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Fim da agenda? Aplicativos nem sempre substituem registros no papel

Tecnologia chegou para valer às escolas, mas algumas ainda optam pela agenda física para compartilhar determinadas informações

Helena Dornelas
postado em 22/10/2023 05:55
Ana Paula Alvim considera o ‘momento da agenda’ necessário para os filhos gêmeos Felipe e Guilherme -  (crédito:  Ed Alves/CB/D.A Press)
Ana Paula Alvim considera o ‘momento da agenda’ necessário para os filhos gêmeos Felipe e Guilherme - (crédito: Ed Alves/CB/D.A Press)
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As tradicionais agendas de papel fazem parte do imaginário coletivo quando se fala de escola. Afinal, há décadas elas são amplamente adotadas pelos educadores, principalmente para a comunicação, sendo o grande elo entre escolas e famílias.

O universo digital, no entanto, tem mudado esse cenário. Seria o fim da agenda física nas escolas? No Colégio Ciman, que oferece educação infantil, ensino fundamental e ensino médio há 50 anos, as duas opções ainda são uma realidade. "Nós entendemos que quanto mais próxima essa interação entre família e escola, mais ganhos para o aluno, e esse processo de desenvolvimento vai desde a agenda física até os recursos tecnológicos", avalia o diretor da unidade Octogonal, Mark Mello, que trabalha na instituição há mais de 40 anos.

"A comunicação é essencial entre a escola e as famílias, por isso, nós sempre trazemos novos recursos para melhorar o diálogo com os pais e integrar o corpo docente", acrescenta Leonardo Eustáquio, diretor da unidade do Cruzeiro. "A construção pedagógica acontece desde o momento de escrever na agenda até a comunicação mais imediata com os pais por meio das redes", acrescenta o educador.

Diálogo direto

Mãe dos gêmeos Felipe e Guilherme, de 9 anos, Ana Paula Alvim, 45, considera o 'momento da agenda' necessário para os dois, que estão no 4º ano do ensino fundamental. "A comunicação tecnológica é legal pela dinamicidade. Por exemplo, eu recebo todo dia a rotina deles. É um jeito de me sentir mais próxima da realidade escolar", avalia. "Essa semana eu vi que eles tiveram português e, lá do meu trabalho, pude checar qual era o dever de casa. Assim, já falo para eles irem fazendo", acrescenta.

Entretanto, a mãe avalia que o ambiente digital não supre o momento familiar de olhar a agenda com os filhos. "Acho que nada supera a agenda de papel, pelo menos para o controle, não só pelo dever de casa ou pela circular, mas pela experiência."

  • Ana Paula Alvim considera o ‘momento da agenda’ necessário para os filhos gêmeos Felipe e Guilherme
    Ana Paula Alvim considera o ‘momento da agenda’ necessário para os filhos gêmeos Felipe e Guilherme Ed Alves/CB/D.A Press
  • Ana Paula Alvim considera o ‘momento da agenda’ necessário para os filhos gêmeos Felipe e Guilherme
    Ana Paula Alvim considera o ‘momento da agenda’ necessário para os filhos gêmeos Felipe e Guilherme Ed Alves/CB/DA.Press
  • Ana Paula Alvim considera o ‘momento da agenda’ necessário para os filhos gêmeos Felipe e Guilherme
    Ana Paula Alvim considera o ‘momento da agenda’ necessário para os filhos gêmeos Felipe e Guilherme Ed Alves/CB/DA.Press

Segundo o professor da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB) Gilberto Lacerda, utilizar a tecnologia pode ser um fator que agrega valor e consistência. "Ela traz para a escola um ar de modernidade e de contemporaneidade, mas não necessariamente avança na comunicação efetiva entre os pais e a escola", destaca. "A tecnologia pode criar possibilidades ou atrativos para que os pais se engajem na sua relação com a escola e tenham maior participação na vida escolar dos filhos", conclui o professor.

Herança da pandemia

A agenda era o lugar onde costumavam-se centralizar a troca de informações pedagógicas e de rotina dos estudantes, mediada pelos coordenadores e professores. Com a pandemia, as escolas e instituições precisaram mudar a forma de se comunicar não só com os pais, mas com os alunos também. Sites, aplicativos, sistemas Google ou Microsoft ganharam destaque no cotidiano escolar e passaram a ser a principal ou, até mesmo, a única maneira de interagir com os colégios. "Quando a pandemia começou, nós precisamos mudar uma série de situações e se intensificou a comunicação on-line", comenta Mark Mello. "Depois da pandemia, nós continuamos com essas ferramentas, mas voltamos a utilizar a agenda física para nos comunicar com as famílias de um jeito personalizado", relata o diretor.

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