Eu, Estudante

literatura

Livro infantojuvenil resgata histórias da construção de Brasília

Projeto voltado a crianças de 9 a 14 anos de escolas públicas dá voz a homens e mulheres envolvidos na construção da cidade. Obra conta com acessibilidade e será lançada nesta sexta-feira (21/6), no Espaço Cultural Renato Russo

Os arquitetos José Mauro Gabriel, Ricardo Costa e Sandra Ribeiro tiveram uma ideia inovadora: escrever um livro infantojuvenil contando a história da construção de Brasília. Quem Construiu Brasília? é voltado a crianças de 9 a 14 anos e se propõe a destacar o protagonismo de homens e mulheres na construção da capital por meio de personagens diversos, linguagem lúdica e ilustrações. 

O livro, editado graças ao apoio do Fundo de Apoio à Cultura (FAC), terá dois mil exemplares distribuídos em escolas públicas do Distrito Federal, incluindo audiolivro e versão em braile, além de recursos complementares em um blog. O lançamento será nesta sexta-feira (21/6), no Espaço Cultural Renato Russo.

A motivação dos autores surgiu durante a pandemia, período em que muitos alunos estavam desmotivados pelo isolamento social. Com isso, eles tiveram a ideia de trazer para o público jovem quem foram os trabalhadores envolvidos na construção de Brasília, pois poucos conhecem suas histórias. 

“Brasília é uma cidade modernista, tombada e muito conhecida pelos edifícios do Oscar Niemeyer e pelo projeto urbano do Lúcio Costa, mas pouca gente conhece os acampamentos pioneiros, a história dos trabalhadores que puseram a mão na massa, que construíram mesmo essa cidade. É muito importante a gente conhecer essas histórias para preservá-las”, explica Sandra Ribeiro. Ricardo Costa complementa: “Buscamos valorizar esses homens e mulheres que acabaram sendo esquecidos na história, por isso, trabalhamos em cima das suas vivências”.

A história começa com uma visita de alunos com a professora a uma exposição promovida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no Museu da República. No livro, as crianças ficam curiosas sobre os acampamentos pioneiros e são motivados pela professora a conhecer mais sobre eles: Vila Planalto, Candangolândia, Paranoá e Núcleo Bandeirante. Inspirada na obra, isso também ocorreu na vida real. 

Acessibilidade e inclusão

Além do livro, um blog com acesso gratuito será disponibilizado aos alunos por um período de dois anos, reunindo fotografias históricas, informações complementares sobre os acampamentos e edifícios, receitas típicas e jogos. “A gente conseguiu materiais muito ricos que não caberiam no livro, então pensamos no blog como um complemento a ele, que despertasse curiosidade na criança. Por meio de fotos de monumentos históricos, receitas e jogos para fixar os conhecimentos, trazemos a riqueza cultural que veio junto com os trabalhadores”, diz José Mauro Gabriel. No blog, também será possível fazer download do livro nas versões com audiodescrição e em braile, para alunos com deficiência visual.

Em conjunto com a acessibilidade, os autores buscam trabalhar a diversidade de vozes entre os personagens, evidenciando a importância da inclusão social. “Na história, os personagens que representam as crianças são variados. A gente procurou ter personagens brancos, negros, deficientes visuais e pessoas com deficiência de locomoção, para mostrar a importância da convivência e da inclusão social. Então, a diversidade contribui para um trabalho final juntos”, conta Sandra.

Homenagem

Para os arquitetos, a mensagem que desejam transmitir é uma homenagem aos protagonistas na construção de Brasília, para que as crianças tenham, no imaginário, a real história da cidade. “Esperamos que essa história não pare com o leitor, mas que as pessoas comentem e circulem essas ideias, que as escolas possam trabalhar essa temática com as crianças, para que cresçam sabendo a verdadeira história de Brasília”, compartilha Ricardo Costa.

*Estagiária sob a supervisão de Ana Sá