Racismo

Família de adolescente denuncia ataque racista em colégio particular da Asa Sul

Os pais da vítima relatam que não é a primeira vez que ela enfrenta racismo em escolas por onde passou e pedem mais rigor na punição

Isabela Stanga
postado em 28/05/2024 19:30 / atualizado em 28/05/2024 19:30
O Colégio Sigma informou que o estudante que proferiu as ofensas recebeu uma sanção disciplinar.
 -  (crédito: Reprodução/Unsplash)
O Colégio Sigma informou que o estudante que proferiu as ofensas recebeu uma sanção disciplinar. - (crédito: Reprodução/Unsplash)

A família de um adolescente de 14 anos denuncia um episódio de racismo cometido por outro aluno durante um jogo de futebol em um colégio particular localizado na Asa Sul. O crime ocorreu em 18 de março no Colégio Sigma, mas se repetiu no dia seguinte, quando a vítima foi novamente hostilizada e xingada na escola. Entre as ofensas, o adolescente ouviu agressões como "volta para a senzala" e "volta para a África", além de mais adjetivos racistas.

Ao Correio, o Colégio Sigma informou que o estudante que proferiu as ofensas recebeu uma sanção disciplinar e que o caso foi encaminhado ao Conselho Tutelar. Já os pais da vítima cobram mais rigor.

"Eu vi meu filho muito diferente, muito amuado. Ele então nos contou que vinha sofrendo ataques racistas", conta Luiz Cláudio Oliveira, pai do menino, ao Correio. A ação imediata dos pais foi procurar a diretoria do colégio, além de abrir um boletim de ocorrência na delegacia.

A resposta tomada pela escola foi dar três dias de suspensão ao agressor e fazê-lo escrever redações sobre a pauta antirracista, conta Sabryna Melo, mãe da vítima. O colégio alegou que era o que poderia ser feito de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente.

A vítima chegou a mudar de escola quando era mais nova, também por conta de ataques racistas. Desta vez, os pais não querem tomar a mesma atitude. "Meu filho não é o causador do problema, ele é a vítima. Não é ele quem precisa sair. Não vou separá-lo dos amigos e fazer uma ruptura na rotina por algo que ele sofreu", explica Sabryna.

Cobrado a se posicionar efetivamente contra o racismo, o colégio promoveu uma palestra antirracista. No entanto, o quórum foi baixo. "Se não conseguirmos mudar essa geração, não tem como acabar com o racismo. 500 anos já, quanto mais temos que aguentar?", indaga Luiz Cláudio.

"Quando você manda o meu filho ir para a senzala você açoita a família inteira. É doloroso, é de colocar o filho na cama e chorar depois", expõe Sabryna.

O Colégio Sigma, onde estuda o adolescente, foi procurado pelo Correio. Em nota, a instituição informou que tem compromisso com a educação antirracista. "Em relação ao episódio citado, o colégio informa que tem prestado todo o atendimento e acolhimento às famílias e aos alunos envolvidos. O estudante, que proferiu as ofensas, recebeu a sanção disciplinar. O caso foi encaminhado pela escola ao Conselho Tutelar".

O Correio também busca contato com a Secretaria de Educação do Distrito Federal em busca de um posicionamento sobre o caso. Em caso de respostas, a matéria será atualizada.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação