sonho possível

Jovem pede ajuda para representar o Brasil nas simulações da ONU nos EUA

Estudante do ensino médio e ativista social, Luana Melo, 18 anos, foi selecionada para participar do evento em 2025. Sem condições financeiras, ela está vendendo doces e abriu uma "vaquinha" online para receber doações

Lara Costa*
Eduardo Vanuncio*
postado em 21/07/2024 06:00 / atualizado em 21/07/2024 10:17
Luana Melo vende 
doces para arrecadar 
os cerca de R$ 30 mil necessários para 
custear a experiência. Ela também recebe doações por meio da
Luana Melo vende doces para arrecadar os cerca de R$ 30 mil necessários para custear a experiência. Ela também recebe doações por meio da "vaquinha" on-line - (crédito: Lara Costa.)

Aos 18 anos, Luana Melo está entre os 30 estudantes selecionados para representar Brasília e o Brasil nas simulações da Organização das Nações Unidas (ONU) nas universidades de Harvard, em Boston, e de Yale, em New Haven. O evento, possibilitado pela Internationali Negotia, começa em 19 de janeiro de 2025, com duração de cinco dias, nos Estados Unidos.

O objetivo dessa simulação é que os envolvidos promovam um debate mais competitivo e realista em relação a temas internacionais, como educação, saúde, paz, segurança e direitos humanos, atuando como diplomatas do país em exercício na ocasião. Diante disso, eles precisam defender os interesses e posicionamentos do país designado em um assunto de impacto global, com o objetivo de resolver conflitos mundiais. Além disso, eles escreverão documentos e propostas de resoluções.

Engajamento

Luana Melo está no terceiro ano do ensino médio do colégio Marista, onde estudava com bolsa, mas agora tem a mensalidade paga por um parente, que decidiu ajudá-la. A estudante precisa arrecadar cerca R$ 30 mil para viabilizar a viagem, já que a família não tem condições financeiras para contribuir. A jovem busca recursos como a venda de brigadeiros, brownies e a criação de uma "vaquinha" on-line, e está pensando em lançar uma rifa.

Durante o período da escola, Luana se envolveu com projetos sociais, organizações não governamentais (ONGs) e as simulações da ONU na capital, essas últimas sendo atividades extracurriculares da própria escola. No total, ela participou de oito simulações, recebendo menção honrosa em todas e liderando a edição deste ano.

Essas experiências despertaram o interesse dela pelo ativismo social na área da geopolítica e a ajudaram a entender seu grande sonho. "Tudo isso começou com as simulações, o que eu venho passando, minha vontade de crescer e de ser alguém maior e de espalhar realmente essa paz e segurança para as outras pessoas, principalmente, para as mulheres", explica. 

Projeto de mentoria

Além do envolvimento na escola, a jovem criou, no início deste ano, um projeto de mentoria, o Lu na Geopolítica, no Instagram (@lunageopolitica), no qual fala de atualidades e dá dicas para quem se interessa pelas discussões internacionais. "O intuito foi chegar às comunidades que mais precisam, espalhando informações sobre a geopolítica e as simulações. Conversamos, as pessoas tiram dúvidas sobre o processo e eu explico, basicamente, como foi no meu caso, o que fazer e o que não fazer."

Na rede social, ela grava vídeos discorrendo sobre acordos, guerras, impasses e conflitos mundiais, explicando-os de forma didática e descontraída para os seguidores. "Eu posto mais conteúdos sobre geografia, relações internacionais e ciência política, no geral. Porque você está representando uma nação, um país, e deve ter o direito e a base para conseguir falar sobre pautas importantes", defende.

Luana acredita que o projeto pode ser uma maneira de democratizar o conhecimento e a educação. "Eu quero muito democratizar o meu perfil para que possamos conseguir realmente levar essa educação para quem não tem acesso a essas informações."

Além de levar dignidade aos mais vulneráveis, ela tem outro objetivo em sua jornada: inspirar mais jovens, especialmente meninas, a serem protagonistas nas simulações. "Penso no que posso fazer para que isso alcance as pessoas, para que elas possam sonhar com esse direito das mulheres estarem na diplomacia, assim como eu sonhei", compartilha. 

A jovem tem o seguinte lema: "A situação econômica de qualquer garota não deve limitar a sua voz política." E assim ela inspira pessoas que, como ela, estão tendo que enfrentar grandes desafios para vencer.

*Estagiários sob supervisão de Marina Rodrigues

 


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