Levantamento feito pelo Itaú Social e Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal avaliou a qualidade dos ambientes de aprendizagens nas creches e pré-escolas pela primeira vez desde a aprovação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), homologada em 2017.
As instituições avaliam a qualidade da educação infantil pós BNCC e demonstrou que em 92% das turmas observadas, as ações mais presentes e com maior qualidade são as que apresentam oportunidades de aprendizagens por meio de práticas como conversação, narração, argumentação e brincadeira com rimas.
- Visão do Correio: Um apelo antigo: melhorar a educação
- Dia do Professor: O poder de transformar vidas e contribuir para um mundo melhor
- Lula lembra importância da valorização do ensino e dos professores
A pesquisa é considerada a uma das maiores avaliações em âmbito nacional já realizada com este recorte da qualidade na Educação Infantil, onde foram analisadas 3.467 turmas de creches e pré-escolas, contemplando 1.807 unidades de ensino de todas as regiões do país.
Para a medição de qualidade dos ambientes de aprendizagens, foi levado em conta a escala da Escala de Avaliação de Ambientes de Aprendizagens Dedicados à Primeira Infância (EAPI), criada a partir de uma adaptação da metodologia Measuring Early Learning and Quality Outcomes (MELQO) para os parâmetros e orientações normativas da educação brasileira.
A pesquisa foi produzida pelo Itaú Social e pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal (FMCSV), em parceria com o Laboratório de Estudos e Pesquisas em Economia Social (LEPES) da Universidade de São Paulo, com apoio do Movimento Bem Maior.
Foi percebido pelos pesquisadores que os momentos de leitura de livros de história pelo professor aparecem como um destaque no que diz respeito à desigualdade de oportunidades. Em 27% das turmas, a prática é realizada no nível máximo de qualidade, enquanto em mais da metade delas (55%) isso sequer é observado.
Além disso, foi percebido que as práticas de aprendizagem com leitura e escrita e oportunidades relacionadas à participação das crianças na organização das atividades cotidianas não ocorreram em 39% e 49% das turmas, respectivamente.
A BNCC elenca seis campos de experiência para a criança: o conviver, o participar, o explorar, o expressar, o conhecer-se e o brincar.
Brincar para aprender
Os momentos de brincadeira livre não foram observados em 42% das turmas. Isso significa que a possibilidade de brincadeiras de forma autônoma e em espaços previamente organizados
pelos professores não foi ofertada a essas crianças. Quando isso ocorreu — em cerca de 19% — foi com liberdade restrita e em 17% sem o educador facilitar a atividade ou interagir com as crianças para ampliar as aprendizagens.
Foi notado então, que apenas em 22% das turmas essa chance de aprendizagem atinge seu objetivo de que as crianças tenham aprendizagens ampliadas ao tomar decisões, explorando seus próprios interesses de forma independente.
Para compreender o gráfico sobre o conjunto de itens denominados “oportunidades de aprendizagens que ampliem o repertório por meio do brincar” são pontuados da seguinte maneira:
Pensando no futuro
De acordo com o levantamento, é apontado a necessidade de investir no cotidiano da educação infantil em momentos diversificados e com mais intencionalidade pedagógica. Destacam-se as recomendações:
- Fortalecimento dos sistemas de garantia de qualidade;
- Fortalecimento das famílias como parceiras na educação infantil;
- Apoio à formação dos profissionais da educação infantil;
- Medição da qualidade da educação infantil com base em indicadores claros e confiáveis;
- Desenvolvimento de habilidades e certificação para os profissionais da educação infantil;
- Reavaliação da equipe de educação e cuidado infantil;
- Criação de espaços de intercâmbio para compartilhar experiências bem-sucedidas e lições
aprendidas.