INCLUSÃO

Alunas do CEF 213 de Santa Maria "criam" voz para colega poder se comunicar

Estudantes do 7º ano do CEF 213 de Santa Maria criam equipamento que transforma texto em voz para colega com paralisia cerebral poder se comunicar. Ana Vitória Soares, de 16 anos, agora, tem mais vontade de ir para a escola

Davi Cruz
postado em 04/07/2024 10:00 / atualizado em 04/07/2024 10:20
O professor de ciências William Vieira levou a demanda a alunas de robótica do CEF 213 de Santa Maria, que criaram uma caixa robótica para ajudar Ana Vitória, que tem paralisia cerebral, a se comunicar -  (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
O professor de ciências William Vieira levou a demanda a alunas de robótica do CEF 213 de Santa Maria, que criaram uma caixa robótica para ajudar Ana Vitória, que tem paralisia cerebral, a se comunicar - (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)

Um exemplo inspirador de inclusão, que mostra o poder da vontade, da união em prol de uma causa. Uma ideia que reflete o poder da tecnologia e do apoio no ambiente escolar para a transformação de realidades. É o que acontece no Centro de Ensino Fundamental (CEF) 213 de Santa Maria, onde 11 estudantes do 7º ano juntaram esforços, com a ajuda do professor de ciências, William Vieira, e criaram uma caixa robótica capaz de driblar as dificuldades de comunicação de uma colega com paralisia cerebral, Ana Vitória Soares, 16 anos. Confira abaixo o vídeo da matéria completa.

 
 
 
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A ideia surgiu quando o professor de ciências William Vieira de Araújo decidiu adaptar as atividades de Ana Vitória, e notou que a estudante demonstrava facilidade com a escrita e a leitura digital. "Eu trouxe um tablet para a Ana, e logo percebi a habilidade que ela tinha, pois entendia completamente as coisas que eu perguntava", descreve ao Correio. Em seguida, o professor levou a questão ao grupo de 11 meninas da aula de robótica, que já existia. "As colegas se empolgaram muito em tentar resolver essa situação e começamos a estudar mais profundamente", relembra.

Com base nessa demanda, o projeto intitulado A Voz da Ana surgiu em busca da criação de uma solução para as dificuldades de comunicação da estudante. Após dois meses de pesquisa, as alunas descobriram, sozinhas, a existência de uma ferramenta que dá voz ao texto escrito no Scratch, plataforma de desenvolvimento de jogos, que serviu de base para a produção da caixa robótica. 

Segundo Vieira, para construir o equipamento de suporte foi necessário desenvolver habilidades em programação e pensar na engenharia do protótipo que, no início, era feito de papelão. A partir disso, criou-se o dispositivo de voz e teclado, que Ana utiliza para digitar. O equipamento também dispõe de botões na interface inicial, para comentários, frases e respostas de uso frequente, como "está certo", "está errado", "presente", "eu gosto" e "eu não gosto". À reportagem, Ana mostrou a funcionalidade do equipamento: digitou as palavras Correio Braziliense e o próprio nome. E antecipou que, em seu aniversário, quer ganhar do professor William uma caixa de som para amplificar o volume de seu dispositivo. Ela fará 17 anos em 12 de outubro, Dia da Criança.

As estudantes Vitória Medeiros e Kássia Dias, ambas com 13 anos, são as responsáveis pelo desenvolvimento da caixa robótica. Com o apoio do professor e das demais colegas, criaram a estrutura tecnológica e se sentem muito felizes por contribuir com a inclusão de Ana Vitória. "Esperamos que, a partir desse projeto, outras pessoas também possam ser beneficiadas", comemoram.

  • Alunas do CEF 213 de Santa Maria criam caixa robótica para ajudar colega Ana Vitória, que tem paralisia cerebral, a se comunicar
    Alunas do CEF 213 de Santa Maria criam caixa robótica para ajudar colega Ana Vitória, que tem paralisia cerebral, a se comunicar Minervino Júnior/CB
  • Alunas do CEF 213 de Santa Maria criam caixa robótica para ajudar colega Ana Vitória, que tem paralisia cerebral, a se comunicar
    Alunas do CEF 213 de Santa Maria criam caixa robótica para ajudar colega Ana Vitória, que tem paralisia cerebral, a se comunicar Minervino Júnior/CB
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    Alunas do CEF 213 de Santa Maria criam caixa robótica para ajudar colega Ana Vitória, que tem paralisia cerebral, a se comunicar Minervino Júnior/CB/D.A.Press
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    Alunas do CEF 213 de Santa Maria criam caixa robótica para ajudar colega Ana Vitória, que tem paralisia cerebral, a se comunicar Minervino Júnior/CB/D.A.Press
  • Rejane Soares, na foto com a filha Ana Vitória, que tem parfalisia cerebral. Alunas de robótica do CEF 213 de Santa Maria criaram uma caixa robótica para ajudá-la a se comunicar
    Rejane Soares, na foto com a filha Ana Vitória, que tem parfalisia cerebral. Alunas de robótica do CEF 213 de Santa Maria criaram uma caixa robótica para ajudá-la a se comunicar Minervino Júnior/CB/D.A.Press
  • Alunas do CEF 213 de Santa Maria criam caixa robótica para ajudar colega Ana Vitória, que tem paralisia cerebral, a se comunicar
    Alunas do CEF 213 de Santa Maria criam caixa robótica para ajudar colega Ana Vitória, que tem paralisia cerebral, a se comunicar Minervino Júnior/CB/D.A.Press

Parceria

O programa que permite a comunicação da aluna com os colegas é resultado da parceria do projeto escolar Roboticraft, da unidade de ensino de Santa Maria, e do grupo de Meninas e Mulheres no Instituto de Ciências Exatas (M²ICE), da Universidade de Brasília (UnB). O intuito dessa equipe é incentivar meninas e mulheres a se interessarem pelas ciências exatas e, consequentemente, promover uma presença delas nessa área do conhecimento.

Resultado

De acordo com o professor William, a adolescente se familiarizou rapidamente com o uso da caixa robótica, feito que também melhorou a aprendizagem de Ana. "Esse equipamento quebrou a barreira da comunicação que nós tínhamos. A partir desse momento, descobrimos o que ela pensava, e a Ana passou a ser ouvida", celebra Vieira.

A mãe da adolescente, Rejane Soares, 43 anos, está feliz e se emociona com a ajuda que o projeto proporciona. "É muito gratificante saber que os professores e os alunos se prontificaram para incluir a Ana em sala de aula, dar voz a ela, sou muito grata", enfatiza. Ela comenta o impacto que a iniciativa trouxe para vida da estudante. "Ana tem mais vontade de ir para escola. Em casa, ela conta como foi o dia. A felicidade dela é notória e ficamos mais felizes ainda", acrescenta.

A Voz da Ana ultrapassa a sala sala de aula. O diretor do CEF 213 de Santa Maria, Luciano Pereira, 45, ressalta a importância da iniciativa para incentivar outros estudantes e escolas a criarem projetos semelhantes. Existem plataformas mais avançadas no mercado, mas, o custo é maior, tornando-se inviável para uma escola pública. Além disso, o equipamento criado é mais simples de ser operado. "Acreditamos que qualquer inovação que possa promover a inclusão dos alunos é muito bem-vinda, até porque o grande desafio de todos os colegios é a promoção da inclusão", reflete Pereira.

 

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