Aumento no número de disciplinas, pressão para escolher a carreira e chegada de vestibulares. Essas são algumas das principais questões com as quais estudantes se deparam no ensino médio. Mas, grandes responsabilidades também podem vir acompanhadas de possibilidades. Isso porque é nessa fase escolar que os alunos têm a oportunidade de aprimorar as habilidades e descobrir novas aptidões
Essa perspectiva é citada pelo professor de história do colégio Doppler, Guilherme Fonseca. Segundo ele, o ensino médio marca a transição do estudante para uma maturidade intelectual.
Aluna do 3º ano, Laura Lemos, 17 anos, afirma que a passagem de uma etapa escolar para outra é como um "choque de realidade", pois as responsabilidades aumentam. "Tem uma diferença grande entre gostar de alguma coisa e querer fazer isso para o resto da sua vida. Eu escolhi medicina, consigo me imaginar nessa carreira por muitos anos. Mas no começo foi muito complicado. É completamente normal não saber o que fazer. Mas na época eu me sentia muito pressionada", conta a estudante.
A mãe de Laura, Viviane Lemos, lembra que as conversas sobre os desafios da etapa escolar são diárias entre a família, pois, nesse período, o apoio é fundamental. "Acho que a cobrança vem muito mais dela com ela mesma. Como ela sempre foi boa aluna, se cobra muito, e o vestibular aflora isso. É uma fase em que eles têm de fazer escolhas", relata Viviane.
A estudante Laura destaca ainda que o ensino médio é também um período de despedida. "Amigos de infância e adolescência vão seguir seus próprios caminhos. Cada um vai escolher uma carreira, em lugares diferentes, faculdades distintas. Pensar que, a partir de agora, depois que eu sair do 3º ano, minha vida vai mudar completamente", reflete a jovem.
Tranquilidade
O professor Guilherme Fonseca frisa que uma das maneiras de tranquilizar os alunos em relação ao futuro é conversar sobre o fato de que as escolhas podem mudar ao longo da vida. "Cabe aos pais e à escola tentarem guiá-los de maneira mais tranquila nesse caminho, e mostrar que nem todas as decisões que temos nessa idade, principalmente aquelas voltadas a questões acadêmicas ou profissionais, são imutáveis. É importante dar essa tranquilidade para o estudante, para ele pensar com calma e buscar as afinidades", aconselha o professor de história.
Esse conselho também pode ser aplicado nos casos em que o aluno tem que escolher o itinerário formativo, que é formado por disciplinas, projetos, oficinas ou núcleos de estudo. Ter liberdade nessas escolhas pode contribuir para o desenvolvimento da autonomia, além de amenizar as pressões nos estudantes.
Segundo Rodrigo Machado, professor de química no colégio Doppler, esse momento é de testes e experimentação, e não de escolhas definitivas. "Trocar um itinerário por outro é saudável, esse é um período de descobertas. O estudante não tem que decidir sobre a vida dele, mas simplesmente analisar e ver o que ele gosta", recomenda o professor.
O estudante Lucas Mamede, 20 anos, terminou o ensino médio em 2020 e atualmente está realizando um cursinho preparatório no colégio. Antes de decidir que queria cursar medicina, o jovem vivenciou muitas dúvidas e incertezas em relação ao futuro.
Apesar das pressões internas e externas, Lucas conta que terminou o 3º ano sem saber o que queria fazer após o fim da etapa escolar. Ser acolhido em casa foi fundamental para que ele tivesse a segurança e tranquilidade de decidir o curso posteriormente. "Tive apoio dentro de casa", lembra o estudante.
A mãe de Lucas, Patrícia Mamede, ressalta que, embora cobrasse a disciplina do filho nos estudos, ela o deixou livre para escolher o que queria seguir, a fim de que as pressões inerentes à etapa escolar não fossem ainda mais intensificadas. "Do estudo eu não abro mão. Quando ele escolheu medicina, eu disse que seria um longo caminho, mas que iríamos em frente juntos", relata.