Investir em tecnologia é pouco para construir uma escola do futuro. A grande mudança está em repensar os modelos educacionais enraizados há séculos. A utilização das tecnologias digitais não se resume à instrução da utilização de ferramentas, mas ao desenvolvimento de competências para criação, seleção de recursos, processos e produtos que ajudem a resolver problemas do mundo real, vivenciados pelos estudantes ao longo da vida, sem perder de vista a ética, a responsabilidade e a cidadania.
O cenário de ensino está em constante evolução de processos e de métodos, que vêm transformando a maneira como ensinamos e como aprendemos. Por isso, a inteligência artificial na educação é um tema que vem ganhando espaço, e suas aplicações tornam-se cada vez mais populares também nesse setor.
A chamada IA pode ser usada para criar experiências de aprendizado personalizadas; programas que reforcem a capacidade dos professores e os ajudem a gerenciar suas cargas de trabalho; e para fornecer insights sobre como os alunos aprendem. Também está sendo usada para desenvolver novas ferramentas e tecnologias ligadas ao ensino.
Luciana Allan, cofundadora e diretora técnica do Instituto Crescer, avalia que combater a inteligência artificial seria uma luta inglória, mas é essencial manter a supervisão e estabelecer diretrizes para acompanhar e orientar os procedimentos. "Sempre defendi que a tecnologia faz parte da linguagem contemporânea, e é uma grande aliada do desenvolvimento de capacidades infantis e oportunidades de uma série de aprendizagens, mas também há vida lá fora. Os dois universos podem coexistir. Só é preciso equilíbrio e bom senso."
Atenção
Celulares, tablets, computadores e as inteligências generativas, como o ChatGPT e o Google Bard, não são vilões, mas a relação desses dispositivos com as crianças e os adolescentes precisa ser guiada e cuidada de perto. "É importante que os pais tenham um papel ativo na relação dos filhos com as novas tecnologias. Estreitar os laços familiares fora das telas é uma das saídas mais interessantes. Com ou sem telas, o que eles precisam é de tempo de qualidade", comenta a diretora.
Mesmo assim, inserir o conteúdo de inteligência artificial nas escolas é um trabalho à parte. Luciana entende que, para isso, é necessário mudar o mindset dos líderes escolares e docentes para reconhecer que a transformação tecnológica é uma realidade. "É necessário entender quem é o estudante que hoje frequenta a escola; como ele pensa, quais são seus interesses e como ele aprende; definir por que ensiná-lo e para quais oportunidades profissionais, pessoais e sociais esse ensino deve ser feito."
"Por meio das metodologias ativas, tais como aprendizagem baseada em problemas ou em boas perguntas, sala de aula invertida, gamificação, educação midiática e empreendedora, com apoio de tecnologias digitais de ponta disponíveis e lideradas por professores bem preparados para mediar boas reflexões e práticas, os estudantes são levados a desenvolver diversas competências relevantes à formação do indivíduo no século 21", demonstra a profissional.