Superação

Estudantes do DF conquistam 50 medalhas nas Paralimpíadas Escolares

Delegação com 101 integrantes representou o Distrito Federal na etapa nacional das Paralimpíadas Escolares, em São Paulo. Estudantes atletas trazem 50 medalhas e mostram que não há limites para quem se desafia

Luis Fellype Rodrigues*
postado em 05/12/2023 06:57 / atualizado em 05/12/2023 17:08
Kevyn Rocha foi medalhista em várias modalidades da natação  -  (crédito: Tainá Morais, Ascom/SEEDF   )
Kevyn Rocha foi medalhista em várias modalidades da natação - (crédito: Tainá Morais, Ascom/SEEDF )
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Terminou na sexta-feira (1º/12), em São Paulo, a etapa nacional das Paralimpíadas Escolares. O Distrito Federal levou para a competição uma delegação de 101 integrantes, dos quais 67 são estudantes atletas. Desses, 92% são da rede pública de ensino.

Foram oito modalidades esportivas disputadas, como atletismo, natação, tênis de mesa, goalball, judô, parabadminton, tênis em cadeira de roda e bocha. Além de buscar medalhas, o objetivo dos jovens foi superar limites. O DF figurou na 8ª colocação geral, com 50 medalhas. Foram 11 de ouro.

O chefe de delegação e coordenador dos participantes do DF, Wanderson Araújo, destaca que o brilho desse campeonato é a forma que ele agrega todos os níveis de competitividade, do iniciante àqueles competidores que representam o Brasil em grandes eventos esportivos.

"Para pessoas com deficiência, isso é muito importante. Esse é o momento em que vemos os meninos viajando sozinhos, e isso ajuda na independência, na autonomia. Muitas vezes, as pessoas com as mesmas condições não têm esse tipo de oportunidade. Quando olhamos para essa representatividade do DF, pensamos exatamente nisto: no avanço desse estudante de forma integral. Faz com que eles acreditem que não existem limites, como a sociedade impõe", pontuou.

No embarque para a capital paulista, as expectativas dos competidores foram as melhores possíveis. De acordo com Wanderson, o ano foi repleto de eventos, como as seletivas estadual e regional de qualificação para as Paralimpíadas Escolares. "Não foi algo que aconteceu de um dia para o outro. A equipe está preparada para competir, mesmo que eles não tragam medalhas, sabemos que será entregue tudo dentro da prova, pois criamos todos os meios para que isso seja possível", ressalta.

Além do pódio

Para o coordenador, o esporte é mais que ganhar medalhas. "É importante que mesmo aqueles que não tenham sido premiados com algo, continuem com esforço e o desenvolvimento pessoal. Buscamos formar atletas comprometidos em superar obstáculos, seja da acessibilidade, dificuldades motoras e intelectual, está aqui para eles é muito benéfico", salienta.

Três atletas que foram para a competição são representantes do clube AEEP-DF Paraolímpicos DF. O professor e fundador do projeto, Gilvan Ferreira, contou que os rapazes estavam muito ansiosos para a competição. "Dois deles nunca haviam viajado de avião. Para os garotos, isso é muito importante, principalmente pelo fato da inclusão social. A alegria no aeroporto no momento do embarque foi contagiante, eles tiveram a oportunidade de representar Brasília", descreveu.

O professor comenta que por mais que várias pessoas olhem para esses meninos de forma preconceituosa, ninguém sabe o real talento que eles têm. "Eles são talentosos na escola, no esporte e guerreiros na vida. Agora vão conhecer outro estado, outra cultura e uma outra estrutura. Isso é algo muito bacana dentro do esporte, faz com que eles se sintam incluídos e importantes".

Erika Amorim, mãe do atleta Samuel, de 13 anos, atual campeão da competição na modalidade 800 metros, relatou que está muito orgulhosa. "Ver meu filho superando seus obstáculos e mostrando que através do esporte é capaz de ir longe sendo uma criança com necessidades especiais é muito gratificante", destacou. Para ela, é através desses eventos que seu filho mostra força e capacidade de alcançar metas. "Ele ama viajar e ficar com os colegas. Costuma voltar todo animado contando tudo sobre a viagem. Se fosse decisão do Samuel, ele nem voltava", contou.

Segundo ela, o esporte ajuda seu filho a ser uma criança extrovertida, brincalhona, por isso ele não possui dificuldades em se socializar. "As competições também são importantes nesse aspectos, é nesses ambientes em que ele faz novas amizades e isso é usado como ferramenta para superar os obstáculos e empecilhos", expõe. Após chegar das viagens, o garoto costuma assistir todos os vídeos de suas provas.

Samuel, por sua vez, comenta que este campeonato foi mais difícil, pois ele tinha ganho as três provas que participou no ano passado. Nesta edição conseguiu ficou no pódio em apenas uma delas. "Os atletas eram muito fortes. Mas eu achei muito legal. Foi um momento em que eu estava com outros professores, com alguns amigos que fizeram a primeira viagem. Eu gosto muito desses momentos", finaliza.

Com o objetivo de não deixar os jovens tensos com as provas, a organização proporciona momentos de distrações durante as viagens. Gabriel Zafra, 15, ouro nos 50m borboleta da natação, contou que todas as vezes que vai a São Paulo, fica fascinado com a cidade. Praticar esporte lhe proporcionou vários benefícios, como saúde mental e física, sem contar a disciplina, resiliência, entre outras. "Eu sigo essa carreira por paixão, pois me oferece várias oportunidade de crescimento pessoal e profissional. Ter a oportunidade de ser melhor que ontem não tem preço", narra. Essa foi a última participação dele na competição, e está muito feliz sabendo que deixou tudo de si durante as idas e vindas. 

*Estagiário sob a supervisão de Patrick Selvatti

  • Mariany Silva e Luana Rosa garantiram lugar no pódio na bocha
    Mariany Silva e Luana Rosa garantiram lugar no pódio na bocha Tainá Morais, Ascom/SEEDF
  • Estudantes do DF se destacaram no goalball nas Paralimpíadas
    Estudantes do DF se destacaram no goalball nas Paralimpíadas Marcello Zambrana/CPB
  • Kevyn Rocha foi medalhista em várias modalidades da natação
    Kevyn Rocha foi medalhista em várias modalidades da natação Tainá Morais, Ascom/SEEDF
  • Atletismo foi uma das modalidades em que os brasilienses mais se destacaram
    Atletismo foi uma das modalidades em que os brasilienses mais se destacaram Tainá Morais, Ascom/SEEDF
  • Samuel Amorim, Alexandre Pereira e Diogo Oliveira (cadeirante) foram treinados pelo professor Gilvan Ferreira
    Samuel Amorim, Alexandre Pereira e Diogo Oliveira (cadeirante) foram treinados pelo professor Gilvan Ferreira Arquivo Pessoal
  • Momento do embarque da delegação para São Paulo
    Momento do embarque da delegação para São Paulo Divulgação/SEEDF

Medalhistas


Badminton — Feminino

Ouro

Maiara Almeida
Ana Beatrici Gonçalves


Badminton— Masculino

Ouro

Davi Cordeiro
David Souza e Evelyn Andrade

Prata

Luis Felipe Maia
David Souza

 

Bocha

Prata

Luanna Rosa

 

Bronze

Mariany Silva

 

Tênis de Mesa — Masculino

 

Prata

Eduardo Pereira

Bronze

Allan Pinheiro
Vinicius Honda

 

Tênis de Mesa — Feminino

Bronze

Amanda Pereira

 

Goalball — Masculino


Prata

Cauã Rodrigues, Gabriel Mendes e Kauã Mendes

 

Goalball —Feminino

Graziele Mendes, Kemilly dos Santos e Maria Gomes

 

Atletismo — Masculino

Ouro

Josepher Jesus (400m)
Wisley Mariano
Cleiton dos Santos
Gabriel Santos

Prata

Josepher Jesus (100m)
Ryan Pereira (150m)
Christopher Jesus (400m)
Samuel Amorim
Josepher Jesus (salto em distância)

Bronze

Ryan Pereira (60m)
Christopher Jesus (salto em distância)
Christopher Jesus (100m)

Atletismo — Feminino

Prata

Ana Julia Teixeira
Juliana Gomes

Bronze

Ana Luiza Silva
Ana Beatriz Nunes

Natação — Masculina

Ouro

Kevin Rocha (200m medley)
Gabriel Zafra (50m borboleta)
Kevin Rocha (100m borboleta)

Prata

Gabriel Zafra (200m medley)
Pedro Damasceno

Bronze

Luiz dos Santos

 

Natação — Feminina


Bronze

Daniela de Souza

 

 


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