OLIMPÍADA DE INFORMÁTICA

Líder de equipe medalhista fala sobre Olímpiada de Informática na Europa

Meninas conquistaram três medalhas para o Brasil

Estefania Lima
postado em 02/08/2024 15:16 / atualizado em 02/08/2024 15:17
Equipe brasileira na Olimpíada Europeira de Informática para Garotas (Egoi) de 2024, Veldhoven, Holanda -  (crédito: Arquivo pessoal)
Equipe brasileira na Olimpíada Europeira de Informática para Garotas (Egoi) de 2024, Veldhoven, Holanda - (crédito: Arquivo pessoal)

Não é só Rebeca Andrade ou Caio Bonfim que receberam medalhas esse ano em Olimpíada, não. Também três meninas, adolescentes, trouxeram medalhas olímpicas para o Brasil em julho: um ouro, uma prata e um bronze conquistados na Olimpíada Europeia de Informática para Garotas (Egoi, na sigla original), que ocorreu em Veldhoven, na Holanda, dos dias 21 a 27 de julho.

As vencedoras são alunas do ensino fundamental e médio de dois estados e do Distrito Federal. Dona da medalha de ouro, Maria Clara Fontes Silva, aluna do Colégio Coesi, de Aracaju (SE), tem 15 anos e é do 9º ano. A prata foi para o Colégio Etapa, de São Paulo, conquistada pela aluna do 9º ano Sofia Torres de Paula Cintra, de 15 anos. 

Já a medalha de bronze foi conquistada por Estela Baron Nakamura, de 17 anos, aluna do 3º ano do ensino médio do Colégio Pódion, de Brasília (DF). Junto a Gabriela Barbieri Stroeh, de Valinhos (SP), a equipe representou o Brasil na Egoi. 

Uma das líderes da equipe, e professora do Instituto de Computação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Juliana Freitag Borin conversou com o Correio sobre o evento.

"Elas [as meninas] participaram primeiramente da Olimpíada Brasileira de Informática (OBI), que é organizada pelo Instituto de Computação da Unicamp e promovida pela Sociedade Brasileira de Computação. Elas ficaram entre as melhores colocadas na OBI, e os melhores, tanto os meninos quanto as meninas, participam de um treinamento na Unicamp, que a gente chama de semana olímpica. Depois da semana olímpica, há uma seleção dos quatro meninos/meninas que vão representar o Brasil em outros eventos, como a Egoi", explicou a professora Borin.

A professora também relembra as dificuldades enfrentadas até o evento. "Foi preciso conseguir patrocínio para arcar com as taxas de participação e a viagem da equipe. Além disso, as meninas são menores de idade, então tem que conseguir os formulários para viagem, autorização dos pais. É bem burocrático", diz. Apesar do patrocínio necessário para a viagem e a inscrição, o evento cobre a alimentação e a hospedagem das equipes.

"Diferentemente do Brasil, muitos países não possuem incentivo à programação ou tecnologia da informação (TI). Foi muito bom ver que o Brasil está muito bem colocado e muito organizado nesse sentido", elogiou Juliana.

Apesar do elogio, a professora de computação também faz algumas críticas e reflexões. "Ainda é uma área que tem poucas mulheres. A OBI é dividida em dois níveis: ensino fundamental e ensino médio. Se a gente for olhar o número de meninas que participam na OBI, a gente vê que no ensino fundamental tem um número de meninas quase semelhante ao número dos meninos. Mas quando chega no ensino médio tem uma queda nesse número".

Para Juliana Borin, mostrar meninas participando de Olimpíadas, como a Egoi, e obtendo bons resultados ajuda a atrair o interesse delas por essa área. "A gente precisa que as mulheres atuem em TI, na computação, porque é uma área que hoje em dia está inserida em todas as outras", ressaltou.

A Egoi 2024

São dois dias de competição, onde as meninas têm de resolver quatro problemas de matemática, lógica e programação em até cinco horas. As soluções são apresentadas no formato de um programa. Cada problema possui sub-tarefas, que se resolvidas, melhoram a pontuação.

Ao todo, 57 países foram representados na Egoi 2024. As participantes, quatro meninas de cada país, são todas adolescentes entre 15 a 17 anos.

Os líderes não competem diretamente na resolução dos problemas, porém são responsáveis por traduzir os problemas para a língua original da equipe. Além disso, eles atuam como parte do Comitê Olímpico da Egoi apresentando sugestões, alterações e às vezes votando também.

A edição da Egoi deste ano proporcionou às jovens estudantes Maria Clara Fontes Silva, 15 anos, Sofia Torres de Paula Cintra, também 15, Estela Baron Nakamura, 17, e Gabriela Barbieri Stroeh, 16, a oportunidade de trazer três medalhas para casa e ainda trocar experiências com outras quase 200 meninas com as mesmas idades e interesses que elas.

Confira o ranking geral neste link.

Apesar da Egoi ter sido a poucos dias, Juliana destaca que logo serão escolhidos os meninos e as meninas que irão competir nas Olimpíadas Internacionais de Informática, que acontecem em setembro deste ano no Egito. Dentre as meninas, já é certo que umas das participantes da Egoi 2024, a Maria Clara Fontes Silva, vai estar no Egito representando o Brasil.

*Estagiária sob supervisão de Talita de Souza

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