Estudantes, mães, pais, responsáveis por alunos, professores efetivos e temporários, e servidores da Secretaria de Educação do DF foram às urnas, nesta quarta-feira (25/10), para escolher os novos diretores, vice-diretores e conselheiros escolares. O dia foi movimentado nas 702 unidades de ensino da rede pública que tiveram eleições.
- Enem 2023: como conferir os locais de provas
- Matrículas na rede pública do DF vão até dia 31; veja passo a passo
- Conheça as características de uma escola que respeita a neurodiversidade
Em uma das maiores unidades, com mais de dois mil alunos, o Centro Educacional (CED) 7 de Ceilândia — escola cívico-militar —, a comunidade escolar formou fila para participar. A estudante do 3º ano do ensino médio Emy Lis Fernandes, 17 anos, estava animada com o espírito de cidadania, pois viveu a experiência de votar nas eleições presidenciais de 2022. "Gosto de ler bastante as propostas, porque é um meio de tentar melhorar a escola. Tenho essa percepção de que para mudar, tenho que fazer alguma coisa", disse.
Entre os avanços que Emy espera dos candidatos, está a proximidade com os pedidos dos estudantes. "Entregaram folhetos mostrando as propostas. Achei bem interessante, porque quase ninguém se importa tanto em escolher o futuro da escola. A criação do grêmio estudantil, por exemplo, veio somente no fim do ano passado, mas pedíamos desde o início do ano letivo. Querendo ou não, é a nossa voz", exemplificou a estudante.
Professor de matemática da escola, Thiago dos Santos, 39, explica que os educadores orientaram os estudantes a analisarem as proposições dos candidatos e tomarem a decisão por conta própria, sem influência externa. "Eles compraram a ideia e teve muita gente votando e discutindo projetos", afirmou.
Para ele, o exercício do voto é importante para que os jovens saibam como se posicionarem em um país politicamente polarizado. "Essa é a chance de eles aprenderem um pouco dessa cidadania. Creio que vão continuar fazendo isso quando saírem daqui. O importante é que foram votar de forma espontânea", avaliou Thiago.
Organização
No Centro de Ensino Médio (CEM) Setor Leste, na 611/612 Sul, mais de 1,7 mil alunos se envolveram na eleição. Para garantir a organização, uma turma por vez foi à biblioteca — onde foi montado o local de votação — da escola para não causar aglomeração.
O estudante do 3º ano do ensino médio João Pedro Ramos, 18, foi um dos que votou cedo com os colegas de turma. "A pessoa que escolhi para a direção foi a mais responsável possível. É importante no caso de apoio aos alunos que tenham problemas com professores ou colegas de sala", destacou.
João considera que o direito de ir e vir e de ter opinião são os aspectos mais importantes na escola, que pode servir como exemplo a fim de formar pessoas que queiram atuar em gestão. "A democracia é essencial para formar novos líderes na política ou no ambiente educacional", comentou.
Coordenadora pedagógica do CEM Setor Leste, Rachel Otoni acompanha o pensamento do aluno. "A gente tem uma explosão de diversidade de classe, raça, etnia, religião e gênero, e é importante que a gente tenha pessoas que representem essa variedade de opiniões e de interesses", analisou.
Participação
Puderam votar estudantes a partir de 13 anos, professores temporários e efetivos, e demais servidores lotados nas escolas das carreiras magistério e assistência. Também estavam aptos mães, pais e responsáveis legais, mas foi computado apenas um voto que representasse a família, como fez o aposentado Demerval Cavalcante, 79. A neta estuda no 3º ano do ensino médio no CEM Setor Leste e costuma conversar com ele sobre as problemáticas da escola. "Ela é muito dispersa e as candidatas que escolhi são muito presentes, orientando minha neta", contou o morador da Asa Sul.
Antes de escolher os nomes, Demerval lembrou que a dedicação que a pessoa vai dar ao colégio é o principal ponto. "Não adianta votar em alguém que não tem dinâmica para elevar o nível do ensino. Estou sempre acompanhando e confio na minha candidata, que é fora de série", finalizou o aposentado.
Resultado
Os novos diretores, vice-diretores e conselheiros tomarão posse em 2 de janeiro de 2024 e permanecerão nos cargos até 31 de dezembro de 2027. A homologação dos vencedores, após o prazo de apresentação e análise de recurso, será divulgada em 4 de dezembro. Seis unidades escolares não tiveram chapa para diretor e vice-diretor e 49 ficaram sem candidatos ao conselho. Essas escolas terão novas eleições em até 180 dias a contar da data de votação.
A apuração começou após o encerramento das urnas. Até o fechamento desta reportagem, o processo eleitoral transcorreu normalmente, de acordo com a Secretaria de Educação.
Saiba Mais
-
Educação básica Lula envia PL de alteração do novo ensino médio ao Congresso
-
Educação básica Pesquisa mostra qualidade da educação infantil após Base Comum Curricular
-
Educação básica Alfabetização ainda é desafio no país; conheça pontos cruciais desse processo
-
Educação básica Escolas podem ser o berço de grandes talentos no esporte