Cinco alunas do Colégio Estadual Conselheiro Carrão, em Assaí (PR), conseguiram transformar óleo de cozinha em biodiesel. A criação das estudantes, que compõem um grupo de iniciação científica, será utilizada para abastecer ônibus escolares da cidade. O primeiro teste da substância teve êxito e foi capaz de fazer um dos ônibus municipais cumprir trajetos escolares por quase uma semana.
Em uma parceria com a Federal do Paraná (UFPR), Eduarda Pietra, Fabiane Hikari e Letícia Ayuimi, de 16 anos, junto a Eduarda Miura e Luiza Alves, de 17 anos, criaram a startup BIOSUN, a partir do projeto de iniciação científica 100% feminino com o objetivo de solucionar o problema da mobilidade urbana.
Segundo Matheus Rossi, professor de química e física e orientador do trabalho, o objetivo do projeto é organizar a produção do biocombustível dentro da escola, além de promover a criação de uma “linha verde” na cidade, com foco nas políticas públicas de mobilidade urbana e sustentabilidade.
"A ideia principal é que as linhas de ônibus escolar sejam abastecidas com biodiesel feito na escola. Ou seja, o aluno vai para escola com o combustível que ele fez durante as aulas de laboratório, durante as aulas de prática experimental", explica o docente.
Entenda como funciona o biodiesel
Rossi explica que o biodiesel é criado a partir de interações químicas com o óleo de cozinha. De acordo com o professor, a transformação do óleo de cozinha em biodiesel ocorre por meio de um processo chamado transesterificação, em que o óleo passa por uma filtragem para remover quaisquer resíduos sólidos.
Em seguida, o óleo é aquecido e misturado com um álcool e uma base forte. Essa reação química produz biodiesel e glicerol. Após a separação do biodiesel do glicerol, ele passa por quatro etapas de lavagem, para utilização.
“Utilizamos a estrutura do Laboratório da UFPR no polo de Jandaia do Sul, que proporcionou um ambiente adequado para a execução das etapas de produção, garantindo a segurança e eficácia do procedimento", conta o professor.
As estudantes querem desenvolver uma continuação do trabalho que direciona os resíduos da produção do biodiesel, com foco no reaproveitamento integral dos recursos.
"Estamos nesse momento de conseguir investimentos para criar um novo laboratório no colégio onde a gente possa trabalhar com segurança e eficiência nesse projeto", afirma o professor Matheus Rossi.