Em um cenário global cada vez mais competitivo e dominado pela tecnologia, com o trabalho remoto formando equipes interdisciplinares espalhadas por diversos países, saber falar uma segunda língua é fundamental. O ensino bilíngue é caracterizado pela integração de um segundo idioma, além da língua nativa, a toda a grade curricular da instituição. Assim, em vez de ser trabalhado como um conteúdo com uma finalidade específica, o segundo idioma torna-se o meio pelo qual a instrução ocorre.
A preocupação crescente das famílias e a busca por educação de qualidade para crianças e adolescentes estão turbinando o segmento de escolas que se apresentam como bilíngues, com a promessa de uma educação em português e também em uma ou mais línguas estrangeiras — principalmente o inglês — desde a primeira infância.
"O mundo está cada vez mais globalizado, por isso, é importante que os estudantes e cidadãos do futuro estejam preparados para as vivências do dia a dia", avalia Nathalia Rocha, diretora pedagógica do colégio Sigma. "O ensino bilíngue ocorre dentro de uma janela de oportunidades de conteúdo dentro da sala de aula torna o conteúdo orgânico."
"Nosso maior objetivo é trabalhar a escrita, a escuta e a gramática em inglês, e criar um relatório estrangeiro também de conteúdos de outras disciplinas já abordadas em sala de aula", acrescenta Rocha.
A escola bilíngue é uma instituição de ensino regular que segue o currículo da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) nas duas línguas. Ela vai além de apenas introduzir o aluno na segunda língua, pois oferece imersão cultural e ambientação.
Em 2020, o Conselho Nacional de Educação (CNE) aprovou as Diretrizes Nacionais para a Educação Plurilíngue no Brasil. A partir disso, o que define uma escola bilíngue é ter um currículo único, integrado e ministrado em duas línguas de instrução. O foco do ensino é desenvolver competências e habilidades linguísticas e acadêmicas nas duas línguas.
A professora da Universidade de Brasília e orientadora do Programa de Pós-Graduação em Linguística Aplicada, Ana Emília Fajardo Turbin, explica que as diretrizes estão relacionadas ao cenário globalizado com base nas demandas de comunicação do mundo. "A educação bilíngue se apresenta de uma forma bastante vigorosa uma vez que a linguagem permite acesso ao conhecimento."
"A importância de ter essa educação integrada com outras línguas é o acesso a oportunidades, que se torna muito maior quando a criança, o adolescente, ou adulto se desenvolvem inseridos nessa educação", acrescenta a psicopedagoga Rayssa Azevedo.
"O inglês é aceito no mundo todo e por isso nossos estudantes podem ter a sensação de um mundo sem fronteiras, não só para viajar mas para construir um futuro internacional", avalia a Nathalia Rocha do Sigma.
De forma lúdica
Introduzir um novo idioma na primeira infância proporciona um conjunto de ganhos importantes para a vida das crianças. E essa introdução, segundo a especialista Rayssa Azevedo, pode e deve ser feita por meio da adoção de experiências lúdicas e adequadas a cada faixa etária. "Dentro de casa, os pais podem ajudar trazendo o vocabulário da rotina da criança, falando inglês e português com elas e tornando a língua não materna mais orgânica", acrescenta.
Estimular o bilinguismo em casa também é crucial. Escola e famílias devem trilhar juntas a consolidação da aprendizagem. Pais podem criar um ambiente propício por meio de atividades como leitura de livros em outro idioma, músicas, filmes e jogos. Conversar sobre temas diversos em ambas as línguas incentiva a prática contínua também. O uso prático da língua em situações cotidianas, como cozinhar ou brincar, solidifica a aprendizagem.
"Acredito que um dos melhores jeitos de aprender é por meio da música. A arte é uma grande incentivadora do processo de aprendizado e interesse na língua estrangeira, e isso é ainda mais significativo na infância", conclui Ana Emília Fajardo Turbin.