentivam a aceitação e oferecem integração e igualdade de oportunidades, além de reduzir comportamentos de risco, contribuindo para uma sociedade mais inclusiva.
O jogo e o esporte seguro e inclusivo fazem parte dos direitos de toda criança e adolescente, assegurados na Constituição Federal brasileira e no Estatuto da Criança e do Adolescente. No entanto, as escolas públicas brasileiras apresentam um deficit na estrutura para a prática desportiva. De acordo com dados do Censo Escolar de 2023, apenas 36% oferecem quadras esportivas para a realização das aulas de educação física.
As escolas federais e estaduais apresentam melhor situação, com 79% e 67%, respectivamente, contando com quadras esportivas. Já nas unidades municipais, apenas 27% têm essa estrutura, o que reduz o indicador nacional, considerando que essas representam três vezes mais do que as duas primeiras somadas. Análises apresentadas no documento De Olho na Cidadania – Atuação do Ministério da Cidadania no Esporte Educacional: Desafios e Perspectivas, publicado em 2021 pelo governo fderal, reforçam a situação de precariedade das quadras esportivas nas escolas brasileiras. O estudo identificou que cerca de 10% delas possuem "terreiros", espaços sem asfalto ou gramado.
“A aprendizagem na escola não ocorre apenas na sala de aula, mas também em todos os ambientes que promovam a convivência entre as crianças e adolescentes. As quadras, enquanto um espaço para práticas esportivas, por vezes, são utilizadas também para a realização de atividades pedagógicas interdisciplinares que, assim como o esporte, são fundamentais para o desenvolvimento integral dos estudantes”, explica Patrícia Mota Guedes, superintendente do Itaú Social.
O estudo Itaú Social Cada Hora Importa, de 2021, mostra que a prática esportiva fora do ambiente escolar também é deficitária em famílias de baixa renda: apenas 3,8% da frequência observada entre crianças de famílias com maior renda per capita. O levantamento também mostra que, ao longo de onze anos, as crianças e adolescentes que pertencem aos 10% de famílias brasileiras com maior renda registraram mais de 500 horas em cursos e aulas de esporte. No caso dos 10% de famílias com menor renda, o número médio se aproxima do zero.
*Estagiária sob supervisão de Marina Rodrigues
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