Preconceito

Escola do DF proíbe dança entre alunos do mesmo sexo em festa junina

Pedido ocorreu em documento interno do Colégio Militar Dom Pedro II; escola afirma que "nunca emitiu nenhuma diretriz discriminatória"

Camilla Germano
postado em 07/06/2024 12:13 / atualizado em 07/06/2024 14:59
Em nota, a escola afirmou que
Em nota, a escola afirmou que "não há vínculo entre nossas atividades e discriminação de qualquer ordem" - (crédito: Acácio Pinheiro / Agência Brasília.)

O Colégio Militar Dom Pedro II, de Brasília, também conhecido como Colégio Militar dos Bombeiros, proibiu que alunos do mesmo sexo dançassem juntos na festa junina prepara na instituição.

De acordo com o portal g1, a circular que foi publicada no circuito interno da escola afirmava que não seria "autorizado dança com alunos do mesmo sexo". Além disso, ainda contava com a recomendação de que "se na turma tiver casais do mesmo sexo fazer dança com coreografia solo na encenação". O documento foi assinado pelo centro de orientação e supervisão do ensino assistencial da escola.

  • Documento do Colégio Militar Dom Pedro II sobre parceiros do mesmo sexo na dança da festa junina
    Documento do Colégio Militar Dom Pedro II sobre parceiros do mesmo sexo na dança da festa junina Reprodução/g1

Em nota encaminhada ao Correio, o colégio afirmou que se surpreendeu com as notícias de possível discriminação na instituição. Eles afirmaram também que o "CMDP II nunca emitiu nenhuma diretriz discriminatória, fato que possuímos meio formal para informações à comunidade como a plataforma Escolaweb e nunca houve nenhum documento com tais orientações".

O colégio ressaltou ainda que "não houve formação completa de pares, tendo em vista que o número de alunos homens foi inferior ao número de alunas mulheres na respectiva série". (veja a íntegra da nota no fim da matéria). A escola encaminhou ainda uma imagem que mostra parte dos ensaios dos estudantes onde pode-se ver meninas dançando juntas. 

  • Imagem de ensaio para a festa junina do Colégio Militar Dom Pedro II, em Brasília
    Imagem de ensaio para a festa junina do Colégio Militar Dom Pedro II, em Brasília Divulgação/CMDP II

A situação chamou a atenção do deputado distrital Fábio Felix, que também é presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos, Cidadania e Legislação Participativa, da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF).

Para ele, a orientação do colégio é absurda e uma imposição preconceituosa, ridícula e retrógrada. "Vamos atuar através da Comissão de Direitos Humanos para que as e os estudantes possam aproveitar os festejos juninos com liberdade e respeito à diversidade", disse Fábio nas redes sociais.

A Defensoria Pública do Distrito Federal (DPDF) também se manifestou. Ao Correio, afirmou que os defensores públicos lotados nos Núcleos de Assistência Jurídica de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos (NDH) e da Infância e Juventude enviaram recomendação à direção do Colégio Militar Dom Pedro II para que sejam adotadas providências a fim de resolver a situação de forma extrajudicial.

Veja a íntegra da nota do Colégio Dom Pedro II

Nos surpreendem as notícias sobre uma possível discriminação no Colégio Militar Dom Pedro II, instituição que trabalha para eliminar qualquer discriminação entre seus quase 4.000 alunos.

Em relação às atividades culturais mencionadas, o CMDP II realiza eventos com a participação de todos os alunos, pais e colaboradores. Nos dias 8, 14 e 15 de junho, ocorrerá a tradicional "Festa das Regiões", que envolve mais de 12.000 pessoas e celebra a cultura das cinco regiões do Brasil.

Ressaltamos que a escolha das danças culturais foi feita pelos próprios alunos, com suporte do CMDP II, garantindo liberdade de escolha dentro dos princípios institucionais. A dança típica do forró, por exemplo, foi uma decisão dos alunos, destacando-se pela formação de pares e valorização da cultura nordestina. Ressaltando que não houve formação completa de pares, tendo em vista que o número de alunos homens foi inferior ao número de alunas mulheres na respectiva série. Uma realidade em que diante da situação as alunas que estavam desacompanhadas desenvolveram o treinamento da dança com outras alunas, sem problema algum. Tudo tendo em vista o escopo cultural e pedagógico do evento.

O CMDP II Nunca emitiu nenhuma diretriz discriminatória, fato que possuímos meio formal para informações à comunidade como a plataforma Escolaweb e nunca houve nenhum documento com tais orientações.

Os alunos menores do CMDP II, em desenvolvimento, são protegidos integralmente, respeitando as leis e regulamentos.

Destacamos o respeito, a liberdade, a família e a comunidade como valores essenciais. Não há vínculo entre nossas atividades e discriminação de qualquer ordem.

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