Eu, Estudante

ESCOLHA A ESCOLA DO SEU FILHO

Saiba o que levar em consideração na hora de decidir mudar de escola

Optar por trocar de escola é sempre um desafio. Saiba o que levar em consideração e esteja preparado para conversar com o seu filho e envolvê-lo no processo

Desde o nascimento as crianças estão sujeitas à mudanças. Saem da barriga da mãe e vão para um mundo diferente. Depois, passam por vários saltos de desenvolvimento: aprendem a engatinhar, a andar, a falar. Também se adaptam à primeira escola e a outras inúmeras situações novas.

A adaptação a uma nova escola nem sempre é automática, e pode encontrar situações de desconforto, principalmente no início. O momento de trocar instituição de ensino pode ser delicado para a criança, pois implica mudanças e desafios ainda desconhecidos para os pequenos, que vivem a fase de desenvolvimento emocional e cognitivo. No entanto, é possível fazer essa transição de um modo mais harmonioso.

Waleska Gurgel e José Ernane de Castro, pais de Carolina, 6 anos, e Beatriz, 7, mudaram as filhas de escola em maio de 2023, durante o período letivo. A troca era o desejo da família havia um tempo, e a decisão veio depois de visitar várias instituições. "Queria uma escola que tivesse uma proposta pedagógica clara e em que nos sentíssemos acolhidos. A ideia era uma escola conteudista, mas que agregasse valor social", avalia Waleska.

"Nós fizemos questão de conhecer todo o corpo docente: conversamos com o diretor, os coordenadores, todos os professores e orientadores. Para nós, era importante estar por dentro da relação delas com a instituição", explica o pai.

Dulcineia Marques, mantenedora e fundadora do Galois, acrescenta que o engajamento dos pais é essencial nessa fase de transição. "Alguns podem ter mais facilidade; outros, menos. Mas apresentar o espaço e se mostrar disponível pode ajudar", diz. "Nós temos a preocupação de ter o olhar humano. Não adianta oferecer ao estudante conteúdo e ele não ter habilidades sociais e comunicativas para lidar com o mundo. Por isso, quando uma família chega, nós temos o cuidado de passar isso na recepção, de apresentar o nosso jeito de ensinar", completa.

Respeito

Os processos das crianças e adolescentes devem ser respeitados. Mudar, às vezes, é uma situação difícil até para os adultos. Profissionais da área pedagógica aconselham os pais a exporem as situações para os filhos e, de alguma forma, integrá-los à decisão.

"Os pais devem ter segurança e confiança na escola que escolheram. Ao demonstrar desconfiança ou medo, a criança sente, e o processo de adaptação se torna muito mais complicado e difícil. Conversar e explicar para a criança que ela vai mudar de escola e como as coisas vão acontecer ajuda nesse processo de adaptação", explica a psicoterapeuta Flávia Caetano.

"A primeira coisa que o pai tem que fazer é avaliar a própria criança: que tipo de escola eu quero para o meu filho? Que tipo de escola o meu filho precisa? E então ele tem que levantar as características do próprio filho e perceber também as características da escola que o filho precisa", destaca Tereza Pita, psicopedagoga e neuropsicóloga.

"Uma vez já escolhida a escola, é necessário fazer a adaptação da criança. Os pais podem levá-la para conhecer a escola antes, explicar toda a situação e dar suporte emocional. O primeiro momento pode ser de impacto, mas é necessário mostrar segurança", acrescenta Tereza Pita.

Atenção aos detalhes

"As crianças dão sinais. Mesmo aquelas que não falam, demonstram por meio de atitudes. A criança chora na hora de entrar? Até um certo ponto, é normal, pois esse momento de sair de perto dos pais é um pouco mais difícil. Mas, durante o dia, a criança brinca, se alimenta e não quer ir embora? É um sinal de que está tudo correndo bem! Caso seja possível, apareça na escola sem avisar, peça fotos da criança no decorrer do dia”, orienta Flávia Caetano.

Saber quando trocar o filho de escola é uma decisão sensível e variável. Sinais que podem indicar a necessidade de troca incluem insatisfação, problemas na adaptação da criança ou do adolescente, queda no desempenho acadêmico e condições financeiras. A opinião das crianças sobre a escola também é importante, especialmente se forem mais velhas e capazes de expressar suas preferências.

De acordo com Ana Paula Yazbek, mestre em educação pela USP e diretora do espaço Ekoa, é preciso analisar os prós e contras da instituição e ver se ainda faz sentido manter o estudante matriculado lá. “Também é necessário observar como a criança ou o jovem se mostra em relação à escola: se chega bem em casa, se demonstra positividade em relação à aprendizagem e socialização com os colegas”, aborda Ana Paula.

Com o término de alguns ciclos, como a passagem do ensino fundamental para o ensino médio, algumas famílias consideram mudar o método de ensino e, consequentemente, a instituição. Portanto, isso depende dos critérios familiares. “Sendo importante ressaltar que cuide para não ser uma mudança abrupta para o aluno”, conclui Yazbek.

Dicas valiosas

Veja 5 dicas para tornar o momento de mudança de escola mais fácil:

Conversa
Converse com o seu filho e avaliem juntos os motivos. Acolha o que ele sente, mostrando que mudanças como essa fazem parte da vida, mas que você estará ao seu lado para dar todo o suporte.

Visita
Envolva o aluno no processo de mudança. Discuta com ele as opções e leve para conhecer a instituição antes da decisão final. Assim, ele pode avaliar o novo ambiente e começar a estabelecer uma familiaridade com a equipe.

Acolhimento
Dê a perceber que compreende as inseguranças e tristezas do estudante, que entende que os amigos e os professores são pessoas importantes na vida dele.

Parceria
Durante a transição, busque se aproximar dos professores e saber como a adaptação está acontecendo. O feedback dos profissionais pode ser importante para entender pontos de atenção ou questões que vão tornar a integração do aluno ainda mais fácil.

Incentivo
Atividades fora da sala de aula são excelentes para engajar jovens e crianças de acordo com seus interesses e talentos. Incentive a participação. Em meio a isso, a criança tem a oportunidade de formar laços de amizade.