A Escola Estadual Vladimir Herzog, em São Bernardo do Campo (SP), desistiu de adotar o modelo cívico-militar após intensa pressão por parte da sociedade civil. O comunicado veio pelas redes sociais da escola no domingo (21/7) e foi confirmado pela Secretaria de Educação do estado.
De acordo com o comunicado feito pela direção da escola, a ideia inicialmente era saber a opinião da comunidade escolar em aderir ao modelo, mas que diante de uma nova análise, decidiram não dar continuidade à consulta.
"Consideramos essa medida uma vitória significativa das manifestações populares e da mobilização social", comemorou o Instituto Vladimir Herzog (IVH), organização da sociedade civil criada para celebrar a vida e o legado do jornalista, em perfil nas redes sociais e em nota publicada no próprio site do instituto.
O diretor executivo do IVH, Rogério Sottili, disse ser "um absurdo e uma provocação implementar em uma escola que leva o nome de Vlado o modelo de estudo cívico-militar". Por isso, veêm "com bons olhos o recuo da direção da escola, especialmente porque demonstra a importância do vigor das manifestações e da pressão social".
O que ocorreu
Na última quinta-feira (18/7), a Secretaria de Educação de São Paulo (Seduc-SP) divulgou um edital de consulta pública para saber a opinião da comunidade escolar sobre a implementação do modelo cívico-militar nas escolas estaduais listadas em um edital divulgado na mesma ocasião.
Dentre as escolas, despertou a atenção da sociedade-civil a Escola Estadual Jornalista Vladimir Herzog, uma vez que o homem que dá nome à escola foi uma das vítimas do regime militar instaurado no Brasil em 1964.
Após a divulgação do edital, vários setores da sociedade-civil reagiram negativamente à implementação do modelo de ensino.
"Afronta inadmissível"
Na sexta-feira (19/7), o IVH reagiu com uma nota de repúdio à ideia. "É uma afronta inadmissível a mera cogitação de que seja militarizada uma escola que leva o nome de Vladimir Herzog, jornalista brutalmente assassinado por agentes da ditadura civil militar instaurada em 1964", diz um trecho do posicionamento.
De acordo com o instituto, o projeto do Governo do Estado de São Paulo de implementar escolas cívico-militares é inconstitucional e está fora das diretrizes educacionais do Ministério da Educação (MEC).
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