Alfabetização/DF

Alunos de Santa Maria e do Recanto das Emas superam média nacional em alfabetização

23 escolas dessas duas cidades passaram a aferir o desenvolvimento dos alunos regularmemte

Sofia Thomas
postado em 22/12/2023 13:51 / atualizado em 27/12/2023 18:07
Regionais de ensino do DF superam média brasileira e têm 74% das crianças alfabetizadas no 2º ano em 2023
 -  (crédito: Arquivo pessoal)
Regionais de ensino do DF superam média brasileira e têm 74% das crianças alfabetizadas no 2º ano em 2023 - (crédito: Arquivo pessoal)
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Doze escolas do Recanto das Emas e 11 escolas de Santa Maria passaram a aferir o desenvolvimento das crianças regularmente. Esse acompanhamento permitiu identificar lacunas e apoiar o processo de aprendizagem em cada escola, cada turma e cada aluno. Ao todo, foram beneficiadas mais de seis mil crianças nas duas regionais de ensino. Em Santa Maria, os resultados superam a média nacional: 76% das crianças do 2º ano encerraram o ano alfabetizadas. E em Recanto das Emas, 74% das crianças finalizaram o 2º ano em níveis adequados de alfabetização. Isso significa que leem com fluência, compreendem o que leem e escrevem corretamente.

O resultado foi conquistado a partir do Pacto pela Alfabetização, uma iniciativa colaborativa entre a sociedade civil e os municípios que está ancorada em três pilares: estruturação do ensino a partir das evidências científicas atuais, gestão da aprendizagem a partir de indicadores de resultados e mobilização comunitária de professores, diretores, coordenadores, pais e responsáveis para a importância da alfabetização na idade correta.

Na Escola Classe 404, do Recanto das Emas, e na Escola CEF 418, de Santa Maria, 100% dos estudantes que completaram o 2º ano registraram alfabetização completa. “O resultado é positivo, desde que o trabalho realizado seja integrado à realidade do aluno. É preciso contextualizar todas as situações para ter uma aprendizagem significativa para o aluno, assim como foi feito em nossa escola”, explica Diovana Soares, professora do 2º ano "A" da Escola Classe 404."Foi um trabalho difícil, porque nós viemos com crianças que fizeram parte da educação infantil, por meio do ensino a distância, devido à pandemia. Então, ver o resultado hoje com minha turma alfabetizada, estudantes com necessidades especiais alfabetizados, lendo, escrevendo, faz eu me sentir muito grata", relata Ana Cleia Cupsinski, professora do 1° ano "C" no CEF 418, em Santa Maria.

Para Jaqueline Machado, diretora-executiva do Instituto Raiar – organização sem fins lucrativos que apoia a implementação do Pacto nos municípios brasileiros –, os resultados demonstram como é possível desenvolver resoluções transformadoras em cenários complexos ao se colocar as crianças como protagonistas do processo de aprendizagem.“Em um país onde menos da metade das crianças está alfabetizada ao final do 2º ano, a conquista dessas regionais de ensino do Distrito Federal é muito significativa e deve inspirar outras redes do país a seguirem pelo mesmo caminho. Como sociedade, não podemos mais aceitar que a maioria das crianças chegue aos oito anos de idade sem saber ler”, afirma.  Ler e escrever na idade certa é um direito fundamental a ser garantido a todas as crianças, para que possam avançar na trajetória escolar. No Brasil, apenas 36% das crianças brasileiras sabem ler ao final do 2º ano, de acordo com o QEdu – plataforma de dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica. 

Pacto pela Alfabetização

O Pacto pela Alfabetização tem como objetivo alfabetizar as crianças no 1º ano e consolidar a alfabetização no 2º ano. A implantação do Pacto em Santa Maria e no Recanto das Emas está em consonância com  o Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, que visa elevar a qualidade da alfabetização, combater o analfabetismo e promover práticas de alfabetização mais eficazes, criando melhores condições para o ensino e a aprendizagem das habilidades de leitura e escrita em todo o país.

O programa ainda oferece formações aos professores, modelagem de gestão, qualificação dos processos de aprendizagem e incentivo à atuação em rede, com a união da comunidade escolar, pelo ideal de uma educação em constante melhoria. Em 2024, o Pacto pela Alfabetização estará em oito cidades, apoiando o desenvolvimento de mais de 50 mil crianças para a conquista da alfabetização e a promoção do direito de cada estudante à educação pública de qualidade.

  •  A professora Diovana Soares relata os resultados positivos obtidos
    A professora Diovana Soares relata os resultados positivos obtidos Foto: Arquivo pessoal
  • Professora se emociona ao ver alunos especiais alfabetizados já no 2° ano do ensino fundamental.
    Professora se emociona ao ver alunos especiais alfabetizados já no 2° ano do ensino fundamental. Foto: Arquivo pessoal
  • "Como sociedade, não podemos mais aceitar que a maioria das crianças cheguem aos oito anos de idade sem saber ler", Jaqueline Machado. Foto: Arquivo pessoal
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