As estudantes Ana Melissa Moraes, 16 anos, e Gabriela Pinheiros Gonçalves, 17, vão representar o Distrito Federal no programa Jovens Embaixadores de 2024, nos Estados Unidos. A iniciativa foi criada pela Embaixada dos Estados Unidos no Brasil em 2003 e oferece a jovens da rede pública de ensino a oportunidade de fazer um intercâmbio de curta duração no país.
O programa tem como objetivo principal abrir novas fronteiras para os jovens selecionados, fortalecer redes de contato e aprimorar o uso da língua inglesa. A embaixada estadunidense realiza o processo seletivo anualmente entre os meses de maio e junho, escolhendo os candidatos por estado. Neste ano, foram 46 em todo país.
O intercâmbio vai acontecer entre 20 de janeiro e 4 de fevereiro de 2024. Após uma breve passagem pela capital, Washington, D.C, os alunos serão divididos em grupos menores e cada um seguirá para as cidades de Kalamazoo, Michigan; Pensacola, Florida; e Tulsa, Oklahoma.
Em Washington, os estudantes brasileiros participarão de várias atividades, como oficinas sobre liderança e empreendedorismo, projetos de impacto social, reuniões com representantes do governo, visitas a escolas da região e farão apresentações sobre o Brasil e seus estados. Depois disso, nos estados-anfitriões, serão hospedados por uma família voluntária e terão a oportunidade de vivenciar a cultura e o dia a dia dos americanos.
"Ser uma jovem embaixadora é uma oportunidade única na vida. Eu estarei representando meu país e o lugar onde eu nasci no exterior, então é uma grande responsabilidade. Esse programa trouxe inúmeras possibilidades para mim e transformou minha vida", afirma Ana Moraes, estudante do 2º ano do Ensino Médio no Centro de Ensino Médio Elefante Branco (CEMEB).
Moradora do Areal, filha de uma secretária e um microempreededor, Ana diz que nunca viveria essa oportunidade sem a ajuda do programa. "Eu não conseguiria ir para os EUA sem os Jovens Embaixadores. Agora, penso em tentar aplicar para alguma bolsa de intercâmbio quando eu entrar na faculdade".
Ana Melissa conta que é apaixonada pelo estudo de idiomas e atualmente estuda francês e japonês, mas sempre procura aperfeiçoar seu inglês. "Eu aprendi sozinha, comecei aprendendo ouvindo músicas em inglês quando era criança, depois assisti Gilmore Girls com minha irmã, daí eu comecei a assistir séries sozinha, como Suit, e aprendi lendo, ouvindo e vendo", comenta. Além do bom desempenho em línguas estrangeiras, a adolescente sempre mostrou interesse nos projetos sociais realizados na sua escola e pensa em cursar relações internacionais.
Liderança e voluntariado
Para que os estudantes tenham sua inscrição aprovada, é necessário que estudem na rede pública, tenham um histórico de liderança e façam parte de algum projeto social que promova mudanças positivas na sua instituição. "Queremos um embaixador que represente o lado bom do Brasil", enfatiza Luke Ortega, porta-voz do programa.
"Essa é uma iniciativa muito importante para nós, estudantes da rede pública de ensino. Nos permite ter acesso a algo tão distante como um intercâmbio, além de trazer um impacto para a sociedade como um todo", ressalta Gabriela Gonçalves, aluna do 3º ano do Centro de Ensino Médio 01 (CEM 01) do Guará, onde mora. A adolescente também é filha de profissionais liberais.
Além de compartilhar com a colega de bolsa a empolgação pela oportunidade de estudar fora, que não viria sem a seleção no programa, Gabriela pensa em cursar a mesma graduação que Ana. "Eu me interesso muito por assuntos relacionados à política e sociedade como um todo, pretendo seguir a carreira de diplomata." Gabriela é uma leitora nata e em seu tempo livre também atua como monitora de matemática na escola, voluntariado que garantiu sua vaga na seleção. "O projeto foi criado pela nossa professora de matemática, Telma Dourado, visando diminuir a defasagem de ensino na rede pública. A iniciativa foi muito importante principalmente durante a pandemia, quando os nossos recursos de ensino eram mais limitados ainda", relembra a aluna.
O programa de intercâmbio é patrocinado pela Embaixada e Consulados dos EUA no Brasil, conta com o apoio institucional do Conselho Nacional de Secretários de Educação (CONSED), Secretarias Estaduais de Educação e da rede de Espaços Americanos espalhados pelas mais diversas partes do país.
*Estagiária sob supervisão de Priscila Crispi.